Audiência Pública debate implantação de embriões gerados para salvar vida do irmão

PL 7.880/17

Audiência Pública debate implantação de embriões gerados para salvar vida do irmão

Para presidente da Associação de Direito de Família e das Sucessões, Regina Beatriz Tavares da Silva, reprodução assistida precisa ser regulada em lei na sua totalidade.

domingo, 17 de novembro de 2019

No último dia 31 de outubro, a Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados promoveu audiência pública para discutir a implementação de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro para posterior tratamento de saúde, o chamado “bebê medicamento”.

A medida está prevista no PL 7.880/17 do deputado Carlos Bezerra. A proposta prevê a implantação de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro, cujo diagnóstico genético pré-implantacional demonstrar ausência de patologia geneticamente determinada, com intuito de doação de células ou tecidos para utilização terapêutica em irmão que a apresente, de acordo com as normas regulamentadoras.

A audiência pública teve o objetivo de debater as questões mais polêmicas sobre a seleção de embriões para o tratamento de doenças genéticas de irmãos. A reunião teve a participação de profissionais de diversas áreas de conhecimento, entre eles a presidente nacional da ADFAS - Associação de Direito de Família e das Sucessões, Regina Beatriz Tavares da Silva, pós-doutora em Biodireito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, que enfatizou a inviolabilidade e a dignidade da vida humana, inclusive da vida embrionária.

“Não se pode fazer uma afirmação absoluta de que embrião não tem vida, e que esta só existe após a implantação do embrião no ventre materno. Existem muitos aspectos a serem debatidos sobre a reprodução assistida, a criação de um ser perfeito para doar partes do corpo ao irmão, é apenas um deles. A reprodução assistida precisa ser regulada em lei na sua totalidade e com os limites necessários em preservação dos direitos fundamentais de todos os envolvidos na técnica”.

Arte imita a vida

O tema, já tratado no cinema no filme “Uma prova de amor” (2009), versa sobre questão extremamente polêmica que é a criação de um ser humano com o objetivo de salvar outro pré-existente. Na película citada, os pais de uma menina são informados que ela tem leucemia e possui poucos anos de vida. O médico da família sugere que eles gerem um filho de proveta para que seja um doador compatível com a filha. Assim, os pais, dispostos a tudo para salvá-la, aceitam a proposta. Nasce outra menina que logo ao nascer doa o sangue do cordão umbilical para a irmã.

Anos depois, os médicos decidem fazer um transplante de medula, e, aos 11 anos, a irmã concebida para salvar a mais velha precisa doar-lhe um rim. Cansada de tantos procedimentos a que tem de ser submetida, decide entrar na Justiça contra os pais, a fim de conseguir sua emancipação e não ter nunca mais de se sujeitar à retirada de partes de seu corpo em prol de transplantes para a irmã.

O filme destaca os sentimentos daquela pessoa que foi gerada não com o objetivo de ter uma vida plena, mas de servir e se submeter a cirurgias e a extirpação de partes de seu corpo para tratamento de seu irmão.

Segundo a ADFAS, a ficção não está longe da realidade brasileira. O tema, urgente e espinhoso, continuará sendo debatido no Congresso Nacional.

Fonte: Migalhas

 

Notícias

Som e imagem

  Hotéis e motéis não devem pagar por direitos autorais Por Everton José Rêgo Pacheco de Andrade   Por ser o direito autoral um conjunto de privilégios conferidos por lei a pessoa física ou jurídica criadora de obra intelectual, a utilização ou exploração de obras artísticas, literárias...

Só para maiores

  Juizados não podem julgar dano por cigarro Por Gabriela Rocha   Os Juizados Especiais não são competentes para julgar ações de indenização contra fabricantes de cigarro por danos causados pelo consumo do produto. Esse foi o entendimento adotado pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal...

Impedimento ético

Advogado não pode atuar em causa em que atuou a favor da parte contrária como estagiário  (14.04.11) Há impedimento ético de que qualquer advogado trabalhe no patrocínio de causa em que atuou a favor da parte contrária como estagiário. A decisão é do Órgão Especial do Conselho Federal da...

Seguradora deve indenizar suicídio cometido dentro do prazo de carência

13/04/2011 - 19h39 DECISÃO Seguradora deve indenizar suicídio cometido dentro do prazo de carência A Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu por 6 votos a 3 que em caso de suicídio cometido durante os dois primeiros anos de vigência do contrato de seguro de vida, período de...