Brasil deve passar a usar mais fontes de energias poluentes, diz relatório

Brasil deve passar a usar mais fontes de energias poluentes, diz relatório

21/09/2015 12h43  São Paulo
Daniel Mello - Repórter da Agência Brasil

O Brasil deve aumentar a participação de fontes poluentes na matriz energética nos próximos anos, segundo análise feita pelo World Resources Institue (WRI). A organização internacional de pesquisa sobre sustentabilidade divulgou hoje (21) o relatório Oportunidades e Desafios para Aumentar Sinergias entre as Políticas Climáticas e Energéticas no Brasil.

Segundo o documento, mais de 70% dos investimentos previstos para o setor de energia no país entre 2013 e 2022 devem ser feitos em fontes com altas emissões de gases de efeito estufa. “Em contraste com muitas das maiores economias emergentes, a matriz energética do Brasil está se tornando mais intensiva em carbono, não menos, por causa do aumento da dependência de combustíveis fósseis”, diz o texto. Ao todo, está estimada a alocação de US$ 500 bilhões no período.

A análise foi feita a partir das informações divulgadas pelo Ministério de Minas e Energia e pela Empresa de Pesquisa Energética. Assinam o relatório o professor do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo, Oswaldo Lucon, a coordenadora de projetos de clima no WRI Brasil, Viviane Romeiro, e a diretora do Open Climate Network,  Taryn Fransen.

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Ao longo dos anos, do Brasil conseguiu reduzir o desmatamento, diminuindo o impacto da mudança do uso da terra nas emissões de carbono. De 2005 a 2011, a poluição gerada dessa maneira caiu 74%, de acordo com os dados do Ministério da Ciência e Tecnologia citados no relatório. Por outro lado, as emissões do setor de energia cresceram 24% no mesmo período, após terem registrado aumento de 44% na década anterior (de 1995 a 2005).

Para reverter a tendência, os pesquisadores ressaltam a importância de aumentar a eficiência e buscar alternativas menos poluentes para o setor de transportes. “À exceção de algumas cidades, o Brasil tem oferecido poucos incentivos até agora para fazer mudanças em direção a modos de transporte mais eficientes, incluindo o transporte sobre trilhos e o BRT (Bus Rapid Transit). Uma série de reformas nos níveis federal, estadual e municipal, poderia ajudar a acelerar essa mudança”, destaca o texto.

Integrar e otimizar o transporte público pode, de acordo com o estudo, além de trazer benefícios na mitigação das mudanças climáticas, melhorar a qualidade de vida nas cidades. “Os benefícios de investir em transporte de massa de passageiros nos maiores centros urbanos incluem a redução da poluição do ar e melhora do trânsito”, destaca o documento. Entre as medidas nesse sentido é apontado o incentivo a transporte por trilhos, para reduzir o uso de carros em longas distâncias. Os pesquisadores também defendem que o governo federal, por meio do Ministério das Cidades, fomente a criação de planos locais de mobilidade, que prevejam ações para restringir o uso dos carros.

O investimento em geração de energia por meio de fontes limpas, como solar e eólica, é outro ponto abordado pelo relatório. De acordo com o documento, há grande espaço para expansão nessa área, inclusive na questão do desenvolvimento tecnológico. “Existem oportunidades significativas inexploradas pelo Brasil nesse campo: a alta incidência de raios solares, os custos declinantes e uma forte interação entre o setor de energia fotovoltaica [solar] e as indústrias de componentes eletrônicos, em relação ao valor agregado da cadeia”.

O Brasil está tentando costurar um acordo global para a 21ª Conferência do Clima (COP 21), que será realizada em dezembro próximo, em Paris. Segundo a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, o principal objetivo é garantir um compromisso entre os países para diminuir a emissão de gases de efeito estufa, reduzindo o aquecimento global e limitando o aumento da temperatura em 2ºC até 2100.

Edição: Graça Adjuto
Agência Brasil

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Ministra diz que Brasil está engajado em viabilizar acordo do clima em Paris

14/09/2015 22h10  Rio de Janeiro
Vladimir Platonow - Repórter da Agência Brasil

A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, debate a questão ecológica na Encíclica Louvado Sejas, do Papa Francisco, na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) (Fernando Frazão/Agência Brasil)

A ministra Izabella Teixeira debate a questão ecológica na Encíclica Louvado Sejas, do pPapa Francisco, na Pontifícia Universidade Católica do Rio de JaneiroFernando Frazão/Agência Brasil

O Brasil está na vanguarda para tentar costurar um acordo global da 21ª Conferência do Clima (COP 21), que será realizada em dezembro próximo, em Paris. O anúncio foi feito nesta segunda-feira (14) pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. O principal objetivo é garantir um novo acordo entre os países para diminuir a emissão de gases de efeito estufa, reduzindo o aquecimento global e limitando o aumento da temperatura em 2ºC até 2100.

De acordo com a ministra, que participou hoje de debate na Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-Rio) sobre a encíclica do papa Franciso sobre meio ambiente, o Brasil está engajado em viabilizar o acordo de Paris.

"Deveremos trabalhar soluções nessas negociações envolvendo três itens. O primeiro é a questão da diferenciação, como fazer para que todos os países possam convergir com o compromisso de aumento de até dois graus [Célsius] de temperatura neste século. O segundo diz respeito às soluções em relação a financiamentos. E o terceiro é podermos avançar em um debate sobre adaptação e esperamos que o Brasil possa lançar, até o fim do ano, para consulta, a proposta do Plano Nacional de Adaptação.”

A ministra destacou que o Brasil defenderá em Paris que o acordo deve ter, além de soluções financeiras e econômicas, uma proposta balanceada entre mitigação e adaptação. Segundo ela, o Brasil tem feito sua parte na redução das emissões de carbono e dos índices de desmatamento.

“O Brasil é o país que mais reduziu emissões e o desmatamento no planeta. Obviamente, temos o desafio de acabar com o desmatamento ilegal na Amazônia e de ampliar as redes de monitoramento nos demais biomas brasileiros, além de buscar uma política de restauração florestal. São desafios enormes, mas somos o país que está propondo isso em primeira mão.”

Reitor da PUC, padre Josafá Carlos de Siqueira participou do debate e disse que o principal da encíclica papal é o resgate da ecologia integral. “Aí está o ponto central. Se conseguirmos, enquanto sociedade, resgatar a dimensão da pluralidade humana será um grande trunfo. É aí que tem a tríplice relação: com o transcendente, com o outro e com a natureza. Com isso, combateremos o individualismo”, conclui padre Josafá.

Edição: Armando Cardoso
Agência Brasil

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