Brasil precisa avançar em práticas de transparência orçamentária

Entidades dizem que Brasil ocupa boa posição em ranking sobre transparência orçamentária, mas precisa avançar

12/03/2013 - 8h11
Economia
Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O Brasil está em boa posição, mas ainda precisa avançar em práticas de transparência orçamentária. É o que mostra o Índice de Orçamento Aberto 2012, divulgado hoje (14) pelo International Budget Partnership (IBP), pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) e pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase).

Dos 100 países pesquisados, 77 não cumprem normas básicas de transparência orçamentária. O Brasil ficou em 12º lugar no ranking dos países pesquisados pelos institutos. Apesar da posição, entre os anos de 2006 e 2012, período em que houve quatro edições do índice, o Brasil não entrou para a lista de países com maior transparência orçamentária, como a Noruega, Nova Zelândia, a Suécia, a França.

O assessor político do Inesc Lucídio Bicalho destacou que em uma escala de 0 a 100, a pontuação do Brasil é 73, enquanto a média dos países pesquisados é 43. “O Brasil tem posição boa em transparência orçamentária. O país está acima da média mundial, mas é preciso avançar”, disse.

Para Bicalho, na fase de tramitação do Orçamento no Congresso, deveria ser obrigatória, com  definição em lei, a realização de audiências públicas.

O assessor destacou ainda que é preciso melhorar a prestação de contas após a execução orçamentária de cada ano. “Quando fecha o ano, a prestação de contas é muito burocrática. Não existe diálogo mais próximo com a sociedade”, disse. Para ele, a divulgação da prestação de contas poderia ser feita em audiências públicas e coletivas de imprensa. Bicalho também defende que todo o processo de elaboração do Orçamento conte com participação popular, mas diz que ainda está em “amadurecimento” a forma como a sociedade pode participar desse processo.

O Inesc também sugere que, na Lei Orçamentária Anual, haja a previsão das receitas e das despesas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), especificando as subvenções do Tesouro Nacional a título de empréstimos, e seus impactos sobre as contas públicas.

Para o instituto, também é preciso detalhar a previsão de gastos com obras de infraestrutura financiadas com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FTGS) e administradas pela Caixa Econômica Federal. Também é necessária uma maior transparência da gestão dos recursos do Sistema S (Senai, Sesc, Sesi, Senac).

Outra sugestão é ampliar o debate do Congresso e do Tribunal de Contas da União com a sociedade sobre o desempenho das contas analisadas a cada ano.

O Índice de Orçamento Aberto é feito com base em questionário que reúne 125 questões, respondido por especialistas independentes, representantes da sociedade civil e membros da academia. O governo também pode comentar as respostas e, no caso de controvérsias, o IBP é o último a se posicionar.

De acordo com o Inesc, na pesquisa são usados critérios internacionalmente aceitos para avaliar a transparência orçamentária de cada país. A análise também traz uma lista de recomendações para que cada país consiga melhorar seu índice de transparência.

 

Edição: Juliana Andrade

Todo o conteúdo deste site está publicado sob a Licença Creative Commons Atribuição 3.0 Brasil. Para reproduzir as matérias é necessário apenas dar crédito à Agência Brasil

Agência Brasil
 

Notícias

Presunção de fraude não exclui distinção em revenda de bem penhorado

Casos excepcionais Presunção de fraude não exclui distinção em revenda de bem penhorado Paulo Batistella 25 de setembro de 2024, 12h49 Reconhecida a tese, o relator ponderou que, ainda assim, “em casos excepcionalíssimos, é necessário reconhecer a distinção (distinguishing) desse precedente...