Conselheiros temem esvaziamento do CNJ

Conselheiros temem esvaziamento do CNJ após decisão de Lewandowski

Publicado em: 05/11/2014

A principal insatisfação dos conselheiros é com a redução dos julgamentos. O CNJ julgava de 40 a 60 processos por sessão. A média caiu para 15 julgamentos.
Membros do Conselho Nacional de Justiça pretendem protocolar um ofício ao ministro Ricardo Lewandowski, presidente do CNJ, manifestando a preocupação do colegiado com o risco de esvaziamento do órgão.

A principal insatisfação dos conselheiros é com a redução dos julgamentos. O CNJ julgava de 40 a 60 processos por sessão. A média caiu para 15 julgamentos. Alega-se também que não tem havido discussões coletivas. Eles aguardam uma diretriz clara da presidência e temem uma transição demorada.

A iniciativa é institucional e não teria caráter de protesto. "A pretensão é aprimorar o sistema de julgamento de processos por meio eletrônico", diz o conselheiro Gilberto Martins.

Em agosto, ainda presidente interino, Lewandowski suspendeu liminarmente as sessões administrativas do colegiado. Inviabilizou a votação antecipada, quando os conselheiros colocavam no sistema eletrônico a intenção de voto, o que facilitava os julgamentos na sessão plenária do dia seguinte.

A AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros) alegou que essas "sessões secretas" violavam a ampla defesa. A chamada "pauta rápida" vinha sendo adotada desde a gestão do ministro Cezar Peluso. O fim dessa prática travou o CNJ. As sessões têm sido marcadas por julgamentos e debates prolongados.

Interlocutores de Lewandowski dizem que o presidente não concordava com o sistema da "pauta rápida", mas que o ministro e sua equipe estudam uma solução para agilizar o julgamento dos casos menos complexos.

Há outras queixas, como reclamações de conselheiros e advogados sobre as instalações do CNJ no novo prédio. Alega-se que a mudança foi feita por Lewandowski antes da conclusão das obras. Um portador de necessidades especiais registrou na Ouvidoria que não compareceu a uma audiência porque o elevador não estava funcionando.

Um ex-presidente do CNJ vê má vontade da atual administração. Ele prevê que o CNJ vai passar a "pão e água". Eliana Calmon recentemente disse que o CNJ sofreria um processo de declínio.

Segundo um ex-conselheiro, Lewandowski reproduz a visão dos tribunais estaduais, que pretendem manter autonomia em relação a um órgão central de planejamento do Judiciário. Ele lembra que Cezar Peluso, também oriundo do TJ-SP, esvaziou o conselho consultivo formado por Gilmar Mendes, que convidara especialistas para fazer pesquisas e propor medidas de aprimoramento do Judiciário.

Por problemas de espaço, a corregedoria nacional de Justiça está funcionando no Superior Tribunal de Justiça, longe do colegiado. Há expectativa sobre os efeitos da decisão da ministra Nancy Andrighi de delegar maior atuação às corregedorias dos tribunais e valorizar a conciliação. Vários juízes auxiliares não trabalham em regime de dedicação integral à corregedoria nacional.

Lewandowski estabeleceu regras mais rígidas para aprovação de viagens, embora esses gastos mostrem redução desde a gestão de Ayres Britto.

Em setembro, foi vetada publicamente a viagem do conselheiro Saulo Bahia para representar o Brasil num encontro sobre cooperação judiciária em Hong Kong, a convite do Itamarati, o que gerou constrangimento no colegiado. Lewandowski e Andrighi questionaram se a viagem traria benefício para o CNJ.

Nesta segunda-feira (3), o CNJ divulgou que o conselheiro Guilherme Calmon apresentaria em seminário estadual a atuação do grupo de trabalho sobre Cooperação Internacional do CNJ. Esse grupo encerrou as atividades em outubro.

O conselheiro Fabiano Silveira, representante do Senado, concorda com Lewandowski e diz que o CNJ precisava de "um freio de arrumação". Ele não fez parte do grupo que articulou a manifestação ao presidente. Mas admite que a pauta de julgamentos está atrasada e vem travando o CNJ.

"Temos que pensar numa pauta virtual, sobretudo para os julgamentos de menor complexidade. Precisamos recuperar os mecanismos de decisão mais céleres", afirma.

Silveira diz que essa é a compreensão de todos os conselheiros. E acredita que o presidente estuda reformar o sistema. Consultada na tarde desta segunda-feira (3), a assessoria de imprensa do STF informou que Lewandowski se encontrava em Portugal. O órgão não se manifestou
.

Fonte: Folha de S. Paulo
Extraído de Recivil

Notícias

Só para maiores

  Juizados não podem julgar dano por cigarro Por Gabriela Rocha   Os Juizados Especiais não são competentes para julgar ações de indenização contra fabricantes de cigarro por danos causados pelo consumo do produto. Esse foi o entendimento adotado pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal...

Impedimento ético

Advogado não pode atuar em causa em que atuou a favor da parte contrária como estagiário  (14.04.11) Há impedimento ético de que qualquer advogado trabalhe no patrocínio de causa em que atuou a favor da parte contrária como estagiário. A decisão é do Órgão Especial do Conselho Federal da...

Seguradora deve indenizar suicídio cometido dentro do prazo de carência

13/04/2011 - 19h39 DECISÃO Seguradora deve indenizar suicídio cometido dentro do prazo de carência A Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu por 6 votos a 3 que em caso de suicídio cometido durante os dois primeiros anos de vigência do contrato de seguro de vida, período de...

Confissão em flagrante com drogas não configura atenuante

Supremo Tribunal Federal Quarta-feira, 13 de abril de 2011 Confissão em flagrante com drogas não configura atenuante Em sessão extraordinária realizada na manhã desta quarta-feira (13), os ministros que compõem a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) negaram Habeas Corpus (HC) 101861...

Trânsito brasileiro mata quase 105 pessoas por dia

  Acidente com motorista bêbado é previsível Por Luiz Flávio Gomes     O trânsito brasileiro, um dos quatro mais violentos do mundo, continua massacrando seres humanos (em 2008, mais de 38 mil mortes). A sensação de impunidade é generalizada. Temos que mudar a legislação brasileira,...