Conselho Nacional de Educação mantém curso técnico em Serviços Jurídicos

Conselho Nacional de Educação mantém curso técnico em Serviços Jurídicos

Por Felipe Luchete

Em mais uma queda de braço com a Ordem dos Advogados do Brasil, o Conselho Nacional de Educação rejeitou pedido que tentava acabar com cursos técnicos em Serviços Jurídicos. A entidade queria excluir essa modalidade de um catálogo nacional editado pelo Ministério da Educação, porém o Conselho Pleno do CNE rejeitou os argumentos.

A OAB trava duas disputas com órgãos vinculados ao MEC: uma é sobre a formação de tecnólogos em Serviços Jurídicos, com diploma considerado de ensino superior, ainda sem definição (leia mais abaixo). A outra envolve aulas para preparar técnicos, com nível médio, incluídas no chamado Pronatec.

Em fevereiro, a Câmara de Educação Básica assinou parecer favorável a esse tipo de oferta em instituições de ensino. A Ordem recorreu ao Conselho Pleno, porém seus integrantes seguiram o voto da relatora, Aurina de Oliveira Santana, e rejeitaram os argumentos por unanimidade. A decisão é de agosto, mas só foi publicada nesta sexta-feira (29/9) no Diário Oficial da União.

O parecer ainda precisa passar por aval do ministro da Educação, Mendonça Filho. Apesar disso, cursos técnicos na área jurídica já são realidade no país: entre 2012 e 2015, mais de 13 mil pessoas se matricularam em 13 estados, sendo 4% na rede privada e 96% nas redes públicas, como o Centro Paula Souza, em São Paulo.

No parecer assinado em fevereiro, o conselheiro Rafael Lucchesi Ramacciotti defendeu a existência de “um novo perfil profissional”. Enquanto advogados peticionam em juízo, prestam assessoria jurídica e exercem advocacia empresarial, por exemplo, ele disse que auxiliares de serviços jurídicos seriam importantes para atuar como “coadjuvantes” em audiências; cumprir determinações legais e judiciais; gerenciar atividades técnico-administrativas de cartórios e delegacias; e organizar, expedir e registrar documentos.
OAB é contra formação de técnicos e de tecnólogos em Serviços Jurídicos.

Reprodução
 
Segundo o catálogo nacional de cursos técnicos do MEC, a área de Serviços Jurídicos deve ter 800 horas/aula e pode ter como campo de atuação escritórios de advocacia, escritórios de auditoria jurídica, setores de recursos humanos, departamentos administrativos de empresas privadas e de instituições públicas e cartórios.

A OAB reclama da iniciativa pelo menos desde 2015, por entender que a falta de um conselho de classe ou órgão regulador pode dar espaço para “atividades conflitantes com as exercidas pelos advogados, principalmente em circunstâncias de menor vulto, onde é dispensada inicialmente, pela legislação, a presença do advogado”.

Tecnólogo

Ainda está pendente o conflito sobre a formação de tecnólogos em Serviços Jurídicos, estes, sim, com nível superior. Em fevereiro, a Câmara de Educação Superior do CNE assinou parecer favorável, e o MEC acabou liberando o início das aulas em uma faculdade do Paraná.

Dias depois, Mendonça Filho recuou e suspendeu a autorização até que um grupo de trabalho discutisse o assunto, com 12 pessoas. O último encontro foi em agosto, mas até hoje não há manifestação oficial do ministério. Uma corrente defende a mudança da nomenclatura para curso superior em tecnologia de Gestão de Serviços Jurídicos Notariais.

Representantes da OAB encontraram-se com o ministro na terça-feira (26/9) e voltaram a se manifestar contra a preparação de tecnólogos, mesmo se o nome for alterado.

“Se é um curso tecnológico de formação para administração e gestão para escritórios e cartorários, a nomenclatura ‘serviços jurídicos’ dá a impressão de que a pessoa pode exercer atividades próprias do advogado ou do estagiário, que é a assessoria jurídica. Isso é absolutamente impróprio e induz os alunos ao erro, inclusive causando estragos ao estado democrático de direito”, afirma o vice-presidente do Conselho Federal, Luís Cláudio Chaves.

Já o secretário de Regulação e Supervisão da Educação Superior, Henrique Sartori de Almeida Prado, afirmou que os cursos não têm como objetivo confundir a atuação dos profissionais com os advogados ou estagiários de Direito, pois o foco é mais na área de administração e gestão

Assim como os cursos técnicos, já existem instituições de ensino dando aulas para tecnólogos no país. A ConJur identificou três, todas na modalidade a distância. “Bela carreira, com belas possibilidades de ganhos”, anuncia, por exemplo, o Centro Universitário Internacional (Uninter). Com informações da Assessoria de Imprensa da OAB.

Felipe Luchete é repórter da revista Consultor Jurídico.

Data: 02/10/2017 - 16:29:00   Fonte: Conjur
Extraído de Sinoreg/MG

Notícias

Planejamento sucessório: o risco da inércia da holding

Planejamento sucessório: o risco da inércia da holding No universo do planejamento sucessório, a ferramenta que certamente ganhou mais atenção nos últimos tempos foi a holding. Impulsionada pelas redes sociais e por um marketing sedutor, a holding tornou-se figurinha carimbada como um produto capaz...

Bloqueio de imóvel pela Justiça agora é seletivo: veja o que mudou

Bloqueio de imóvel pela Justiça agora é seletivo: veja o que mudou Novo sistema dos cartórios permite aos juízes escolher os bens de acordo com o valor para serem bloqueados, cobrindo apenas o valor da dívida Anna França 30/01/2025 15h00 • Atualizado 5 dias atrás O avanço da digitalização dos...

Extinção de processo por não recolhimento de custas exige citação da parte

Recurso especial Extinção de processo por não recolhimento de custas exige citação da parte 26 de janeiro de 2025, 9h52 O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte manteve a decisão de primeiro grau. Os autores, então, entraram com recurso especial alegando que deveriam ter sido intimados...