Economista afirma que produtores rurais são bons pagadores

09/08/2013 - 18h30 Comissões - Agricultura - Atualizado em 09/08/2013 - 19h14

Em debate na CRA, economista afirma que produtores rurais são bons pagadores

Laércio Franzon

Em audiência pública realizada pela Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) em Porto Alegre, nesta sexta-feira (9), o economista da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Antônio da Luz, tentou retirar dos produtores rurais o rótulo frequentemente a eles associado no Brasil de maus pagadores.

Baseando-se em dados do Banco Central, Antônio da Luz demonstrou que entre os empréstimos bancários, sejam destinados a pessoas físicas ou jurídicas, os financiamentos agrícolas são os que apresentam as menores taxas de inadimplência.

— Os produtores rurais são bons pagadores, em primeiro lugar porque a escolha é sempre estar em dia. O produtor precisa estar em dia, porque senão ele interrompe um ciclo que é curto entre pegar o dinheiro, plantar, colher e pagar. Porque logo ele precisa do dinheiro de novo — explicou.

Crédito rural privado

Em sua explanação, Antônio da Luz destacou o fato de a quase totalidade dos recursos destinados ao crédito rural no Brasil se originarem de economias privadas que são captadas pelos bancos e depositadas no Banco Central na forma de depósito compulsório.

Segundo ele, do montante de recursos que o governo federal anunciou, por exemplo, para o Plano Safra de 2011/2012, de cerca de R$ 107 bilhões, apenas R$ 3,6  bilhões originaram-se efetivamente de suas receitas. Ele observou que somente as receitas tributárias que o governo obtém do custo de produção de soja, milho, trigo e arroz no Rio Grande do Sul, totalizam mais de R$ 3 bilhões, valor suficiente para cobrir todo o efetivamente desembolsado pelo Tesouro Nacional no financiamento da atividade agropecuária no país em 2012.

Auditoria TCU

Durante a audiência pública, após ouvir as reivindicações de representantes de agricultores de seu estado, a senadora Ana Amélia (PP-RS), que presidiu a reunião,comunicou aos presentes que o Tribunal de Contas da União (TCU), deverá concluir, já no mês de outubro, uma revisão dos contratos de financiamentos agrícolas em situação de inadimplência no Rio Grande do Sul.

A finalidade da auditoria do TCU — encomendada pela Associação de Produtores de Soja do Rio Grande do Sul (Aprosoja) — é averiguar a ocorrência de possíveis abusos pelos bancos na cobrança de juros e outras taxas na correção dos saldos devedores dos contratos em atraso.

Juros subsidiados

Entre as reivindicações dos agricultores gaúchos, listadas pelo presidente da Aprosoja, Irineu Orth, durante a audiência pública, está o oferecimento pelos bancos credores da possibilidade de renegociação de contratos inadimplentes mediante a aplicação de taxas de juros subsidiadas e com prazos longos, acima de 20 anos.

Preços de insumos

Irineu Orth considerou também fundamental o estabelecimento de um mecanismo pelo governo federal que evite a elevação especulativa de preços de insumos utilizados na produção agrícola — tais como fertilizantes, defensivos e sementes — em razão da valorização sazonal das cotações internacionais de determinadas commodities como é o caso, por exemplo, da soja.

Márcio Langer, da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul, reclamou das dificuldades de operacionalização pelos bancos tanto de renegociações de dívidas quanto da concessão de novos empréstimos. Segundo ele, os bancos de fábricas de equipamentos agrícolas, como tratores e colheitadeiras, são os que oferecem atendimento de pior qualidade no caso de propostas de renegociações.

Logística

Henrique Dornelles, presidente da Federação dos Produtores de Arroz do Rio Grande do Sul (Federarroz), reclamou da falta de uma estrutura logística adequada de transportes no país. Segundo ele, no caso da rizicultura, esse é um gargalo importante que obstaculiza o desenvolvimento da atividade.

Semana da Dependência

Ao final da audiência pública, Glauco Mascarenhas, pecuarista de Dourados (MS), concitou os produtores gaúchos a aderirem ao movimento "Semana da Dependência" criado em seu estado.
A campanha pretende ser um boicote do setor produtivo a ser realizado no mês de setembro, mediante a suspensão do fornecimentos aos consumidores de uma séries de produtos agrícolas. A finalidade do protesto será forçar o governo federal a reduzir os custos de produção e impedir a demarcação de terras indígenas
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Agência Senado

 

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