Herança digital e planejamento sucessório

Herança digital e planejamento sucessório

Luiz Gustavo de Oliveira Tosta

No universo digital, legado também se planeja. Influenciadores e profissionais de mídia precisam proteger sua herança online com estratégia jurídica e visão sucessória.

domingo, 6 de abril de 2025
Atualizado em 4 de abril de 2025 14:27

Herança digital e planejamento sucessório: por que profissionais de mídia e marketing precisam de um estrategista jurídico

A digitalização da vida alcançou o patrimônio. Influenciadores, produtores de conteúdo, profissionais de marketing e pessoas com forte presença online têm hoje um ativo valioso: sua imagem, audiência, contratos, senhas, plataformas, domínios e monetizações digitais.

Mas o que acontece com tudo isso quando o titular morre? E se ele for menor de idade? Quem administra, quem recebe, quem decide o futuro do legado digital

O caso Larissa Manoela escancarou uma realidade silenciosa: muitos jovens que trabalham desde cedo em redes sociais têm seu patrimônio administrado por pais despreparados ou com interesses conflitantes. Quando não há planejamento, a chance de prejuízos é enorme - inclusive no vínculo afetivo familiar.

A herança digital não é apenas uma questão de tecnologia

A herança digital compreende todos os bens e direitos de valor econômico (ou afetivo) existentes em ambiente digital. Isso inclui:

Monetização de redes sociais;
Plataformas com receitas recorrentes (YouTube, Instagram, TikTok);
Direitos sobre imagem, voz e nome digital;
Domínios e sites;
Contratos de publicidade e parcerias;
Criptomoedas e ativos digitais;
Conteúdos autorais armazenados na nuvem.

Na maioria das vezes, esses ativos estão em nome pessoal e não são formalizados em estruturas adequadas. Não raro, senhas e acessos ficam concentrados em uma única pessoa, sem nenhum protocolo sucessório.

Jovens talentos, patrimônio precoce, riscos familiares

A entrada cada vez mais cedo de jovens no mercado de mídia digital, somada à falta de experiência e autonomia, leva à transferência da gestão patrimonial aos pais ou responsáveis. Sem preparo jurídico e com possível confusão entre "ser pai" e "ser gestor", surgem conflitos, desvios e rupturas.

Planejar é essencial para evitar situações como:

Bloqueios de plataformas após a morte do titular;
Disputas entre herdeiros pelo acesso a monetizações e contratos;
Perda de conteúdo por falta de senhas e protocolo de gestão;
Dificuldade em comprovar propriedade sobre canais ou direitos autorais.

Contratos bem elaborados evitam litígios e prejuízos

Não basta deixar um testamento. É fundamental que o profissional de mídia tenha:

. Contratos de agenciamento e representação com previsão sucessória;
Procurações para emergências;
Definição de herdeiro digital ou administrador temporário;
Holding ou pessoa jurídica para formalizar o fluxo financeiro;
Planejamento tributário e patrimonial que contemple ativos digitais.

Aqui entra o papel do estrategista jurídico: um advogado que não só compreenda o Direito das Sucessões, mas tenha visão empresarial e sensibilidade para entender o universo digital e seus desafios.

Herança digital também é planejamento sucessório

Não podemos mais dissociar o mundo online da vida real. A herança digital é real, valiosa e, muitas vezes, mais lucrativa que o patrimônio físico. Por isso, precisa de previsão jurídica, proteção contratual e gestão profissional.

Um bom planejamento sucessório garante não só segurança financeira aos herdeiros, mas continuidade da marca, preservação da identidade digital e proteção emocional em momentos de vulnerabilidade.

O futuro é digital. A sucessão também precisa ser.

Luiz Gustavo de Oliveira Tosta
Tosta é sócio da Pons & Tosta, bacharel em Direito e especialista em Planejamento Patrimonial e Sucessório e Mediação. Atua como estrategista jurídico em sucessões complexas e mediações familiares.

Fonte: Migalhas

                                                                                                                            

 

Notícias

Recebimento do DPVAT exige efetivo envolvimento do veículo em acidente

24/02/2011 - 08h08 DECISÃO Recebimento do DPVAT exige efetivo envolvimento do veículo em acidente É indevida a indenização decorrente do seguro de danos pessoais causados por veículos automotores de via terrestre, o DPVAT, se o acidente ocorreu sem o envolvimento direto do veículo. A decisão é da...

Função delegada

  Vistoria veicular por entidade privada não é ilegal Por Paulo Euclides Marques   A vistoria de veículos terrestres é atividade regulada pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran), em atendimento ao disposto nos artigos 22, inciso III, e artigos 130 e 131 do Código de Trânsito...

Compreensão do processo

  Relações de trabalho exigem cuidado com contrato Por Rafael Cenamo Juqueira     O mercado de trabalho passou por determinadas alterações conceituais nos últimos anos, as quais exigiram do trabalhador uma grande mudança de pensamento e comportamento, notadamente quanto ao modo de...

Portal da Transparência

CNJ lança Portal da Transparência do Judiciário na internet Quinta, 20 de Janeiro de 2011     Informações sobre receitas e despesas do Poder Judiciário federal estão disponíveis no Portal da Transparência da Justiça (https://www.portaltransparencia.jus.br/despesas/), criado pelo Conselho...

Dentista reclama direito a aposentadoria especial

Quarta-feira, 19 de janeiro de 2011 Cirurgião dentista que atua no serviço público de MG reclama direito a aposentadoria especial Chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF) Reclamação (Rcl 11156) proposta pelo cirurgião dentista Evandro Brasil que solicita o direito de obter sua aposentadoria...

OAB ingressará com Adins no STF contra ex-governadores

OAB irá ao Supremo propor cassação de pensões para os ex-governadores Brasília, 17/01/2011 - O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Ophir Cavalcante, afirmou hoje (17) que a OAB ingressará com ações diretas de inconstitucionalidade (Adins) no Supremo Tribunal Federal contra todos...