Líderes se preocupam com perda de poder do Plenário na análise de MPs
21/06/2012 07:55
Em março deste ano, o Supremo Tribunal Federal tornou obrigatória a análise das MPs pelas comissões mistas, como prevê a Constituição. A mudança passou a valer a partir da MP 561/12, que trata de recursos para atingidos por enchentes, aprovada em Plenário na terça-feira (19). Antes disso, as MPs eram votadas diretamente no Plenário.
20/06/2012 18:49
Líderes se preocupam com perda de poder do Plenário na análise de MPs
Líderes partidários ainda não estão convictos sobre a eficácia e os benefícios do novo rito para a análise das medidas provisórias (MPs) no Congresso Nacional. Tanto na oposição quanto na base aliada, há o receio de o Plenário ter menos poder do que as comissões mistas que analisam as propostas.
Na terça-feira (19), o presidente da Câmara, Marco Maia, anunciou a interpretação da Mesa Diretora sobre o novo rito. A partir de agora, as MPs não poderão mais receber parecer do relator no Plenário. Vai valer o parecer aprovado com antecedência pela comissão mista de deputados e senadores que tem de analisar cada medida provisória.
Só vai haver duas possibilidades de mudar o parecer dessa comissão mista no Plenário: se os partidos apresentarem destaques para votação em separado (DVS) e por meio de emenda aglutinativa, que reúne as emendas apresentadas pelos deputados em uma só.
Em março deste ano, o Supremo Tribunal Federal tornou obrigatória a análise das MPs pelas comissões mistas, como prevê a Constituição. A mudança passou a valer a partir da MP 561/12, que trata de recursos para atingidos por enchentes, aprovada em Plenário na terça-feira (19). Antes disso, as MPs eram votadas diretamente no Plenário.
Consequências
O novo rito, anunciado por Marco Maia, poderá ser aplicado na semana que vem, na votação da MP 562/12. O líder da Minoria, deputado Antonio Carlos Mendes Thame (PSDB-SP), afirma que o ponto positivo é acabar com os "contrabandos", como são chamadas as mudanças incluídas de última hora nas MPs em Plenário.
"Hoje, o relator recebe uma medida provisória, por exemplo, que tem 10 incisos e transforma em 100 incisos, pondo coisas que não têm nada a ver com o assunto, e ainda manda o relatório em cima da hora para que a gente vote minutos antes da votação, sem analisar, sem se aprofundar no assunto. Uma verdadeira irresponsabilidade”, afirma Mendes Thame. “Felizmente essa fase acabou e começamos agora com, pelo menos, uma discussão maior", acrescenta.
Por outro lado, o líder da Minoria afirma que pode ocorrer um problema: o excesso de poder para a comissão mista. Ele destaca que os integrantes da comissão é que vão dizer se uma emenda pode ou não ser discutida no Plenário. Além disso, eles analisarão o mérito da medida provisória, definindo se ela é realmente urgente e relevante.
O líder do PT, deputado Jilmar Tatto (SP), também teme que a comissão mista fique mais poderosa do que o Plenário. Tatto acredita que deputados e senadores podem ter suas prerrogativas prejudicadas por serem impedidos de apresentar, em Plenário, novas emendas às MPs. "Isso tira, digamos, a autonomia do deputado, sua prerrogativa. Isso é um problema, porque é assim que está na Constituição, que o Plenário é soberano", diz.
Jilmar Tatto defende que os líderes partidários criem um grupo de trabalho para avaliar outra forma de tramitação das medidas provisórias.
Reportagem - Renata Tôrres/Rádio Câmara
Edição – Daniella Cronemberger
Agência Câmara de Notícias