Mais um obstáculo no combate à inflação

Alta no preço do etanol ameaça combate à inflação

10/07/2011 - 11h51
Economia
Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A alta nos preços do etanol nos últimos dias será mais um obstáculo que o governo terá de enfrentar no combate à inflação. Economistas ouvidos pela Agência Brasil descartam o risco imediato de descontrole dos preços, mas advertem que o encarecimento do combustível exigirá cuidados adicionais da equipe econômica para que a inflação termine o ano abaixo do teto da meta, que é 6,5%.

Para o ex-presidente do Banco Central e diretor do Centro de Economia Mundial da Fundação Getulio Vargas (FGV), Carlos Langoni, ainda é cedo para saber se a alta do etanol persistirá ou se é um fenômeno momentâneao. “Apesar de ser misturado à gasolina, o etanol não tem o mesmo peso que os demais combustíveis na formação dos preços”, avaliou.

Langoni, no entanto, acredita que a trégua nos preços dos alimentos, da energia e dos combustíveis, que tem contribuído para a queda da inflação nos últimos meses, não durará tanto quanto as autoridades estimam. Segundo ele, o Banco Central deverá prolongar o ciclo de juros elevados. “Acho que a Selic [taxa que indica os juros básicos da economia] subirá ainda mais nos próximos meses, até chegar a 13% ao ano”.

A economista-chefe do Royal Bank of Scotland, Zeina Latif, também acredita que a influência do reajuste do etanol sobre a inflação não será tão grande. “Os fretes são afetados pelo diesel e o impacto sobre a gasolina pode ser contido com a redução de etanol na mistura”, opinou. Apesar disso, ela disse que o aumento do combustível dificultará o retorno da inflação ao intervalo da meta.

Latif também acredita que a elevação dos índices de inflação por causa da alta do etanol pode contaminar as projeções dos analistas financeiros e exigir mais aumentos nos juros. “Dado o aquecimento da economia, qualquer aumento pode ter repercussão na cadeia, dadas as expectativas inflacionárias”, explicou. Para ela, o governo precisará contar com a ajuda do dólar barato e com a estabilidade nos preços dos alimentos para que a inflação termine 2011 dentro da meta.

O diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) Adriano Pires é menos otimista. De acordo com ele, os aumentos de preço do biocombustível em plena safra da cana-de-açúcar não é sazonal. “A alta é provocada pelo descompasso entre a oferta e a demanda do combustível. Nos últimos dois anos, a produção quase não cresceu, enquanto as vendas de carros cresceram 10% só no primeiro semestre [deste ano]”.

Na avaliação de Pires, os reajustes de preços continuarão até, pelo menos, 2013. No entanto, acredita que o aumento antecipado do etanol pode ter uma vantagem. “Em vez de o consumidor ser surpreendido por um reajuste no fim do ano, o impacto sobre os preços deve ser um pouco mais diluído na próxima entressafra”.

 

Edição: Vinicius Doria
Agência Brasil

 

Notícias

Contrato e pacto antenupcial pela perspectiva de gênero

Contrato e pacto antenupcial pela perspectiva de gênero Autor: Rodrigo da Cunha Pereira | Data de publicação: 16/12/2025 O Direito das Famílias e Sucessões está cada vez mais contratualizado. Isto é resultado da evolução e valorização da autonomia privada, que por sua vez, vem em consequência do...

Autocuratela o novo instrumento que redefine autonomia no futuro

Autocuratela o novo instrumento que redefine autonomia no futuro Marcia Pons e Luiz Gustavo Tosta Autocuratela, agora regulamentada pelo CNJ, permite que qualquer pessoa escolha seu curador antecipadamente, reforçando autonomia e prevenindo conflitos familiares. terça-feira, 9 de dezembro de...

Valor Investe: Seu imóvel vai ganhar um 'CPF': veja o que muda a partir de 2026

Valor Investe: Seu imóvel vai ganhar um 'CPF': veja o que muda a partir de 2026 Por Yasmim Tavares, Valor Investe — Rio 02/12/2025 06h30  Atualizado há 4 dias A implementação do CIB acontecerá de forma escalonada: capitais e grandes municípios terão até agosto de 2026 para atualizar seus...