Medicina de família como pré-requisito para residência médica divide opiniões

22/09/2015 - 11h30

Medicina de família como pré-requisito para residência médica divide opiniões

Exigência de formação em medicina de família como pré-requisito de acesso à residência médica é debatida em comissão

A medida prevista na lei do programa Mais Médicos (12.871/13), que instituiu, como pré-requisito de acesso à residência médica, a formação na medicina geral de família e comunidade após a graduação, divide opiniões em audiência pública que ocorre neste momento na Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara.

Proposta pelo governo e aprovada pelo Congresso em outubro de 2013, a lei prevê que essa formação dure um ou dois anos, dependendo da especialidade que o médico pretende seguir depois. Esse modelo vai ser instituído em 2019.

O presidente em exercício da Comissão Nacional de Residência Médica, do Ministério da Educação, Vinícius Ximenes, defendeu a medida. Segundo ele, essa preocupação do governo de fortalecer a medicina geral é uma preocupação mundial, e vários países implementam medidas parecidas como a prevista na Lei do Mais Médicos. Ele disse ainda que o médico pode optar por não fazer residência e, nesse caso, a formação na medicina geral de família não será obrigatória.

Para Ximenes, a exigência vai aumentar a formação de médicos de família e garantir que o futuro profissional tenha conhecimento da atenção básica de saúde, que abrange os problemas de saúde mais comuns entre a população brasileira. “Sistemas de saúde com poucos médicos de família tendem a ser sistemas desprotegidos. Eles tendem a uma irracionalidade no seu funcionamento e no seu financiamento. São sistemas caros”, ressaltou.

Hoje existem 6.532 programas de residência médica no Brasil. Destes, a maior parte é destinada a áreas básicas da saúde (como clínica geral e pediatria). Porém, segundo Vinícius Ximenes, há uma tendência no Brasil de redução de procura por programas de residência em especialidades básicas. Conforme ele, essa dificuldade de ocupação de especialidades médicas básicas e a instituição de uma medicina baseada em procedimentos seria uma tendência mundial.

Problemas atuais
O presidente da Associação Nacional de Médicos Residentes, Arthur Danila, acredita que a medida prevista na lei não valoriza a medicina de família e comunidade. “O médico vai ficar um ano só lá na medicina da comunidade. A população não vai ter a continuidade.” Ele destacou a necessidade de medidas que fixem o médico nos diferentes locais do País. Ele também criticou a lei, por criar novos serviços de residência médica quando “45% das vagas de residência médica no Brasil estão ociosas”.

Ele manifestou preocupação, ainda, com a abertura de novas residências médicas sem qualidade. “Precisamos olhar para o que está acontecendo na saúde pública do País antes de aumentá-la”, opinou. Ele pediu que seja garantido o auxílio moradia para o médico residente, já previsto em lei.

Para Danila, hoje a residência médica é prejudicada pela falta de preceptor (médico para receber o residente), já que não há remuneração para o cargo ou ela é insuficiente. Além disso, muitas vezes, esse preceptor não tem a qualificação adequada e não há um plano de carreira para estimular sua fixação. Danila defendeu um plano de carreira e valorização para preceptores e um plano de carreira nacional para médicos do Sistema Único de Saúde.

A audiência ocorre no plenário 7.

Mais informações a seguir.

Reportagem - Lara Haje
Edição - Marcia Becker
Agência Câmara Notícias

 

Notícias

Proteção dos alimentos: a inclusão dos avós na ação de alimentos

OPINIÃO Proteção dos alimentos: a inclusão dos avós na ação de alimentos Diego Ferreira da Silva Voloski 18 de junho de 2024, 19h43 A responsabilidade alimentar dos avós é subsidiária e complementar e só se configura na impossibilidade total ou parcial dos pais de cumprir com suas obrigações...

Nova lei limita liberdade de empresas para escolher foro de ações

LIBERDADE CONTRATUAL Nova lei limita liberdade de empresas para escolher foro de ações José Higídio 17 de junho de 2024, 7h44 O texto da lei diz que a escolha do foro precisa “guardar pertinência com o domicílio ou a residência de uma das partes ou com o local da obrigação” — exceto em contratos de...

Mães não precisam ser casadas para registro de filhos por fertilização

Mães não precisam ser casadas para registro de filhos por fertilização A juíza ressaltou a importância de suprir lacunas na legislação para garantir a proteção dos direitos das crianças e das genitoras. Da Redação quinta-feira, 13 de junho de 2024 Atualizado às 18:14 Não é necessário que genitoras...

Modificações no art. 63 do CPC via Lei 14.879/24: 6 pontos de preocupação

OPINIÃO Modificações no art. 63 do CPC via Lei 14.879/24: 6 pontos de preocupação Murilo Teixeira Avelino 11 de junho de 2024, 18h33 Com a alteração legislativa, a eleição de foro contratual ficou extremamente limitada: as partes só podem escolher, consensualmente, litigar perante os órgãos com...

Certidão com efeito de negativa prova quitação de dívida, decide TJ-DF

TUDO NOS CONFORMES Certidão com efeito de negativa prova quitação de dívida, decide TJ-DF 11 de junho de 2024, 7h51 Relator do agravo, o desembargador Robson Barbosa de Azevedo explicou que o artigo 192 do Código Tributário Nacional estabelece que o formal de partilha só pode ser expedido mediante...