Microfranquias se caracterizam pelo baixo investimento e pela baixa complexidade operacional
20/01/2011 14:08
Extraído de Revista INCorporativa
Em alta, microfranquias permitem à classe C abrir o próprio negócio
Modelo de negócio exige investimento inicial de no máximo R$ 50 mil.
19/01/2011
Em menos de dois anos, a enfermeira Elaine Cristina Barbosa Alves, de 32 anos, passou de assalariada, com renda média de R$ 1 mil, para empresária no ramo de cuidados especiais a idosos, com 35 funcionários, incluindo o próprio marido, e rendimento mensal de cerca de R$ 10 mil.
Ela virou a própria patroa após abrir uma microfranquia, modelo que exige investimento máximo de até R$ 50 mil e que já representa 10% do faturamento do setor de franchising no país.
“No início foi bastante difícil, tive que fazer muita panfletagem na rua, muito marketing de guerrilha, mas hoje já estou atendendo na base da indicação”, afirma Elaine, que é franqueada da Home Angels na cidade de Campinas (SP). Criada em 2007, a microfranquia funciona no modelo home-based (baseado em casa), sem necessidade de ponto comercial. A operação do negócio exige apenas um telefone e uma equipe mínima de funcionários.
A Associação Brasileira de Franchising (ABF) estima que já exista no país cerca de 2.500 franqueados de um total de mais de 50 marcas de microfranquias. “A fatia de participação delas no mercado de franquias deve chegar a 20% até o fim de 2011”, diz Ricardo Camargo, segundo o diretor-executivo da Associação Brasileira de Franchising.
O setor de franquias deve fechar o ano de 2010 com um faturamento de R$ 75 bilhões, um crescimento de 19% em relação a 2009. Para 2011, a previsão é de alta de 15%. Mas para os modelos de microfranquias, a estimativa é de crescimento acima de 20%.
"As microfranquias se caracterizam pelo baixo investimento e pela baixa complexidade operacional. Muitos dos negócios podem ser administrados de casa e não envolvem estoques, coleções, manipulação de produtos ou softwares complexos”, explica André Friedheim, sócio-diretor da Francap, empresa de consultoria na área de francising.
A maioria das microfranquias está ligada à prestação de serviços como reformas, jardinagem, reforço escolar, aulas particulares, fisioterapia, manutenção de computadores, tratamento de beleza e cuidado de idosos, crianças e animais, entre outros. Quando o negócio depende de um ponto comercial, geralmente o modelo é para espaços como quiosques, sem custo de luva.
Entre as vantagens, está a possibilidade de montar o negócio com capital próprio, sem necessidade de financiamento, o uso de uma marca que já está presente no mercado e a transferência de know-how para o gerenciamento do negócio. Dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) revelam que 80% das empresas fecham em até cinco anos após a inauguração. No caso das franquias, o número cai para 15%.
"Apesar da rigidez de algumas franquias, abrir um comércio de nome já conhecido e respeitado é muito mais seguro do que começar do zero”, destaca o diretor-executivo da ABF.
Ele afirma que o tempo médio de retorno do investimento na microfranquia é menor, entre 18 e 24 meses, contra uma média de 36 meses nos modelos tradicionais.
O alto custo era o principal impedimento para a entrada de mais empreendedores nesse mercado”, afirma Artur Hipólito, do Grupo Zaiom, pioneiro no setor de microfranquias no país e responsável pela operação de sete marcas com cerca de 400 franqueados. “Para 2011 a nossa meta é dobrar o número de franqueados”.
O investimento médio para abrir uma franquia do grupo costuma ser em torno de R$ 20 mil. O faturamento médio mensal costuma variar entre R$ 5 e 15 mil, com taxa de lucro entre 30 e 40%. “É um modelo de baixo risco e de rápida implantação. O franqueado consegue iniciar as operações entre 30 e 40 dias”, afirma Hipólito, dono das marcas Home Angels, Amigo Computador, Tutores, Dr. Faz Tudo e Dog Relax.
“É a porta de entrada mais fácil para se tornar um franquedo, aprender a trabalhar em rede, cumprir padrões de processo, conhecer esse mundo e depois se aventurar em operações de maior porte", avalia André Friedheim.
“O momento do país é excelente, o varejo está crescendo e há mais oferta de crédito. Portanto, as microfranquias são uma oportunidade até para essa nova classe C que sonha ter seu próprio negócio e virar patrão de si mesma”, completa o diretor da Francap.
Elevação da renda e da carga de trabalho
Além de representar a porta de entrada da classe C para o mundo do franchising e do empreendedorismo, as microfranquias criam em muitos casos um atalho para a elevação da renda do prestador de serviço.
“Os nossos franqueados costumam ter mais de 35 anos. São pessoas que querem sair do ambiente coorporativo e abrir o próprio negócio, e que querem elevar a renda numa área da qual já fazem parte ou têm afinidade”, afirma o dono do grupo Zaiom. “São pessoas que ganham entre dois e três mil reais que encontram na microfranquia uma chance de duplicar, triplicar os seus ganhos e mudar de vida”.
A franqueada Elaine conta que com ganho de renda já conseguiu comprar um apartamento e um carro zero. “Eu acho que já saí da classe C, já estou numa classe quase média alta”, diz. O crescimento do negócio permitiu convencer até o marido a abandonar o emprego de funcionário de escritório. “É ele quem cuida de todo o marketing e da divulgação do negócio. Agora ele é meu empregado”, brinca.
O sucesso no mundo das microfranquias, entretanto, exige planejamento, análise do mercado e da região de atuação, e escolha criteriosa do ramo de atividade. "O ponto de partido deve ser a afinidade com o negócio. Quem não gosta de trabalhar no fim de semana, por exemplo, deve pensar duas vezes antes de abrir um negócio em shopping ou ligado a alimentação", afirma André Friedheim.
Ricardo Camargo, da ABF, lembra que é indispensável também pesquisar a marca, o histórico da empresa e o grau de satisfação dos franqueados. “Isso é importante para avaliar se o negócio tem futuro e potencial de captura de cliente”, diz.
Nada é mais importante, no entanto, do que a presença do dono no negócio. “Na verdade, quem abre uma microfranquia está comprando um emprego”, resume Friedheim.
“Como diz o ditado, é o olho do dono que engorda o boi”, diz a empresária Elaine. “Passei a dormir com o celular do lado da cama para não deixar de atender nenhum cliente”. (Expresso MT)