Palestra sobre novos institutos do direito civil aborda desafios do Judiciário

9/08/2014 - 20:11
EVENTOS

Palestra sobre novos institutos do direito civil aborda desafios do Judiciário

O novo Código de Processo Civil (CPC), em discussão no Congresso, trará importantes mudanças no âmbito do direito privado brasileiro: novos acordos processuais, maior flexibilidade do procedimento, gestão do processo compartilhada pelo juiz e pelas partes, calendário processual e muitos outros institutos.

“Viveremos tempos interessantes. Espero que isso chegue logo no STJ e que possamos efetivamente ver uma modernização e um aumento da eficiência e da justiça, sem que se comprometa o valor maior que é a prestação jurisdicional”, disse o ministro Villas Bôas Cueva durante a palestra “Novos institutos de direito privado e respectiva proteção processual”, proferida no XI Seminário Ítalo-Ibero-Brasileiro de Estudos Jurídicos, que acontece no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

De acordo com o ministro, as novas tendências do processo no Brasil também são resultado da crise do Poder Judiciário, sobretudo da demanda crescente e da pequena quantidade de juízes – quase cem milhões de processos para 18 mil juízes.

Ele mencionou dois paradigmas que possivelmente serão rompidos com o novo CPC: o princípio do livre convencimento motivado, que, segundo Cueva, impedirá a proliferação de normas individuais concretas, e a índole pública do processo civil, que passa a ter um caráter privatista semelhante ao sistema adversarial do direito norte-americano.

Responsabilidade civil

Dentro do tema geral do evento, o ministro Paulo de Tarso Sanseverino tratou de um setor do direito privado que está em profunda transformação: a responsabilidade civil. Ele fez uma análise da regulamentação estabelecida pelo Código Civil de 2002 e da jurisprudência dos tribunais superiores, especialmente do STJ.

O ministro comentou que, embora o CC de 2002 tenha mantido a mesma estrutura do anterior, de 1916, as inovações foram feitas com uma técnica legislativa extremamente moderna – uma abertura semântica em vários momentos, a adoção de cláusulas gerais, a adoção de conceitos jurídicos indeterminados e aberturas feitas em determinados dispositivos legais.

“Essa técnica legislativa utilizada no novo Código Civil fornece ferramentas ao juiz exatamente para desvendar novos direitos e também para dar soluções aos novos problemas que têm surgido na sociedade contemporânea”, afirmou Sanseverino. Para o ministro, a velocidade dos fatos na nova sociedade é imensa, mas o Código Civil, com as ferramentas que possui, tem conseguido dar uma resposta adequada.

Desconsideração

“Todos nós, operadores do direito, conhecemos as agruras decorrentes da aplicação da desconsideração da personalidade jurídica”, disse o professor Bruno Dantas, ministro do Tribunal de Contas da União e membro da comissão que elaborou o anteprojeto do novo CPC. Ele ressaltou que o instituto tem uma disciplina muito bem delineada, tanto no CC quanto no Código de Defesa do Consumidor e no Código Tributário Nacional; contudo, não há nenhum procedimento descrito na legislação processual vigente.

O palestrante considera que essa ausência de regras procedimentais traz alguns problemas e algumas perplexidades, que, de certa forma, têm sido bem equacionadas pela jurisprudência. Apesar disso, mencionou que o posicionamento da comissão de juristas do novo CPC e o Congresso Nacional têm caminhado, em alguns pontos, de forma distinta do que vem sendo sedimentado pelo STJ.

“Que o novo CPC venha logo, que venha ainda este ano, porque trará uma inovação muito relevante para a aplicação e a efetivação dos direitos no Brasil”, torceu o professor.

 

Superior Tribunal de Justiça (STJ)

Notícias

Lei do Gás atrairá investidores

Extraído de Gás Brasil | 21/03/2011 | Regulamentação da Lei do Gás atrairá investidores Artigo de Márcio Monteiro Reis e Renato Otto Kloss. Após sucessivos adiamentos, foi editado no fim do ano, o Decreto federal 7.382/2010, que traz a regulamentação a Lei 11.909, mais conhecida como Lei do Gás,...

Bandeira branca

  OAB prepara a guerra, CNJ e STF ensaiam a paz Por Rodrigo Haidar   A Ordem dos Advogados do Brasil mirou no alvo errado e acertou o próprio pé. Na esteira do natural antagonismo entre o jovem Conselho Nacional de Justiça e o vetusto Supremo Tribunal Federal, que passaram a dividir um...

Caminho mais curto

  PEC sobre fim de ação em segundo grau é polêmica Por Marina Ito   Na segunda-feira (21/3), o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Cezar Peluso, vai apresentar, em um evento na FGV Direito Rio, uma Proposta de Emenda Constitucional para que os processos sejam finalizados e...

Igualdade das partes

Extraído de DPU Artigo: MP ao lado do juiz viola equidistância das partes  Por Eduardo Tergolina Teixeira, Gabriel Faria Oliveira e Vinícius Diniz Monteiro de Barros    A Constituição do Brasil, em seu artigo 5º, caput e incisos LIV e LV, estabelece a igualdade das partes no curso do...

Fiança questionada

  STJ mantém fiança de pessoa diversa do contratante A fiança feita por pessoa jurídica diferente daquela que celebrou o contrato principal, e que é juridicamente válida, deve ser mantida para não tornar o principal sem efeito. Esse foi o entendimento da 2ª Turma do Superior Tribunal de...

Diplomação deve incidir sobre suplente da coligação

Quinta-feira, 17 de março de 2011 Diplomação deve incidir sobre suplente da coligação, decide Lewandowski O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, indeferiu pedido de liminar apresentado por Wagner da Silva Guimarães, que pretendia assumir a cadeira do deputado federal Thiago...