Para economistas austeridade não é resposta à crise

01/06/2012 - 20h25 Mercosul - Atualizado em 01/06/2012 - 20h25

Para economistas, austeridade não é resposta à crise

Paulo Cezar Barreto

Em reunião da Representação Brasileira no Parlasul, nesta sexta-feira (1º), os professores de economia Décio Garcia Munhoz e João Sicsú discutiram os efeitos da crise mundial sobre a economia sul-americana e brasileira e cobraram medidas mais diretas do governo federal para estímulo da atividade econômica.

Munhoz e Sicsú opinaram que a crise europeia de 2011-2012 encontra o Brasil num cenário diferente do verificado em 2008, o que obriga o governo a rever suas medidas de combate à recessão, mas salientaram que pacotes de austeridade como os adotados na Europa “não levaram a lugar algum” e que os investimentos estatais são essenciais para garantir a recuperação econômica. Além de responderem às perguntas dos senadores Roberto Requião (PMDB-PR), presidente da comissão, e Ana Amélia (PP-RS), os debatedores também receberam perguntas e opiniões dos telespectadores e internautas.

O economista e professor da Universidade de Brasília (UnB) Décio Garcia Munhoz lembrou que a ideia da união latino-americana sofreu por muito tempo com a “ilusão” de seguir o exemplo da Europa, mas o Mercosul segue enfrentando a dificuldade de dar capacidade competitiva aos parceiros menores do grupo.

Décio Garcia Munhoz assinalou que entre 2003 e 2004 a China transformou a economia mundial, elevando sua demanda e trazendo à América do Sul uma espécie de “período áureo” – no entanto, os países da região seguiram imaginando que a boa fase era devida a políticas econômicas internas. Nesse período, o Brasil cresceu menos que os vizinhos, e a demanda da China não é mais a mesma.

- O Brasil chega numa situação de volta aos anos 90: câmbio valorizado e renda das famílias arrochada. Esse é o nosso quadro – afirmou.

Décio Garcia Munhoz defendeu a discussão de instrumentos de sustentação financeira para os países do Mercosul de modo a fortalecer a união dos países, e criticou políticas recessivas contra a crise. Uma grande preocupação do professor está na dificuldade de equilibrar estímulo ao consumo e taxa de inadimplência baixa.

O professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) João Sicsú definiu como preocupante a situação do Brasil diante da nova situação internacional. Conforme lembrou, na crise de 2008-2009 os empresários “puxaram o freio”, mas o governo federal adotou medidas capazes de atenuar a recessão (impulso no PAC, lançamento do Minha Casa Minha Vida). A crise começada em 2011, no entanto, teria encontrado o crescimento do Brasil em baixa – um mau desempenho que o professor atribuiu a motivos internos, não à crise internacional.

Sicsú opinou que a redução dos juros não será suficiente para reerguer a economia brasileira, e a ascensão social das famílias será mais lenta, o que obrigará o governo a ser mais incisivo.

- Essa situação de desânimo vai impor ao governo o desafio de elaboração de políticas que terão efeitos mais diretos. O governo terá que fazer estímulos diretos na economia. Não podemos criticar a política europeia e fazer algo semelhante ao que se faz na Europa.

Entre as medidas propostas por Sicsú, o governo deve reduzir o comprometimento da receita líquida dos estados com pagamento de dívidas à União. Décio Garcia Munhoz concordou, afirmando que é absurdo manter “uma dívida espúria em condições draconianas”. Ele criticou os governantes brasileiros que usam as dívidas como arma para submeter politicamente os entes federativos.

 

Agência Senado

 

Notícias

Cláusulas restritivas nas doações de imóveis

Cláusulas restritivas nas doações de imóveis Hainer Ribeiro O CC regula cláusulas restritivas como inalienabilidade, incomunicabilidade e impenhorabilidade, protegendo bens doados e limitando sua alienação. terça-feira, 19 de novembro de 2024 Atualizado em 18 de novembro de 2024 13:34 Cláusulas...

TRF-1 suspende leilão de imóvel por falha no procedimento de intimação

TEM QUE AVISAR TRF-1 suspende leilão de imóvel por falha no procedimento de intimação 18 de novembro de 2024, 12h31 O magistrado ainda apontou que não havia nenhum documento que demonstrasse que o credor tentou promover a intimação pessoal do recorrente por meio dos Correios, com aviso de...

Entenda PEC que quer o fim da escala de trabalho de 6x1

Trabalho Entenda PEC que quer o fim da escala de trabalho de 6x1 Texto foi proposto pela deputada Erika Hilton e depende do apoio de 171 parlamentares para ser analisada no Congresso. Da Redação segunda-feira, 11 de novembro de 2024 Atualizado às 12:07 Uma PEC - proposta de emenda à constituição...