Relatora amplia RDC para todas as licitações e contratos públicos

12/03/2014 - 16h32 Atualizado em 12/03/2014 - 19h25

Relatora amplia RDC para todas as licitações e contratos públicos

Atualmente, o Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC) é aplicado em obras da Copa do Mundo, das Olimpíadas e do PAC, entre outras. O texto original do governo da MP 630/13 previa que o regime fosse estendido apenas para empreendimentos do sistema prisional.

Gabriela Korossy/Câmara dos Deputados
Reunião para apreciação de relatório. Sen. Gleice Roffmann, relatora
Para Gleisi Hoffman, o regime diferenciado tem reduzido o custo das contratações: "agiliza o processo".

A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) leu nesta quarta-feira (12) seu relatório à Medida Provisória (MP) 630/13, que trata do Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC). O parecer de Gleisi estendeu o RDC para todas as licitações e contratos da União, estados e municípios. Esse regime prevê prazos mais curtos e procedimentos simplificados para a contratação de obras e serviços de engenharia pela administração pública.

A reunião da comissão mista que analisa o texto foi suspensa após pedido de vista coletivo. O debate será retomado às 14h30 da próxima terça-feira (18).

“Não parece razoável impedir, sem fundamento, o RDC”, disse Gleisi Hoffmann. O texto inicial enviado pelo governo previa que o RDC fosse ampliado apenas para obras do sistema prisional. A MP passa a trancar a pauta do Plenário da Câmara a partir de 20 de março.

Gleisi Hoffmann acolheu 4 das 30 emendas apresentadas para ampliar o alcance do regime. “Se nós experimentamos o RDC em 2012 e 2013 e ele está reduzindo tempo e custo das contratações, por que vamos sacrificar a administração e esperar uma discussão?”, questionou a relatora.

Descontrole
O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) criticou a ampliação do alcance do RDC. Ele lembrou que o regime, de início, era exclusivamente para garantir a execução mais rápida das obras da Copa do Mundo. “Agora, vai ficar tudo na decisão discricionária do administrador. Esqueça o controle no Brasil”, reclamou o parlamentar. Segundo ele, o RDC fragiliza a fiscalização das licitações e não há razões para ele ser estendido.

Arquivo/ Reinaldo Ferrigno
Onyx Lorenzoni
Onyx Lorenzoni criticou a ampliação do alcance do RDC: "vai ficar tudo na decisão discricionária do administrador".

“O RDC não fragiliza o processo, ele agiliza. Não há nenhuma fase do processo em que a ação dos órgãos de controle deixe de acontecer”, respondeu a senadora. Gleisi citou o tempo de execução de obras de duas estatais. As da Infraero feitas por concorrência, de acordo com as regras da Lei de Licitações (8.666/93), demoraram 135 dias; pelo RDC, 53 dias. Já o prazo das obras do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit) caiu quase pela metade, de 774 para 379 dias, informou Gleisi.

O deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP) mencionou matéria do jornal Valor Econômico para argumentar que o RDC não conseguiu diminuir muito o custo das licitações. “Já temos uma experimentação concreta para fazer essa avaliação mais rigorosa.” O jornal investigou 106 obras que utilizaram o regime e a economia ficou pouco acima de 5% do que seria se fossem seguidos os parâmetros da Lei de Licitações.

Para o deputado José Guimarães (PT-CE), o RDC tem reduzido os gastos com obras, que não estão sendo questionadas por órgãos de controle. “Não tem aditivo e não permite cartéis como na 8.666/93.”

RDC
O RDC, instituído pela Lei 12.462/11, foi criado para aplicação nos projetos ligados à Copa do Mundo deste ano e aos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro. Atualmente, o regime pode ser usado para licitações e contratos federais, inclusive convênios com estados e municípios, em obras e serviços:
- dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos;
- da Copa das Confederações e da Copa do Mundo;
- para aeroportos até 350 km distantes das cidades-sede;
- do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC);
- do Sistema Único de Saúde (SUS);
- dos sistemas públicos de ensino;
- da reforma, modernização, ampliação ou construção de unidades armazenadoras da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab); e
- de serviços no âmbito do Programa Nacional de Dragagem Portuária e Hidroviária.

Outras propostas
Com mais de 20 anos, a Lei de Licitações deve passar por uma atualização. Na Câmara, a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) analisa uma ampla revisão da norma (PL 1292/95 e apensados). Relator desses projetos, o deputado Fábio Trad (PMDB-MS) concorda que há muito a aperfeiçoar na legislação. Até o momento, ele apresentou três relatórios sobre mais de 200 propostas sobre o tema.

Já no Senado, uma comissão aprovou um relatório em dezembro de 2013 para englobar as regras do Pregão Eletrônico, da Lei de Licitações e do RDC em um só texto, seguindo as normas do novo regime, como a contratação integrada. O parecer virou uma proposta (PLS 559/13) que está para análise da Comissão de Serviços de Infraestrutura daquela Casa. “Estou adiantando o que o colegiado do Senado decidiu sobre o RDC”, afirmou Gleisi.

 

Reportagem – Tiago Miranda
Edição – Marcelo Oliveira

Agência Câmara Notícias

 

Notícias

Câmara derruba taxação de transmissão por herança de previdência privada

Derrota dos estados Câmara derruba taxação de transmissão por herança de previdência privada 30 de outubro de 2024, 21h22 A rejeição do Congresso Nacional em dispor no texto da lei sobre a incidência do ITCMD nos planos de VGBL é um bom indicativo de que a pretensão dos estados não deve ser...

Consequências da venda de lote desprovido de registro

Opinião Consequências da venda de lote desprovido de registro Gleydson K. L. Oliveira 28 de outubro de 2024, 9h24 Neste contexto, o Superior Tribunal de Justiça tem posição pacífica de que o contrato de compromisso de compra e venda de imóvel loteado sem o devido registro do loteamento é nulo de...

Juíza reconhece impenhorabilidade de imóvel de família em ação de cobrança

BEM PROTEGIDO Juíza reconhece impenhorabilidade de imóvel de família em ação de cobrança 18 de outubro de 2024, 15h54 No recurso, a embargante argumentou que o imóvel é utilizado como moradia pela sua família, o que o torna impenhorável conforme a Lei 8.009/1990, que protege este tipo de...