Segurança tecnológica deve ser priorizada em eventos, dizem autoridades
25/04/2012 15:51
Terrorismo
Legado
Integração
24/04/2012 14:37
Segurança tecnológica deve ser priorizada em eventos, dizem autoridades
Representantes de órgãos de inteligência federais se referem às ações de segurança que serão empregadas nos grandes eventos que ocorrerão no Brasil nesta década, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas.
Beto Oliveira
Palestrantes disseram que esquema de segurança dos eventos deixará legado para o País.
Representantes de forças de segurança e inteligência federais afirmaram hoje que ataques envolvendo tecnologia devem ser uma das maiores preocupações na segurança dos grandes eventos que ocorrerão no Brasil nesta década, como a Conferência Rio+20, a Copa do Mundo e as Olimpíadas.
Eles participaram de audiência pública para discutir as questões de segurança e defesa em relação a estes grandes eventos. A reunião está sendo realizada no âmbito da Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência do Congresso Nacional e das comissões de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara e do Senado.
Segundo o subchefe de Operações da Chefia de Preparo e Emprego do Ministério da Defesa, major-brigadeiro do ar Gerson Nogueira, apesar da preocupação da sociedade ser maior com atentados terroristas, outros perigos não podem ser descartados. “Um hacker entra no site da Gol, da TAM, da American Airlines e acaba com um grande evento”, afirmou. “Estamos trabalhando para combater esse tipo de crime que vai gerar um caos muito maior do que matar pessoas”, comparou ainda Nogueira. Segundo ele, mesmo um centro de controle pode ficar inútil se tiver seus sistemas de comunicação atacados.
O diretor do Departamento de Integração do Sistema Brasileiro de Inteligência da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Carlos Ataíde Trindade, afirmou que a Conferência Rio+20, sobre desenvolvimento sustentável, será um desafio por causa das “proporções gigantescas e grandes inovações tecnológicas”.
Segundo Ataíde, as ações de inteligência serão feitas a partir do padrão implementado nos Jogos Pan-Americanos que ocorreram no Rio de Janeiro em 2007. À época, foi usado um centro de inteligência integrado. “O Pan foi uma grande escola porque mostrou a necessidade imperiosa dos vários órgãos de segurança e inteligência trabalharem juntos”, afirmou.
Terrorismo
O consultor legislativo do Senado Joanisval Brito Gonçalves questionou a preparação das forças de segurança para combater possíveis atos terroristas. Segundo Gonçalves, organizações terroristas poderiam usar os grandes eventos no Brasil para dar mais visibilidade a suas causas. Ele foi um dos debatedores da audiência pública. “A imagem que fica de Munique é de um evento que deveria ser marcado pela alegria e foi de terror e incapacidade das autoridades públicas”, disse, ao lembrar as Olimpíadas na cidade alemã em 1972, em que 11 atletas israelenses foram mortos.
Os deputados Alfredo Sirkis (PV-RJ) e Jaqueline Roriz (PMN-DF) também demonstraram preocupação com possíveis atividades terroristas. Os representantes dos órgãos de segurança pública responderam que o governo está atento a possíveis atentados terroristas e que a segurança dos eventos será garantida.
Legado
Os participantes também ressaltaram a importância do legado que os grandes eventos deixarão para a segurança pública brasileira.
Na opinião do assessor de Relações Institucionais para Grandes Eventos do Ministério da Justiça, José Monteiro Neto, a estrutura de segurança pública montada deve ser deixada como um legado para o País no futuro. “Não pensar nas estruturas de inteligência adquiridas é desperdiçar o dinheiro público”, afirmou.
Gerson Nogueira concordou com Monteiro Neto e disse que, além da infraestrutura física, a capacitação dos servidores dos diversos órgãos de segurança e inteligência para os grandes eventos serão revertidos em benefício da população.
Integração
Para a presidente da Comissão Mista de Inteligência e da Comissão de Relações Exteriores, deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC), ainda há uma sobreposição de funções na área de inteligência e falta uma política nacional para o setor. “Temos uma debilidade na discussão de uma política nacional de inteligência que, na minha opinião, não existe”, afirmou.
Atualmente, o Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin), composto por 26 órgãos de 13 ministérios, é responsável pela gestão da inteligência do País e fica sob a coordenação da Abin.
A parlamentar afirmou ainda que a Jornada Mundial da Juventude, que acontece em julho de 2013, deve ser objeto de uma preocupação maior das autoridades, pois deve ser o evento com o maior número de participantes e é o menos abordado pela imprensa. A estimativa, segundo as autoridades de segurança presentes na audiência, é que o encontro conte com 3,5 milhões de participantes.
Reportagem – Tiago Miranda
Edição - Mariana Monteiro
Agência Câmara de Notícias