Uniões consensuais tomaram espaço dos casamentos
18/11/2011 14:28
QUESTIONAMENTO
SÓ UM MORADOR
Segundo Ana Lucia Saboia, do IBGE, o cenário em Porto Alegre assemelha-se ao encontrado em muitas cidades europeias e reflete, entre outros pontos, o envelhecimento da população.
Uniões informais já são mais de um terço do total no país
Sex, 18 de Novembro de 2011 09:26
Uniões consensuais tomaram espaço dos casamentos civis e religiosos e já somam 36,4% do total, segundo IBGE
Questionamento do modelo tradicional e praticidade são principais causas, afirma socióloga
Os casamentos civis e religiosos cederam espaço no país para as chamadas uniões consensuais, em que o casal não formaliza a relação.
Segundo dados do Censo divulgados ontem pelo IBGE, esse tipo de união já representava mais de um terço (36,4%) do total em 2010. Em 2000, equivalia a 28,6%.
No mesmo período, a parcela de casais unidos tanto no civil como no religioso caiu de 49,4% para 42,9%. Houve queda ainda entre aqueles casados em apenas um desses modelos.
Já a proporção de divorciados e desquitados foi de 5,3% para 8,1% da população.
"A queda no casamento civil e religioso] É um fenômeno que já tem pelo menos uns dez anos, em razão de comportamento, questões culturais, secularidade etc.", explica Luís Antônio Pinto de Oliveira, do IBGE.
"Mas, por outro lado, vêm aumentando as uniões consensuais e os recasamentos de desquitados e divorciados."
QUESTIONAMENTO
A socióloga Elisabete Bilac, do Núcleo de Estudos de População da Unicamp, explica que, historicamente, a prevalência de uniões informais no Brasil era relacionada à pobreza e à dificuldade de acesso a cartórios, fatores que dificultavam a formalização dos casamentos.
Mais recentemente, porém, o fenômeno passou a ocorrer também nos grandes centros urbanos e nas classes sociais mais elevadas.
"Está em curso um questionamento do casamento tradicional, ligado ao estilo de vida mais libertário das camadas mais escolarizadas", diz Bilac. "É um reflexo do fato de a vida hoje ser mais orientada por valores profanos, civis, do que por valores religiosos."
A praticidade é outro aspecto que contribui para a opção por uniões informais. Segundo a socióloga, é comum que pessoas que vivem uma segunda união conjugal optem por esse tipo de relacionamento.
Já entre os jovens, muitas vezes as uniões consensuais adquirem um caráter "experimental", podendo ser formalizadas após alguns anos.
Os dados do IBGE indicam, porém, que a dificuldade de acesso a cartórios continua sendo um fator importante para a falta de formalização.
Na região Norte, mais da metade (53%) das uniões são consensuais. No Sudeste, a taxa é de 31%.
SÓ UM MORADOR
O Censo também detectou que os domicílios com mais de um responsável correspondem a cerca de um terço do total. Também houve crescimento na proporção de lares chefiados por mulheres, que chegaram a 38,7%.
A pesquisa mostra ainda o aumento das residências com apenas um morador, que passaram de 8,6% em 2000 para 12,1% em 2010.
Os números, porém, escondem grandes diferenças regionais: enquanto em Teresina só 8,6% dos domicílios têm apenas um morador, em Porto Alegre são 21,6%.
Segundo Ana Lucia Saboia, do IBGE, o cenário em Porto Alegre assemelha-se ao encontrado em muitas cidades europeias e reflete, entre outros pontos, o envelhecimento da população.
Fonte: Folha de São Paulo
Extraído de AnoregBR