"Falta fiscalização sobre acessibilidade nas obras da Copa"

20/06/2012 19:53

Falta fiscalização sobre acessibilidade nas obras da Copa, diz conselheiro

Alexandra Martins
Audiência Pública. Tema: “A questão da acessibilidade nos estádios da Copa do Mundo
No debate, especialistas apontaram excesso de leis e normas no Brasil sobre acessibilidade.

O conselheiro-diretor do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva, Leon Myssior, apontou a existência de um vácuo de responsabilidade no Brasil quanto ao cumprimento de todas as exigências de acessibilidade das pessoas com deficiência aos estádios que vão sediar os jogos da Copa do Mundo de 2014.

Durante audiência nesta quarta-feira na Comissão de Turismo e Desporto, Myssior disse que os arquitetos autores dos projetos de construção ou de reforma têm sido alijados das obras, quando deveriam zelar pela fidelidade dos projetos. O conselheiro recomenda que o Ministério Público fique atento a essa questão.

Como lembrou, para que uma obra inicie, a prefeitura aprova um projeto e emite um alvará de construção, e para que a área possa ser utilizada, a prefeitura, ao final, atesta que tudo foi executado fielmente conforme o projeto aprovado e, só então, emite um habite-se, uma liberação da obra. “O problema é que durante esta fase de execução de obras não há nenhum órgão que tenha responsabilidade formal pela fiscalização. Alguns municípios, alguns estados, quando tratamos de obras públicas, eventualmente fazem uma licitação ou nomeiam alguma entidade ou algum funcionário para exercer essa fiscalização, mas isso não é obrigatório”, ressaltou.

Leis conflituosas
O conselheiro também reclamou do excesso de leis e normas no Brasil sobre a acessibilidade, algumas delas conflituosas. Um decreto federal, por exemplo, determina que 2% dos lugares em estádios deverão ser destinados a pessoas em cadeira de rodas. Já a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) estabelece apenas 0,01%, ou um para cada mil. Segundo o sindicato, é esse percentual menor que vem sendo seguido pelos arquitetos.

Para o assessor do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva, Rodrigo Prada, não apenas os estádios, mas as cidades como um todo devem se preparar para receber o público com necessidades especiais, “já que esse pode ser um mercado lucrativo do ponto de vista do turismo”.

Prada afirmou estar preocupado quanto ao cumprimento do Decreto 5.296/04, que reserva pelo menos 2% dos assentos em arenas esportivas para pessoas com deficiência. Para que isso fosse cumprido, informou, o Estádio Nacional de Brasília, com capacidade para 70 mil lugares, deveria ter 1,4 mil assentos especiais, mas o número apresentado no projeto da obra é de apenas 66.

Ele citou ainda estudo segundo o qual a média de assentos especiais nos estádios das duas últimas Copas (na Alemanha, em 2006; e na África do Sul, em 2010) foi, respectivamente, de 0,2% e 0,3%. “A Fifa faz uma série de exigências para atender ao público VIP, porém, no que diz respeito à acessibilidade, determina apenas que se siga a legislação local”, criticou.

Insuficientes

Arquivo/ Alexandra Martins
Romário
Romário ressaltou que os lugares para cadeirantes serão insuficientes.

O deputado Romário (PSB-RJ) disse que o número de lugares destinados aos cadeirantes será insuficiente até mesmo para atender às 500 pessoas carentes com deficiência, por partida, que ganharão ingressos da Confederação Brasileira de Futebol. “Como faltam dois anos para a Copa do Mundo, muitas coisas podem ser mudadas. Só depende da boa vontade, principalmente dos governadores, dos prefeitos, das empreiteiras que estão fazendo as obras e dos seus engenheiros e arquitetos."

Representante da Confederação Brasileira de Futebol e do Comitê Organizador Local da Copa, Weber Magalhães disse que os estádios que vão sediar os jogos estão sendo construídos ou reformados levando em conta as necessidades especiais das pessoas com deficiência. Isso inclui catracas especiais para cadeirantes, sanitários específicos para obesos e pessoas com mobilidade reduzida, rampas, entre outras coisas.

 

Reportagem - Marise Lugullo/Rádio Câmara
Edição – Maria Clarice Dias - Foto em destaque: Alexandra Martins

Agência Câmara de Notícias
 
 


 

Notícias

Divórcio liminar?

Opinião Divórcio liminar? Daniela Bermudes Lino Raul Cézar de Albuquerque 9 de abril de 2025, 17h13 Enquanto isso, nos parece mais adequada a solução amplamente utilizada em Varas de Família e ratificada em algumas decisões de tribunais: decretar o divórcio na primeira audiência do processo, com...

Herança digital e planejamento sucessório

Herança digital e planejamento sucessório Luiz Gustavo de Oliveira Tosta No universo digital, legado também se planeja. Influenciadores e profissionais de mídia precisam proteger sua herança online com estratégia jurídica e visão sucessória. domingo, 6 de abril de 2025 Atualizado em 4 de abril de...

Se for de alto padrão, bem de família pode ser executado

Dignidade garantida Se for de alto padrão, bem de família pode ser executado 1 de abril de 2025, 12h57 Para o juiz, o dono da loja tem condições financeiras suficientes para não ficar desamparado. Ele determinou, então, a penhora do imóvel, e destinou 50% do valor à autora da ação. Confira em...

Pacto antenupcial: Liberdade, proteção e maturidade a dois

Pacto antenupcial: Liberdade, proteção e maturidade a dois Marcia Pons Mais do que divisão de bens, o pacto antenupcial tornou-se uma escolha consciente de casais modernos que valorizam autonomia, planejamento e vínculos duradouros. domingo, 30 de março de 2025   Atualizado em 28...

Vontade de um dos cônjuges é suficiente para a concessão de divórcio

LAÇOS ROMPIDOS Vontade de um dos cônjuges é suficiente para a concessão de divórcio Rafa Santos 28 de março de 2025, 8h23 Ao analisar o caso, o desembargador acolheu os argumentos da autora. “Antes da Emenda Constitucional n. 66/2010, a Constituição exigia separação judicial ou de fato antes da...