Apostar em energia nuclear pode salvar o planeta, diz climatologista

COP21 reúne líderes mundiais em Paris para alcançar um acordo internacional a fim de limitar as emissões de gases de efeito estufa e reduzir a mudança climática  EPA/Yoan Valat/Agência Lusa/Direitor Reservados

Apostar em energia nuclear pode salvar o planeta, diz climatologista

04/12/2015 12h05 Paris
Da Agência Lusa

Limitar o aquecimento global até 2100 a 2 graus Celsius em relação aos níveis pré-industriais implicaria um aumento massivo da energia nuclear, afirmou o climatologista James Hansen. O perito em mudanças climáticas disse que a energia nuclear – controversa por razões de segurança – deve se tornar um elemento central no sistema energético, lado a lado com as energias renováveis, para rapidamente reduzir os gases de efeito de estufa que levam ao aquecimento global.

“Tudo o que é preciso é olhar para as emissões da China, Índia e dos países em rápido desenvolvimento. Sua energia é quase na totalidade baseada no carvão. A solução para o problema do clima tem que passar pela eletricidade livre de carbono. E simplesmente isso não vai acontecer na China e na Índia sem a ajuda do nuclear”, declarou Hansen, que esteve ontem (3) na 21ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP21).

Atualmente, 80% da energia consumida no mundo tem por base combustíveis fósseis. A energia solar e eólica está em rápida expansão e atraindo investimentos, mas as renováveis ainda representam menos de 5% do setor energético, sem contar com a energia nuclear.

Ainda assim, de acordo com o especialista, mesmo que o objetivo das Nações Unidas seja atingido, e não se ultrapasse o limite de 2 graus Celsius no aquecimento global até 2100, provavelmente não será possível evitar catástrofes ambientais, sobretudo provocadas pelo aumento dos níveis dos oceanos.

“Se deixarmos as geleiras se tornarem instáveis, o mundo pode tornar-se ingovernável devido às consequências econômicas, que seriam enormes”, afirmou o climatologista, ao lembrar ainda que metade das grandes cidades mundiais está na linha costeira. As geleiras da Groelândia e da Antártida Ocidental contêm água congelada em quantidade suficiente para elevar o nível do mar em 13 metros.

Nasa

O cientista trabalhou em estudo de clima na Nasa, a agência espacial americana, entre 1981 e 2013. Ele se tornou ativista em prol de políticas que possam contrariar a ameaça climática e defende que sistemas como a compra de cotas de carbono pelas empresas “não funcionam” e já demonstraram “ser inadequados”. Hansen defende ainda que esse sistema levará à manutenção da dependência dos combustíveis fósseis.

Os cientistas calculam que pelo menos 60% das reservas de petróleo, gás natural e carvão ainda a serem exploradas devem permanecer debaixo do solo para evitar o sobreaquecimento do planeta.

A COP21, que ocorre até ao dia 11, reúne em Paris representantes de 195 países que tentarão alcançar um acordo legalmente vinculante sobre redução de emissões de gases de efeito de estufa que permita limitar o aquecimento da temperatura média global. Até agora, mais de 170 países já apresentaram suas contribuições para a redução de emissões, ainda insuficientes para alcançar a meta proposta.

Entre os assuntos pendentes estão a aceitação de um mecanismo de revisão periódica das contribuições nacionais e a existência de um só sistema, sem divisões entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, mas com flexibilidade no tratamento. O tema e a responsabilização histórica dos países mais emissores estão entre os aspetos mais difíceis de resolver na COP21.

Agência Brasil

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Financiamento de países pobres pode ser chave do sucesso da COP21

04/12/2015 10h37  Paris
Da Agência Lusa

Os países em desenvolvimento fizeram um alerta para o risco de fracasso das negociações na 21ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP21), em Paris, se os países ricos não se envolverem no financiamento da luta contra o aquecimento global.

"Queremos novos compromissos em matéria de financiamento", afirmou a embaixadora sul-africana Nozipho Mxakato-Diseko, presidente do grupo G77 + China (que deve o nome ao número inicial de países que o constituíam, tendo-se posteriormente alargado), um grupo de 134 países pobres ou emergentes que inclui aqueles que serão particularmente afetados pelas mudanças climáticas.

Os países-membros do G77 querem financiamento para suportar a transição para a energia verde, para se adaptar ao impacto das mudanças climáticas e para compensar os danos daí resultantes. Embora alguns dos seus membros, como a China e a Índia, estejam atualmente entre os maiores poluidores do planeta, o grupo tem, historicamente, pouca responsabilidade na emissão de gases de efeito estufa.

Em 2009, os países ricos prometeram aumentar a ajuda para chegar aos US$ 100 bilhões por ano em 2020. De acordo com relatório da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, esse auxílio foi US$ 62 bilhões em 2014.


A questão do financiamento não é, contudo, a única em aberto, pois delegados de 195 países, que devem resolver o máximo de divergências até amanhã (5), divulgaram ontem (3) um novo projeto de acordo com pouco mais de 50 páginas e alterações tidas como irrelevantes.

"O número de opções em aberto não foi reduzido" e permanece "perto das 250", observou Matthew Orphelin, porta-voz da Fundação Nicolas Hulot, convidando os delegados a acelerar antes de passar os assuntos aos seus ministros, na próxima semana.

Por outro lado, Enele Sosene Sopoaga, o primeiro-ministro de Tuvalu, ilha do Pacífico ameaçada pela subida do nível do mar, lamentou o fato de os discursos dos 150 chefes de Estado e de governo que, na segunda-feira (30), afirmaram a sua determinação em agir, não terem uma "tradução concreta" em decisões e medidas.

"O texto está, em grande parte, inalterado", acrescentou Tasneem Essop, da organização ambientalista internacional WWF, ironizando: "Ainda estão mudando o lugar das cadeiras no convés para ter uma melhor visão do icebergue".

Para a ministra do Meio Ambiente da França, Ségolène Royal, "é normal que haja um ou dois dias para pôr em ritmo a máquina das conversações", sendo este um "momento de maturação necessário", mas "é impensável imaginar um fracasso".

O objetivo da COP21 é alcançar, até 11 de dezembro, um acordo para limitar o aumento do aquecimento global a 2º Celsius, relativos aos níveis da era pré-industrial, levando em conta que já se verificou um aumento de 1 grau na Terra.

No total, 525 mil pessoas morreram devido a cerca de 15 mil fenômenos extremos, particularmente furacões, que causaram perdas estimadas em cerca de US$ 3 trilhões em 20 anos, tendo Honduras, Myanmar e Haiti sido os países mais afetados. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, sem a redução das emissões de gases de efeito estufa, em 2080 mais 175 milhões de pessoas podem estar desnutridas.

Edição: Graça Adjuto
Agência Brasil


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