Aumento do uso de defensivos preocupa deputados
Lucio Bernardo Junior / Câmara dos Deputados
Aumento de uso de agrotóxicos preocupa deputados
O tema foi debatido durante reunião da Comissão de Meio Ambiente que apresentou dados sobre aumento do uso de defensivos no País
O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos no mundo; de 2008 até hoje, dobrou a quantidade do produto comercializada no país. Só em 2014, foram 520 mil toneladas usadas nas lavouras. Os dados são de estudo do IBGE, apresentado nesta quinta-feira (29) em audiência pública da Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados.
Márcio Freitas, Coordenador Geral de Avaliação e Controle de Substâncias Químicas do Ibama, afirmou que o Brasil sempre esteve entre os maiores consumidores de agrotóxicos, desde os anos 50. Ele garantiu, no entanto, que os órgãos reguladores, como o Ibama, o Ministério da Agricultura e a Anvisa, são bastante rigorosos na hora de conceder o registro desses produtos.
Segundo Freitas, o Ibama faz um estudo sobre a toxicidade do defensivo agrícola, o que gera uma classificação. A grande maioria dos produtos usados no país, segundo ele, são da classe 3 e da classe 2, que têm nível intermediário de periculosidade.
“Nós temos sempre um perigo associado ao agrotóxico e o que nós fazemos no Ibama é avaliar a toxicidade a organismos não alvo - peixes, minhocas, organismos que garantem a fertilidade do solo”, explicou.
As culturas que mais usam agrotóxicos são tomate, batata e os cítricos - como laranja e limão. Essa classificação, conforme o representante do Ibama, vai ter repercussão na regulação do uso do produto e nas suas restrições.
Novas tecnologias
Júlio Sérgio de Britto, que é Coordenador Geral de Agrotóxicos do Ministério da Agricultura, destacou que, sem o controle de pragas, a produção agrícola no país poderia cair pela metade. Ele afirmou que o Ministério da Agricultura incentiva o uso de agrotóxicos biológicos, que são menos agressivos à saúde humana que os químicos tradicionais.
"Há uma busca maior de eficácia de produtos agrotóxicos e busca de novas tecnologias para controle de pragas, de defensivos naturais, biológicos. Só este ano, tivemos 20 produtos biológicos registrados para uso na agricultura", informou.
O autor do requerimento para audiência, deputado Nilto Tatto (PT-SP), acredita que o Brasil deve incentivar práticas mais modernas para evitar perda de competitividade no setor agrícola. Ele destacou que alguns países, como a Dinamarca, já exigem alimentos que sejam produzidos sem o uso de agrotóxicos.
"Daqui a pouco, não teremos mercado para nossos produtos da agricultura porque estamos cada vez mais produzindo e consumindo veneno", alertou.
Já o presidente da Comissão de Meio Ambiente, Átila Lira do PSB do Piauí, destacou a importância de divulgar para a sociedade os dados sobre agrotóxicos.
"Para justamente fazer o papel educativo de seleção de alimentos, porque temos hoje vários estudos mostrando que esses agrotóxicos passam para esses alimentos e passam para o organismos humano", disse o deputado.
Durante a audiência, os debatedores pediram especial atenção ao projeto de lei em discussão na Casa (PL 3200/15) de autoria do deputado Covatti Filho (PP-RS) que flexibiliza a comercialização de agrotóxicos e poderia tornar a regulação do setor menos rigorosa.
Edição - Mônica Thaty