Banalização da violência

15/07/2014 - 12h37 Comissões - Direitos Humanos - Atualizado em 15/07/2014 - 12h37

Em debate sobre violência, representante do governo lamenta geração de jovens com medo de morrer

Anderson Vieira e Marilia Coêlho

Em audiência na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) sobre a banalização da violência, nesta terça-feira (15), o representante da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Felipe da Silva Freitas, alertou para o impacto do alto índice de mortes de jovens negros e pobres na vida das pessoas. Segundo ele, as estatísticas inseriram o medo de morrer entre as preocupações da juventude que lida diariamente com essa realidade.

– Esse é um componente que faz dessa uma geração diferente. O medo de morrer não pode ser preocupação majoritária dos jovens. Não poderia assumir relevância tão grande na vida deles. A existência desse medo é indicativa de um sério problema – observou Felipe Freitas.

O representante do governo federal informou ainda que recente pesquisa da Secretaria Nacional da Juventude constatou o aumento do número de jovens que se declaram negros e, ao mesmo tempo, reconhecem o racismo como um dos principais problemas sociais do país. Na opinião dele, o preconceito não pode ser “uma questão periférica na agenda nacional”:

– Hoje vivemos um paradoxo: justo num momento fértil em termos demográficos, com a existência de grande contingente de jovens que poderiam ser aproveitados na construção do país, há um aumento do número de homicídios e de mortes violentas dessa população – lamentou.

Falta de sintonia

Para o pesquisador Cândido Alberto Gomes, representante da Cátedra Unesco de Juventude, o problema é causado principalmente pela “dissonância entre o que o Legislativo faz e o que o Executivo deixa de fazer”. Como exemplo, citou as medidas socioeducativas para menores infratores, que são motivo de piada para muitos jovens.

– Há leis espetaculares, discutidas democraticamente. Mas o Executivo deixa de cumprir. Além disso, falta interlocução e coordenação de políticas públicas. Temos fragmentação que nos leva a parecer que estamos num faz-de-conta – opinou.

Para o representante da Secretaria Nacional de Segurança Pública, do Ministério da Justiça, Maurício Sponton Rasi, o governo federal tem feito a articulação política, mas é preciso que os governos estaduais e municipais executem os programas. Ele citou o exemplo do programa “Crack, é possível vencer”, iniciado recentemente pelo governo federal em parceria com os estados. O programa vai identificar, por meio de câmeras, os usuários de drogas, para oferecer atendimento psicossocial e tratamento especializado.

– Nós temos executores na ponta. O governo federal não executa a política, ele induz a política. O programa Crack será exitoso se os municípios conseguirem trazer as respostas do programa – afirmou.

Rasi ressaltou ainda a importância de dados confiáveis para que se possa executar uma política de segurança no país. Ele informou que o Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública (Sinesp), aprovado como lei em 2012, está atualmente em fase de articulação com os estados para dotá-los de equipamentos de transmissão dessas informações. Para Rasi, o Sinesp será como um observatório nacional de segurança.

– Existem estados que não têm o básico para transmitir a informação. A gente tem que enxergar o Brasil como um todo – disse.

Maioridade

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) levou ao debate a questão da redução da maioridade penal. Ele reafirmou ser contrário à mudança e sugeriu que os menores cumpram penas alternativas, com trabalhos que os ajudem a sair da vida do crime. A senadora Ana Rita (PT-SP), presidente da comissão, também se mostrou contrária à redução, afirmando que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) precisa ser efetivado.

– Eu sou da opinião de que nós precisamos implementar o Estatuto e não modificá-lo. Porque o Estatuto não foi implementado ainda do jeito que deveria. Ele sozinho é suficiente? Não. Mas ele é um instrumento também de apoio à criança e ao adolescente – opinou a senadora.

Conduzida pelo senador Paulo Paim (PT-RS), a audiência desta terça-feira foi interativa e contou com a participação do público pelo serviço Alô Senado (0800-612211) e pelo Portal e-Cidadania.

 

Foto em destaque/Fonte: Agência Senado

 

Notícias

Presunção de fraude não exclui distinção em revenda de bem penhorado

Casos excepcionais Presunção de fraude não exclui distinção em revenda de bem penhorado Paulo Batistella 25 de setembro de 2024, 12h49 Reconhecida a tese, o relator ponderou que, ainda assim, “em casos excepcionalíssimos, é necessário reconhecer a distinção (distinguishing) desse precedente...