Brasil tem enorme potencial para programas de economia verde, dizem especialistas
30/06/2011 - 19h25
Brasil tem enorme potencial para programas de economia verde, dizem especialistas
Em audiência pública nesta quinta-feira (30), especialistas em meio ambiente, ciência e tecnologia afirmaram que o Brasil tem enorme potencial para desenvolver projetos e programas da chamada economia verde. A reunião foi realizada conjuntamente pela Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA) e pela Subcomissão Temporária de Acompanhamento da Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável - Rio+20, que funciona no âmbito da CMA.
A pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Thelma Krug, disse que programas e projetos de Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL) e de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação (REDD) podem ser usados pelos países em desenvolvimento como um instrumento de mudança de paradigma e de modelo de desenvolvimento.
Assim, afirmou a pesquisadora, os países emergentes podem evitar o mesmo caminho das atuais nações desenvolvidas. Para Thelma Krug, esses instrumentos podem ajudar os países em desenvolvimento a progredirem sem que seja preciso dizimar suas florestas nativas.
A pesquisadora do Inpe, que também é assistente do diretor da entidade, informou que os projetos de MDL e de REDD envolvem diminuição do desmatamento e da degradação florestal, conservação de estoques de carbono e manejo sustentável de florestas, entre outros. Entretanto, Thelma Krug acredita que as consequências negativas das mudanças climáticas só diminuirão se os países mais ricos e desenvolvidos "fizerem sua parte", ou seja, os esforços de países como Brasil, Índia e China não serão suficientes para impedir o aumento do desequilíbrio ambiental sozinhos.
Suinocultura sustentável
O representante da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Paulo Rossato, explicou detalhadamente como funciona o Programa Suinocultura Sustentável Sadia - 3S, do qual é coordenador. Capitaneado pela organização sem fins lucrativos Instituto Sadia, o Programa 3S, é um projeto enquadrado como MDL que cria parcerias com criadores de porcos que fornecem carne à empresa Sadia. O programa contribui para a diminuição das emissões de gases causadores do efeito estufa utilizando biogestores para o tratamento de dejetos suínos. A iniciativa também permite a chamada comercialização de créditos de carbono.
Rossato disse que o Programa 3S ajuda a reduzir os impactos ambientais da suinocultura, promovendo a sustentabilidade dessa atividade. Além disso, melhora a qualidade ambiental da propriedade rural e reduz odores desagradáveis e a incidência de ratos e insetos e economiza energia elétrica.
A representante da organização civil Amigos da Terra Brasil, Lúcia Ortiz, explicou que a entidade tem atuação mais significativa na região amazônica, defendendo a implantação de projetos de desenvolvimento sustentável, proteção do meio ambiente e atividades econômicas sustentáveis ambiental e socialmente. Ela informou que sua entidade também está ajudando na organização e nos pré-debates para a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável a ser realizada em 2012 (Rio+20).
Também participaram da audiência pública dois representantes do Ministério de Ciência e Tecnologia: a coordenadora-geral de Gestão de Ecossistemas, Mercedes Bustamante, e o coordenador-geral de Mudanças Climáticas, Iagles Alves Muniz, ambos da Secretaria de Política e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do ministério. Eles informaram que 6% dos projetos mundiais de MDL estão localizados no Brasil, enquanto a China possui 39% desses projetos e a Índia 27%. São quase 500 projetos de MDL em território nacional, acrescentou Mercedes Bustamante, a maioria deles focada na diminuição de emissões de CO2 e de gás metano, como aterros sanitários, suinocultura, energia renovável, substituição de combustíveis fósseis e florestamento e reflorestamento.
Conduzida pelo presidente da subcomissão, senador João Pedro (PT-AM), a audiência pública conjunta contou também com a participação do presidente da CMA, senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), e dos senadores Pedro Taques (PDT-MT) e Blairo Maggi (PR-MT).
Augusto Castro / Agência Senado