Brasileiro desaprova aumento de conta para reduzir consumo de energia

86% dos brasileiros consultados aprovam se a saída para reduzir o consumo de eletricidade for a de incentivar a fabricação de eletrodomésticos que evitem o desperdício, ainda que mais caros

Brasileiro desaprova aumento de conta para reduzir consumo de energia, mostra pesquisa

Rodrigo Baptista | 22/04/2015, 11h39 - ATUALIZADO EM 22/04/2015, 11h50

Se o governo decidir aumentar o preço da conta de luz para estimular a economia de energia elétrica, a maioria dos brasileiros deverá desaprovar a medida, segundo pesquisa do DataSenado divulgada nesta quarta-feira (22) em reunião da Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI). Mas se a saída para reduzir o consumo de eletricidade for a de incentivar a fabricação de eletrodomésticos que evitem o desperdício, ainda que mais caros, o apoio da maior parte da população estará garantido: 86% dos brasileiros veem com bons olhos a iniciativa. A criação de leis que obriguem a fabricação desses aparelhos também é positiva para 65% dos entrevistados.

A pesquisa de opinião sobre o que pensam os brasileiros a respeito das políticas energéticas no país, feita pelo DataSenado em parceria com a Universidade de Columbia (EUA), também revelou que 85% dos respondentes concordaram total ou parcialmente em que o Brasil invista mais em fontes de energia renováveis como eólica e solar. Um número um pouco menor, mas ainda representativo de indivíduos apoiam que empresas de energia sejam obrigadas a investir nessas fontes: 68%.

Thiago Cortez Costa, assessor da Secretaria da Transparência do Senado, apresentou detalhes sobre o estudo, realizado entre 3 de fevereiro e 2 de março, com 1.166 entrevistados em todo o país.

 O brasileiro está disposto a pagar mais pelo melhor uso da energia produzida, com menos desperdício. Mas, por outro lado, ele não aceita o aumento da conta de luz como política para controlar o consumo — resumiu Costa.

Rejeição ao aumento da conta

Perguntados sobre a possibilidade de o governo aumentar o preço da conta de luz para o brasileiro economizar mais energia, 79% dos participantes alegaram discordância parcial ou total. A maioria (66%) discordou totalmente dessa medida. Dos demais respondentes, 6% concordaram totalmente, 12% concordaram parcialmente e 3% nem concordaram, nem discordaram.

Já quando questionados sobre o governo aumentar o preço da conta de energia para que as indústrias economizem mais energia, 38% disseram concordar total ou parcialmente e 55% mostraram-se contrários a essa medida total ou parcialmente. Participantes que disseram não concordar, nem discordar compõem 6% da população.

Entre as pessoas com mais de 10 salários mínimos de renda individual bruta, 61% discordaram totalmente e 12% discordaram parcialmente do aumento da conta de luz para indústrias, totalizando 73% de discordância nessa faixa de renda. Para pessoas sem renda ou com renda até 2 salários mínimos, a manifestação de discordância (total ou parcial) foi apresentada por 40% e 51%, respectivamente.

A pesquisa procurou ainda conhecer a opinião dos entrevistados a respeito da seguinte informação: “Aumentar impostos sobre carvão, gás natural e petróleo tornaria essas fontes de energia mais caras, contudo poderia reduzir o dano que elas causam ao meio ambiente.” Ao opinar sobre o tema, 47% dos respondentes manifestaram discordância total a essa medida e 19% discordaram parcialmente. Minoria de 8% concordou totalmente e 17% concordaram parcialmente; 10% não concordaram nem discordaram.

Em relação ao governo ser o responsável por fixar os preços de energia, e não as empresas privadas, 37% se opuseram total ou parcialmente, 47% manifestaram apoio total ou parcial e 14% disseram não apoiar nem se opor.

Observa-se que, entre os respondentes mais jovens (de 16 a 19 anos), o apoio a essa responsabilidade do governo, de 31%, é menor que nas demais faixas etárias.

Parte dos entrevistados (43%) apoia total ou parcialmente que as empresas de energia pertençam ao governo, em vez de pertencerem à iniciativa privada. A oposição a esse fato, também total ou parcial, alcançou 38% dos entrevistados; 16% nem apoiam nem se opõem e 2% não souberam ou não quiseram responder.

Tecnologia para evitar desperdício

Após escutarem a frase “Alguns eletrodomésticos modernos ajudam a economizar energia e a reduzir a emissão de gases poluentes, porém são mais caros”, a opinião apresentada sobre o Brasil investir mais na fabricação desses eletrodomésticos foi de 86% de concordância, sendo 60% total e 26% parcial; 5% afirmaram nem concordar, nem discordar e 8% discordaram total ou parcialmente de mais investimento nessa área.

Quanto à criação de leis para obrigar a fabricação de eletrodomésticos que consumam menos energia, mesmo que esses aparelhos sejam mais caros, a concordância é menor, ainda que também atinja a maioria (65%); 25% discordaram dessa obrigação e 9% nem concordaram nem discordaram.

Respondentes também opinaram sobre medidores de luz modernos que ajudam a evitar o desperdício de energia e a melhorar a rede elétrica. Mesmo que esses medidores possam deixar a conta de luz mais cara, como informado aos cidadãos, 55% concordaram total ou parcialmente que as empresas de energia invistam mais na instalação desse equipamento.

Entre os participantes com mais de 10 salários mínimos de renda, 73% concordaram com o investimento: 41% totalmente e 32% parcialmente.

Metodologia de pesquisa

As pesquisas do DataSenado são feitas por meio de amostragem com entrevistas telefônicas. A população considerada é a de cidadãos com 16 anos ou mais, residentes no Brasil, e com acesso a telefone fixo. A margem de erro admitida é de três pontos percentuais para mais ou para menos. O nível de confiança utilizado nos resultados da pesquisa é de 95%. Isso significa que se forem realizadas 100 pesquisas com a mesma metodologia, aproximadamente 95 terão os resultados dentro da margem de erro estipulada.

Agência Senado

 

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