Comissão aprova permissão para município criar tributo para financiar transporte coletivo

Alex Ferreira / Câmara dos Deputados
5/03/2017 - 19h13

Comissão aprova permissão para município criar tributo para financiar transporte coletivo

 
Alex Ferreira / Câmara dos Deputados
Reunião Ordinária. Dep. Mário Negromonte Jr (PP-BA)
O relator, Mário Negromonte Jr.: transporte coletivo urbano precisa de melhoria urgente; ninguém aguenta mais esperar horas por ônibus velho e superlotado

Comissão especial aprovou nesta quarta-feira (15) proposta de emenda à Constituição que permite aos municípios e ao Distrito Federal instituir contribuição para custear o transporte público coletivo urbano, como ônibus e metrô.

O tributo, que deverá ser criado por lei complementar local, incidirá sobre a venda a varejo de gasolina, etanol combustível e gás natural veicular. Ou seja, a contribuição entrará na cobrança do preço na bomba do posto de combustíveis.

Para instituir a contribuição, o município deverá ter serviço de transporte público criado e organizado por lei e em favor do usuário. Os recursos arrecadados com a cobrança devem ir para fundo específico.

Pelo texto aprovado, as distribuidoras de combustíveis líquidos e as concessionárias estaduais de gás canalizado são obrigadas a informar às prefeituras informações das vendas. Esses dados servirão para formar a base de cálculo da contribuição sobre o lucro presumido.

Segundo o relator na comissão, deputado Mário Negromonte Jr. (PP-BA), o transporte coletivo urbano precisa de melhoria urgente. “Ninguém aguenta mais esperar horas por um ônibus velho, que quando aparece está superlotado, representando risco evidente para os passageiros.”

Sustento do sistema
Negromonte Jr. disse que já há um consenso entre especialistas que as tarifas de transporte público não conseguem sustentar o sistema de transporte. “É assim no mundo inteiro, mesmo em países desenvolvidos. Não se trata de inovação nacional.” Ele também afirmou que os municípios não tem recursos atualmente para subvenção de ônibus e metrôs.

“É preciso dotar os municípios de receita adicional para fazer frente às suas responsabilidades no estabelecimento de serviço de transporte coletivo urbano de qualidade”, disse Negromonte Jr.

O texto aprovado é um substitutivo de Negromonte Jr. à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 159/07, do deputado Assis do Couto (PDT-PR). A proposta original inclui a comercialização e a importação de biocombustíveis e seus derivados entre os itens sobre os quais é cobrada a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide).

Atualmente, a Constituição já prevê a incidência da Cide sobre petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível. Outras três PECs (179/07, 200/07 e 307/13) que tramitavam apensadas e também tratavam sobre alterações à Cide foram rejeitadas.

Cide-Combustíveis tem arrecadação estimada em R$ 6 bilhões por ano, sendo 29% (R$ 1,74 bilhão) para os estados e o Distrito Federal. Desse percentual, 25% (R$ 435 milhões) vão para os municípios.

“Fica claro que a contribuição não é capaz de assegurar os recursos que hoje fazem falta às cidades que dispõem de serviço de transporte coletivo urbano”, disse Negromonte Jr.

Pequenos municípios
Para Assis do Couto, o texto poderia incluir a ideia da proposta original para destinar parte do recurso arrecadado a projetos de correção de impactos socioambientais da produção dos biocombustíveis e de desenvolvimento rural sustentável, assim como na qualificação de trabalhadores afetados pela atividade.

“Mais de um terço da população vive em municípios com até 50 mil habitantes e eles não enfrentam problemas de transporte urbano, mas de estradas vicinais”, afirmou o parlamentar.

Passe livre
Para o deputado Edmilson Rodrigues (Psol-PA), a proposta poderia condicionar a criação da contribuição ao recurso uso excluso do recurso para reduzir a tarifa e, assim, garantir o chamado passe livre para usuários. “Não ficou objetivamente explícito”, disse.

Rodrigues também criticou o aumento da tributação sobre o tributo porque acaba incidindo mais sobre a população mais pobre. “A gente pode dizer que é sobre quem tem carro. Mas há de se pensar um processo de investimento e mudança de qualidade do transporte para que o cidadão de classe média também possa usá-lo.”

O líder do PTN, deputado Alexandre Baldy (GO) afirmou que a criação da “Cide-municipal” vai ser fundamental para ter o transporte coletivo urbano efetivo. Ele sugeriu uma modulação na cobrança do tributo para que ele fosse maior para combustíveis fosseis, como a gasolina, em relação ao álcool.

“Você não tem ideia em uma cidade de São Paulo o que é melhorar o transporte público com a transferência do carro particular para o transporte público. A proposta já é um ganho enorme para o meio ambiente e para a saúde da população”, disse o deputado Nilto Tatto (PT-SP). Apesar do elogio, ele também defendeu mudança para diminuir a tributação para combustíveis com baixa emissão de carbono.

Rateio
A lei complementar local também definirá como será o rateio de parte do valor arrecadado para outros entes (municípios, estados e União) para custear o transporte público coletivo intermunicipal, interestadual e internacional.

A proposta aprovada também permite ao Senado Federal determinar alíquotas máximas, uniformes em todo o território nacional, da contribuição.

A sugestão de uma nova contribuição veio da Frente Nacional dos Prefeitos e outras autoridades que demonstraram “a urgência que o assunto requer”, segundo Negromonte Jr.

Tramitação
PECs agora serão analisadas em dois turnos pelo Plenário da Câmara
.

Reportagem – Tiago Miranda
Edição – Newton Araújo
Agência Câmara Notícias
 

 

Notícias

Forma terapêutica

Moça de 23 anos ganha reconhecimento de união estável que teve com casal Uma estudante carioca de Medicina de 23 anos ganhou na Justiça o reconhecimento de união estável para o relacionamento que manteve durante dois anos com um casal, ele e ela de 42 anos. A jovem moradora do Rio de Janeiro,...

"Contraprestação por serviços prestados"

10/11/2011 - 09h11 DECISÃO Cobrança de frete de transporte terrestre prescreve em um ano O prazo prescricional para ajuizamento de ação de cobrança de frete de transporte terrestre de mercadorias é de um ano, assim como o de transporte marítimo. A decisão da Terceira Turma do Superior...

Aumento do número de ministros não é solução apropriada

10/11/2011 - 11h55 INSTITUCIONAL STJ considera inapropriado aumento do número de ministros Em continuação à análise do estado da prestação jurisdicional em seus órgãos, o Pleno do Superior Tribunal de Justiça (STJ) deliberou, na manhã desta quinta-feira (10), que o aumento do número de...

Alta velocidade

10/11/2011 - 11h31 DECISÃO Atropelador que avançou sinal vermelho não escapa do júri popular O Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou habeas corpus impetrado em favor de motorista condenado por homicídio, em São Paulo. Ele pretendia ver anulados os atos processuais posteriores à...

Separação Ineficaz

Críticas lógico-jurídicas contra o juiz de garantias Por Vilian Bollmann Tramita na Câmara dos Deputados, sob o número 8.045/2010, o projeto de novo Código de Processo Penal (CPP), com a promessa de que sua aprovação irá colaborar na redução da impunidade no Brasil.   Fonte:...

Limbo jurídico

Extraído de: JurisWay  - 1 minuto atrás Mantida decisão que não reconheceu vínculo empregatício de motoboy com rede de restaurantes Por Ademar Lopes Junior A relatora do acórdão da 2ª Câmara do TRT, desembargadora Mariane Khayat, manteve intacta a sentença do Juízo da 4ª VT de Bauru,...