Congresso aprova urgência para votação de vetos à redistribuição dos royalties

12/12/2012 - 19h47

Congresso aprova urgência para votação de vetos à redistribuição dos royalties

Maioria dos parlamentares quer analisar a matéria na próxima semana

Gustavo Lima
Discussão para votação do royalties - 1ª vice-presidente Rose de Freitas
Parlamentares aprovaram urgência, apesar de questionamentos das bancadas do RJ e do ES.

O Congresso Nacional (sessão conjunta da Câmara e do Senado) aprovou nesta quarta-feira (12) o requerimento de urgência para a análise dos vetos da presidente Dilma Rousseff à lei que redistribui os royalties do petróleo (Lei 12.734/12).

A sessão foi tumultuada por questionamentos de deputados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo, maiores prejudicados com a eventual derrubada do veto. Parlamentares desses dois estados tentaram impedir a votação por meio de instrumentos regimentais. Houve confusão e bate-boca entre deputados e senadores.

Aprovada a urgência, a maioria dos parlamentares agora pressiona para que os vetos sejam votados na próxima semana. “Vamos pedir aos deputados que mobilizem as suas bases, os seus prefeitos, e possamos, assim, garantir o quórum para a votação do veto”, disse o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO).

Para a derrubada de um veto, é preciso o voto de maioria absoluta de deputados (257) e senadores (41).

As bancadas do Rio de Janeiro e do Espírito Santo, no entanto, se preparam para uma batalha judicial e já anunciaram que vão levar o tema ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Vetos
No fim de novembro, a presidente Dilma Rousseff decidiu vetar parte do texto aprovado pelo Congresso (Projeto de Lei 2565/11), com o objetivo de impedir a redistribuição dos royalties dos contratos de concessão em vigor (modelo que inclui exploração na plataforma continental, lagos, rios, ilhas fluviais e lacustres).

Com o veto, os royalties de petróleo gerados a partir de contratos antigos não serão redistribuídos para beneficiar também estados e municípios não produtores. Hoje, a maior parte desses recursos fica com os estados e municípios produtores.

O texto aprovado no Congresso, cujo veto se pretende derrubar, redistribui os recursos a partir de 2013, incluindo contratos novos e antigos.

Contratos novos
Junto com o veto, a presidente editou uma medida provisória (MP 592/12) que prevê a redistribuição apenas dos recursos arrecadados com contratos celebrados a partir de 3 de dezembro.

O argumento do Planalto é que, ao não ressalvar os contratos em vigor, o projeto aprovado pela Câmara viola princípios constitucionais. A presidente também argumentou que, por ter natureza indenizatória, os royalties são incorporados às receitas futuras de estados e municípios produtores.

Segundo ela, a mudança das regras violaria não apenas a Constituição como princípios orçamentários. Esse argumento é defendido pelos deputados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo, que buscam garantir as receitas de seus estados.

Para os deputados que defendem o veto, no entanto, não há quebra de contrato com a mudança nos royalties de contratos atuais. “Não mudamos a relação do governo com as empresas, esses contratos continuam os mesmos. Vamos redistribuir os royalties que já estão predeterminados nos contratos”, disse o deputado Danilo Forte (PMDB-CE).

Confusão
Antes da votação, a sessão chegou a ser suspensa para tentar conter os ânimos de deputados e senadores. Vários parlamentares do Rio de Janeiro e do Espírito Santo condenaram a possibilidade de o requerimento de urgência ser apresentado, já que ele tem fundamento no Regimento da Câmara. Os deputados também criticaram o fato de esse veto específico ter passado à frente de outros 3 mil vetos existentes no Congresso.

No comando dos trabalhos, a 1ª vice-presidente do Congresso, deputada Rose de Freitas (PMDB-ES), decidiu que era possível a apresentação de requerimento do pedido com base no Regimento da Câmara dos Deputados devido à omissão do Regimento Comum e do Regimento do Senado sobre o assunto (urgência para análise de vetos).

A decisão foi questionada por deputados do RJ e do ES, que devem pedir ao STF que anule a sessão de votação. "Além de todas as arbitrariedades cometidas aqui, nem o requerimento está feito de forma correta. Portanto, façam o que quiser, porque essa questão será superada na Justiça", disse o deputado Hugo Leal (PSC-RJ).

O deputado Marcelo Castro (PMDB-PI), um dos articuladores da urgência, defendeu a medida. Segundo ele, o fato de Rose ser do Espírito Santo mostra que a decisão de votar o requerimento comprova a imparcialidade da deputada. “Esse questionamento não tem fundamento”, disse.

 

Reportagem – Carol Siqueira
Edição – Pierre Triboli

Foto em destaque/Fonte: Agência Câmara Notícias

 

Notícias

Extinção de processo por não recolhimento de custas exige citação da parte

Recurso especial Extinção de processo por não recolhimento de custas exige citação da parte 26 de janeiro de 2025, 9h52 O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte manteve a decisão de primeiro grau. Os autores, então, entraram com recurso especial alegando que deveriam ter sido intimados...

Herança musical: Como proteger direitos autorais antes da morte?

Precaução Herança musical: Como proteger direitos autorais antes da morte? Dueto póstumo envolvendo Marília Mendonça e Cristiano Araújo ilustra como instrumentos jurídicos podem preservar legado de artistas. Da Redação quinta-feira, 23 de janeiro de 2025 Atualizado às 15:07 A preservação do legado...

Imóveis irregulares: Saiba como podem ser incluídos no inventário

Imóveis irregulares: Saiba como podem ser incluídos no inventário Werner Damásio Descubra como bens imóveis sem escritura podem ser partilhados no inventário e quais os critérios para garantir os direitos dos herdeiros. domingo, 19 de janeiro de 2025 Atualizado em 16 de janeiro de 2025 10:52 A...

STJ julga usucapião de imóvel com registro em nome de terceiro

Adequação da via STJ julga usucapião de imóvel com registro em nome de terceiro Recurso visa reformar decisão de tribunal que extinguiu o processo por ausência de interesse de agir. Da Redação sexta-feira, 17 de janeiro de 2025 Atualizado às 17:23 A 4ª turma do STJ iniciou julgamento de ação de...