Debatedores divergem sobre legalização de jogos de azar

13/12/2016 - 14h38

Debatedores divergem sobre legalização de jogos de azar no Brasil

Em comissão geral nesta terça-feira na Câmara, os defensores da proposta afirmam que regulamentação geraria renda e fortaleceria o turismo; para os críticos, legalização aumentaria vício e facilitaria prática de crimes

 
Lúcio Bernardo Junior/Câmara dos Deputados
Comissão geral sobre o marco regulatório dos jogos de azar no Brasil
Parlamentares e convidados discutiram a proposta de legalização dos jogos de azar aprovada em comissão especial da Câmara

A legalização de jogos de azar dividiu opiniões nesta terça-feira (12) em comissão geral no Plenário da Câmara.

Em agosto, uma comissão especialaprovou proposta (PL 442/91) que legaliza e regulamenta as atividades de cassinos, jogo do bicho e bingos no País, inclusive o funcionamento de máquinas de caça-níqueis, apostas e jogos on-line.

Além de legalizar os jogos, o projeto anistia todos os acusados da prática de exploração ilegal de jogos de azar e extingue os processos judiciais em tramitação.

Um requerimento de urgência para o projeto poderá ser votado pelos deputados durante as sessões do Plenário.

Vício de jogar
Um dos parlamentares que pediu o debate, o deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR), disse que a legalização dos jogos pode aumentar o risco da ludopatia, o vício de jogar. Ele disse acreditar que o jogo ameaça a economia familiar e pode destruir patrimônios.

Além disso, segundo o parlamentar, a legalização pode facilitar a prática de crimes, como lavagem de dinheiro, e a atuação de máfias interacionais.

O deputado Roberto de Lucena (PV-SP), que também pediu o debate, destacou que a maioria da população é contrária à legalização dos jogos de azar no Brasil.

Ele observou que a proposta enfrenta oposição da Polícia Federal, da Receita Federal, da Procuradoria-Geral da República e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

Geração de empregos
Já o presidente da Comissão de Turismo, deputado Herculano Passos (PSD-SP), defendeu a proposta. Segundo ele, os jogos de azar, como bingos, já funcionam no Brasil, apesar de serem ilegais.

Na visão dele, com a legalização, o País teria controle sobre a atividade, os empresários pagariam impostos, e aumentaria a geração de emprego com carteira assinada, além de o turismo ser fortalecido.

O deputado Bacelar (PTN-BA) também defendeu a legalização. Conforme ele, o Estado não pode se pautar por convicções morais. “O álcool vicia, e nem por isso o Estado fecha bares”, observou.

Dificuldade de fiscalização
O secretário de relações institucionais da Procuradoria-Geral da República, Peterson de Paula Pereira, confirmou que o órgão é contrário a legalização. Para ele, a legalização dificulta o combate ao crime organizado e, em especial, à prática da lavagem de dinheiro.

Segundo Pereira, instituições que atuam na repressão ao crime organizado já enfrentam grande dificuldade para identificar valores ocultados por meio do crime e da corrupção, e a legalização dos jogos criaria ainda mais obstáculos nesse sentido.

O auditor fiscal Floriano Martins ressaltou que hoje a Receita Federal não tem condições de fiscalizar os jogos de azar, se estes forem legalizados. De acordo com ele, não é possível estimar o montante de recursos que a legalização traria ao Brasil.

Martins criticou ainda o ponto da proposta aprovada na comissão especial que anistia todos os acusados da prática de exploração ilegal de jogos de azar.

Estimativa de investimento
O presidente da Associação de Jogos Eletrônicos e Similares do Brasil, Arlindo Pereira, disse esperar investimentos da ordem de R$ 700 bilhões – em cassinos, bingos e outras formas – caso os jogos sejam legalizados. “Poderemos usar esse dinheiro em benefício da saúde e da segurança pública.”

Para o presidente da Associação Brasileira de Bingos, Cassinos e Similares, Olavo Sales de Silveira, é a proibição dos jogos de azar que estimula a criminalidade. Ele defendeu a legalização justamente para que a prática saia das mãos de criminosos.

ÍNTEGRA DA PROPOSTA:

Reportagem – Lara Haje
Edição – Ralph Machado
Origem das Fotos/Fonte: Agência Câmara Notícias
 
 
 

 

Notícias

Alteração do Código Civil: a posição do cônjuge na sucessão patrimonial

Herança Alteração do Código Civil: a posição do cônjuge na sucessão patrimonial Anteprojeto prevê a exclusão do cônjuge e do companheiro no rol de herdeiros necessários Gabriel Grigoletto Martins de Souza, Marianna Santos Araújo 30/08/2024  05:05 Em busca do alcance de maior flexibilidade no...

Juiz penhora 50% dos presentes de casamento de devedor

Se deu mal Juiz penhora 50% dos presentes de casamento de devedor A medida foi adotada para garantir o pagamento de uma dívida pendente, dado que o executado, apesar de ostentar um elevado padrão financeiro, não cumpriu suas obrigações judiciais. Da Redação terça-feira, 27 de agosto de...

Troca de primeiro nome por apelido não depende de constrangimento ou vexame

SOCIALMENTE CONHECIDO Troca de primeiro nome por apelido não depende de constrangimento ou vexame Danilo Vital 20 de agosto de 2024, 13h51 “O distanciamento entre o nome civil e o nome social, por si só, é capaz de causar constrangimento”, afirmou a ministra ao votar pelo provimento do recurso...

Falta de prova de constituição em mora impede expropriação de imóvel

LEILÃO CANCELADO Falta de prova de constituição em mora impede expropriação de imóvel Paulo Batistella 20 de agosto de 2024, 9h53 A cliente alegou que o banco credor no caso se negou a receber o valor relativo à dívida dela sob o argumento de que a consolidação da propriedade já estava em...