Deputados criticam poder excessivo da Fifa na Lei Geral da Copa

1/11/2011 16:44

Em debate na Câmara, representantes de entidades de defesa do consumidor também contestaram a possibilidade de venda casada de ingressos pela Fifa e a falta de critérios para devolução e reembolso das entradas. Relator não descarta mudanças na proposta (PL 2330/11).

Arquivo/Leonardo Prado
Romário
Romário: a Fifa não pode mandar no nosso País.

Deputados criticaram nesta terça-feira (1º) o que classificaram como “poder excessivo” conferido à Federação Internacional de Futebol (Fifa) no projeto da Lei Geral da Copa do Mundo de 2014 (PL 2330/11, do Executivo). Em audiência pública na comissão especial responsável pela análise da proposta, outros parlamentares manifestaram preocupação com o rompimento de regras previamente acertadas com a Fifa, no protocolo assinado pelo governo brasileiro com a entidade.

O deputado Romário (PSB-RJ) disse que “a Fifa não pode mandar no nosso País”. Ele destacou que a instituição está marcada por acusações e que o presidente do Comitê Organizador da Copa, Ricardo Teixeira, também é alvo de diversas denúncias de corrupção. O parlamentar contestou o dispositivo do projeto de lei que isenta a Fifa de responsabilidade por danos sofridos pelo consumidor em relação à sua segurança. Romário irá propor uma emenda, a fim de estabelecer a responsabilidade solidária da federação e do Poder Público.

“Não podemos permitir que se crie o Estado Fifa dentro do Estado brasileiro”, afirmou o deputado José Rocha (PR-BA). O parlamentar defendeu que sempre sejam oferecidos ingressos avulsos para o consumidor. Já a questão do consumo de bebida alcoólica dentro dos estádios, na visão de Rocha, pode ser discutida, estabelecendo-se, por exemplo, áreas específicas onde o consumo seja permitido. Por sua vez, o deputado Otavio Leite (PSDB-RJ) disse que formulará emenda com o intuito de prever ingressos a preços populares para o evento.

Protocolo
Os deputados Edio Lopes (PMDB-RR) e Cesar Colnago (PSDB-ES) pediram que cópia do protocolo, contendo todas as exigências da Fifa para a realização da Copa no Brasil, seja enviado à comissão. O presidente da comissão especial, deputado Renan Filho (PMDB-AL), informou que já solicitou ao governo cópia do documento.

Beto Oliveira
Dep. Vicente Candido (PT/SP)
Vicente Candido, relator: proposta é uma síntese do protocolo assinado entre o governo e a Fifa.

“Na negociação do projeto de lei, nós vamos romper protocolos previamente acertados com a Fifa?”, questionou Édio Lopes. “Foi acertado que romperíamos certas regras internas para poder sediar esse evento”, afirmou. “Será que o governo negociou mal com a Fifa?”, questionou Cesar Colnago “Se alguém negociou algo que fere os nossos direitos fundamentais e sociais, negociou mal”, opinou.

Segundo o relator da proposta, deputado Vicente Candido (PT-SP), que já teve acesso ao documento, o PL 2330/11 é uma “síntese do protocolo assinado entre a Fifa e o governo brasileiro”. Porém, Candido afirmou que isso não impede que a proposta seja alterada. “Estamos cobrindo uma lacuna da falta de discussão do governo com a sociedade civil”, destacou.

Para o deputado José Guimarães (PT-CE), a comissão especial deve evitar a “polarização” entre os favoráveis à Fifa e os contrários à entidade. “O melhor caminho é ouvir todos e extrair o que é melhor para o Brasil”, declarou.

Veja reportagem da TV Câmara sobre a Lei Geral da Copa.

Segundo o parlamentar cearense, é preciso combinar os direitos já inscritos nas leis brasileiras com a Lei Geral da Copa, fazendo as adaptações possíveis. “Teremos de criar excepcionalidades para os dias do evento. Não tenho a menor dúvida de que o Brasil não perderá sua soberania”, opinou.

Aldo Rebelo
Já o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) afirmou que o governo está muito acanhado na defesa do projeto. “Temos de ter um debate não só com o novo ministro do Esporte, Aldo Rebelo, mas com todos aqueles que participaram da elaboração do texto”, declarou. “Só a Fifa pode fazer o evento; se o Brasil quer sediá-lo, terá que aceitar algumas regras”, ressaltou.

Ao final da audiência, a comissão especial aprovou o requerimento de realização de audiência pública com o ministro Aldo Rebelo. Segundo o presidente da comissão, também já foi aprovado pelo colegiado pedido de audiência com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.

 

Reportagem – Lara Haje
Edição – Marcelo Oliveira

Foto/Fonte: Agência Câmara de Notícias
 
 


 

Notícias

É válida escuta autorizada para uma operação e utilizada também em outra

24/02/2011 - 10h16 DECISÃO É válida escuta autorizada para uma operação e utilizada também em outra Interceptações telefônicas autorizadas em diferentes operações da Polícia Federal não podem ser consideradas ilegais. Essa foi a decisão da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) ao...

Estatuto da família

  Deveres do casamento são convertidos em recomendações Por Regina Beatriz Tavares da Silva   Foi aprovado em 15 de dezembro de 2010, pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados, um projeto de lei intitulado Estatuto das Famílias (PL 674/2007 e...

Casal gay ganha guarda provisória de criança

Extraído de JusBrasil Casal gay ganha guarda de menino no RGS Extraído de: Associação do Ministério Público de Minas Gerais - 1 hora atrás Uma ação do Ministério Público de Pelotas, que propõe a adoção de um menino de quatro anos por um casal gay, foi acolhida ontem pela juíza substituta da Vara...

Mais uma revisão polêmica na Lei do Inquilibato

Mais uma revisão polêmica na Lei do Inquilibato A primeira atualização da Lei do Inquilinato (8.245/91) acabou de completar um ano com grande saldo positivo, evidenciado principalmente pela notável queda nas ações judiciais por falta de pagamento do aluguel. (Outro efeito esperado era a redução...

Recebimento do DPVAT exige efetivo envolvimento do veículo em acidente

24/02/2011 - 08h08 DECISÃO Recebimento do DPVAT exige efetivo envolvimento do veículo em acidente É indevida a indenização decorrente do seguro de danos pessoais causados por veículos automotores de via terrestre, o DPVAT, se o acidente ocorreu sem o envolvimento direto do veículo. A decisão é da...

Função delegada

  Vistoria veicular por entidade privada não é ilegal Por Paulo Euclides Marques   A vistoria de veículos terrestres é atividade regulada pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran), em atendimento ao disposto nos artigos 22, inciso III, e artigos 130 e 131 do Código de Trânsito...