Emendas legislativas ao Orçamento melhoram indicadores sociais

Apesar de distorções políticas na distribuição de emendas, a pesquisa concluiu que os valores pagos têm efeitos na redução da pobreza e da desigualdade

28/07/2015 - 14h07

Emendas legislativas ao Orçamento melhoram indicadores sociais, aponta estudo

Marcos Santos/USP Imagens
Economia - Geral - índices superavit recursos verbas inflação orçamento
Municípios que receberam recursos de emendas parlamentares por mais tempo reduziram a mortalidade infantil, aumentaram a geração de emprego formal e incrementaram os salários
 

Estudo demonstra que a alocação de emendas orçamentárias apresenta efeitos positivos na melhora de diversos indicadores econômicos e sociais dos municípios beneficiados. Apesar de apresentar distorções políticas na sua distribuição, a pesquisa concluiu que o número de emendas, a sua liquidação e os valores pagos têm efeitos na redução da pobreza e da desigualdade.

De acordo com o levantamento, municípios que receberam recursos de emendas parlamentares por mais tempo reduziram a mortalidade infantil, bem como aumentaram a geração de emprego formal e incrementaram o salário formal na esfera municipal.

Os resultados foram apresentados na Câmara dos Deputados pelo coordenador da pesquisa, o cientista político Lúcio Rennó, da Universidade de Brasília. O estudo está voltado à alocação das emendas orçamentárias e aos impactos nos indicadores de qualidade de vida, pobreza e desigualdade nos municípios brasileiros, entre 1998 e 2010.

Combate à desigualdade
Este é o primeiro banco de dados dessa natureza construído no País e que investiga a influência do Poder Legislativo no combate à pobreza e à desigualdade, explicou Rennó. "As emendas têm sim um efeito importante na melhoria da qualidade de vida do cidadão brasileiro, reduzindo questões como a mortalidade infantil, melhorando a educação, aumentando o desenvolvimento dos municípios no nosso País”, destacou o cientista. “Elas têm também alguns problemas, pois são distribuídas de forma um pouco concentrada e sofrem pressões políticas para sua alocação."

Orçamento impositivo
Em março deste ano, o Congresso Nacional promulgou a Emenda Constitucional 86, que torna impositiva a execução das emendas individuais dos parlamentares ao Orçamento da União, cuja proposta ficou conhecida como PEC do Orçamento Impositivo.

Para o deputado Léo de Brito (PT-AC), com a aprovação do Orçamento Impositivo a tendência é se avançar em políticas públicas: "Eu acredito que com o orçamento impositivo nós vamos poder avançar cada vez mais, porque vamos ter a liberação completa das emendas. E tudo isso é muito importante, sobretudo para os estados mais pobres e para localidades mais pobres".

O texto que criou o orçamento impositivo obriga o Poder Executivo a executar as emendas parlamentares ao Orçamento até o limite de 1,2% da receita corrente líquida realizada no ano anterior. Em 2015, isso significa quase R$ 10 bilhões (R$ 9,69 bilhões) em emendas. Metade do valor deverá ser aplicada na saúde, o que inclui o custeio do Sistema Único de Saúde (SUS).

Prêmio
O estudo conduzido pelo professor Rennó recebeu, em 2013, o Prêmio do Tesouro Nacional (XVIII edição) no tema "Economia do Setor Público". A pesquisa foi elaborada em coautoria com o consultor do Instituto de Política Econômica Aplicada (Ipea) Carlos Eduardo Pereira Filho, professor titular na Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Em seu estudo, Lúcio Rennó afirma que cabe pensar em mecanismos que aumentem a coordenação e planejamento sobre a alocação de tais recursos, ainda mais quando se considera a possibilidade de reforma do orçamento público, tornando as emendas impositivas.

Coletivas
A publicação do estudo e o período por ele analisado é anterior à PEC do Orçamento Impositivo, o que, de alguma forma, antecipa e fortalece a aprovação da proposta que obrigou a aplicação das emendas individuais. Já no início deste mês (8), a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara aprovou a admissibilidade da PEC 2/15, do deputado Hélio Leite (DEM-PA), que torna obrigatória a execução das emendas coletivas – de bancadas estaduais e comissões permanentes – ao projeto da Lei Orçamentária Anual (LOA)
. A proposta ainda precisa ser votada pelos Plenários da Câmara e do Senado.

Reportagem – Thyago Marcel
Edição – Newton Araújo
Origem da Foto em destaque/Fonte: Agência Câmara Notícias

 

Notícias

Recebimento do DPVAT exige efetivo envolvimento do veículo em acidente

24/02/2011 - 08h08 DECISÃO Recebimento do DPVAT exige efetivo envolvimento do veículo em acidente É indevida a indenização decorrente do seguro de danos pessoais causados por veículos automotores de via terrestre, o DPVAT, se o acidente ocorreu sem o envolvimento direto do veículo. A decisão é da...

Função delegada

  Vistoria veicular por entidade privada não é ilegal Por Paulo Euclides Marques   A vistoria de veículos terrestres é atividade regulada pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran), em atendimento ao disposto nos artigos 22, inciso III, e artigos 130 e 131 do Código de Trânsito...

Compreensão do processo

  Relações de trabalho exigem cuidado com contrato Por Rafael Cenamo Juqueira     O mercado de trabalho passou por determinadas alterações conceituais nos últimos anos, as quais exigiram do trabalhador uma grande mudança de pensamento e comportamento, notadamente quanto ao modo de...

Portal da Transparência

CNJ lança Portal da Transparência do Judiciário na internet Quinta, 20 de Janeiro de 2011     Informações sobre receitas e despesas do Poder Judiciário federal estão disponíveis no Portal da Transparência da Justiça (https://www.portaltransparencia.jus.br/despesas/), criado pelo Conselho...

Dentista reclama direito a aposentadoria especial

Quarta-feira, 19 de janeiro de 2011 Cirurgião dentista que atua no serviço público de MG reclama direito a aposentadoria especial Chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF) Reclamação (Rcl 11156) proposta pelo cirurgião dentista Evandro Brasil que solicita o direito de obter sua aposentadoria...

OAB ingressará com Adins no STF contra ex-governadores

OAB irá ao Supremo propor cassação de pensões para os ex-governadores Brasília, 17/01/2011 - O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Ophir Cavalcante, afirmou hoje (17) que a OAB ingressará com ações diretas de inconstitucionalidade (Adins) no Supremo Tribunal Federal contra todos...