Empresários defendem desonerar cadeia produtiva da reciclagem

Origem da Imagem/Fonte: Agência Câmara Notícias

05/09/2017 - 20h29

Empresários defendem desonerar cadeia produtiva da reciclagem

Segundo o deputado Carlos Gomes, a desoneração da cadeia de reciclagem, avaliada em R$ 4 bilhões anuais, seria compensada pela redução do gasto com passivo ambiental

 
Cleia Viana/Câmara dos Deputados
Audiência pública sobre os avanços e desafios da logística reversa
Debatedores defenderam redução tributária de matéria-prima reciclada para que o setor se beneficie da Política Nacional de Resíduos Sólidos

Empresários defenderam durante audiência da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados, a redução tributária de matéria-prima reciclada para alavancar o setor. Representante do Ministério de Meio Ambiente falou que medida enfrenta dificuldades dentro do próprio Executivo.

Para o presidente do Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre), Victor Bicca, é essencial desonerar a cadeia produtiva de reciclagem. “Se a gente não desonerar, não vamos avançar. Porém, no momento que estamos, conseguir a desoneração é muito complexo”.

O diretor do Departamento de Sustentabilidade da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), João Carlos Redondo, afirmou que a inovação com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/10) não foi acompanhada com mudanças tributárias.

Eles participaram de debate da comissão sobre avanços e desafios na implementação da logística reversa, prevista na política nacional. Pela lei, a logística reversa é definida como um instrumento de desenvolvimento econômico e social para viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento ou outra destinação final ambientalmente adequada.

Tributo
O presidente da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), Carlos Roberto Vieira Filho, defendeu também a criação de um tributo específico para financiar a coleta seletiva. O valor seria reduzido à medida que o consumidor onerasse menos o serviço de limpeza urbana. “Os serviços de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos são um serviço público como qualquer outro e precisam ter um instrumento de remuneração específica pelo uso desses serviços", afirmou.

A diretora do Departamento de Gestão de Resíduos do Ministério do Meio Ambiente, Zilda Maria Veloso, afirmou que a defesa de incentivos à reciclagem enfrenta dificuldades dentro do próprio Executivo. “Esses incentivos são entendidos como regalias. Acho que esse é um ponto importante para se debater”, disse. De acordo com ela, as políticas de resíduos sólidos exitosas ao redor do mundo foram feitas com incentivos à área.

“Não é justo que ele pague um imposto na hora de ser vendido para seu primeiro consumidor e depois para retomar a reciclagem ele pague novamente o mesmo imposto”, disse Zilda Veloso, em relação à bitributação da matéria-prima reciclada.

Agrotóxicos
O nível de reciclagem no País varia muito, segundo o ministério, pela existência e eficácia dos acordos setoriais de cada cadeira produtiva. Enquanto a indústria de agrotóxico recicla mais de 90% das embalagens, não há acordo sobre a reciclagem com a indústria farmacêutica.

Para o 2º vice-presidente da comissão, deputado Carlos Gomes (PRB-RS), que propôs a audiência, o impacto orçamentário com uma eventual desoneração da cadeia de reciclagem, avaliada em R$ 4 bilhões anuais, seria compensada pela redução do gasto com passivo ambiental. “O governo federal gasta hoje para tratar os brasileiros que adoecem devido à má destinação dos resíduos sólidos em torno de R$ 4 bilhões. Então ele não ia perder nada. Pelo contrário, ia arrecadar mais", disse.

Reportagem - Tiago Miranda
Edição - Roberto Seabra
Agência Câmara Notícias
 

 

Notícias

Artigo - ITCMD e doações com elementos no exterior: tema superado?

Artigo - ITCMD e doações com elementos no exterior: tema superado? A incidência do Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD) em heranças e doações que envolvam doadores e bens de propriedade de de cujus no exterior tem sido objeto de intensos debates no Brasil. Em 2021, em sede do...

Penhora de bem alienado fiduciariamente por dívidas propter rem

Penhora de bem alienado fiduciariamente por dívidas propter rem Flávia Vidigal e Priscylla Castelar de Novaes de Chiara O STJ mudou seu entendimento sobre a penhorabilidade de imóveis alienados fiduciariamente em execuções de despesas condominiais, reconhecendo a possibilidade de penhorar o bem,...

Ministro do STJ exclui área ambiental do cálculo de pequena propriedade rural

Impenhorabilidade Ministro do STJ exclui área ambiental do cálculo de pequena propriedade rural STJ decidiu que, para impenhorabilidade, apenas a área produtiva de pequenas propriedades rurais deve ser considerada, excluindo-se a área de preservação ambiental. Decisão baseou-se em assegurar que...

Tribunal nega registro civil tardio de casamento de bisavós

Tribunal nega registro civil tardio de casamento de bisavós 20/07/2021 Prova de existência de filhos não é suficiente. A 5ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo manteve decisão do juiz Seung Chul Kim, da 1ª Vara Cível de Cotia, que negou pedido de registro tardio de...

Inseminação caseira: Veja impacto jurídico da prática não regulada no país

Reprodução assistida Inseminação caseira: Veja impacto jurídico da prática não regulada no país Recente decisão do STJ, reconhecendo dupla maternidade em caso de inseminação caseira, denota a urgência do tema. Da Redação segunda-feira, 4 de novembro de 2024 Atualizado às 09:56 Registrar o...