Estudo comprova situação ruim de calçadas das capitais brasileiras

Dados foram apresentados em audiência pública da Subcomissão Temporária Sobre Mobilidade Urbana
Edilson Rodrigues/Agência Senado

Estudo comprova situação ruim de calçadas das capitais brasileiras

Anderson Vieira | 06/12/2019, 13h45

Pesquisa feita em 2019 para avaliar as condições das calçadas mantidas diretamente pelo poder público revelou que nenhuma das 27 capitais brasileiras conseguiu chegar à média mínima aceitável de oito pontos numa escala de zero a dez. Mesmo as médias mais altas ficaram ainda abaixo de sete. Os dados foram apresentados pela arquiteta Marília Hildebrand, representante do Portal Mobilize, em audiência pública da Subcomissão Temporária sobre Mobilidade Urbana, ligada à Comissão de Direitos Humanos (CDH). A reunião foi realizada na manhã desta sexta-feira (6). 

A Campanha Calçadas do Brasil 2019 é uma iniciativa de organizações que lutam para melhorar a "caminhabilidade" nas cidades brasileiras. A lista de problemas encontrados é extensa e vai desde buracos à ocupação indevida de espaços. As ações de concessionárias de energia elétrica, comunicações e saneamento, que destroem e não recompõem os pavimentos também foram notadas. 

Ranking das calçadas
1º São Paulo: 6,93 9º Boa Vista : 6,13 17º Aracaju: 5,35 25º Cuiabá: 4,79
2º Belo Horizonte: 6,84 10º Rio de Janeiro: 6,12 18º Porto Velho: 5,34 26º Fortaleza: 4,53
3º Florianópolis: 6,73 11º Curitiba: 6,02 19º Rio Branco: 5,28 27º Belém: 4,52
4º Porto Alegre: 6,53 12º Recife: 5,92 20º Macapá: 5,13  
5º Goiânia: 6,39 13º Vitória: 5,84 21º Maceió: 5,04  
6º Campo Grande: 6,29 14º Natal: 5,78 22º Teresina: 4,92  
7º Brasília: 6,25 15º Manaus: 5,71 23º São Luís: 4,89  
8º João Pessoa: 6,23 16º Palmas: 5,46 24º Salvador: 4,86  

— Os resultados mostram que todas as capitais ficaram entre ruim e regular. A nota mais alta, obtida por São Paulo, foi 6,93, que não chega a ser uma nota boa. Belém, que ficou na pior posição, obteve 4,52. A média nacional ficou em 5,71. Ou seja, nem a capital paulista, que ficou em primeiro, teve uma nota aceitável — analisou Marília Hildebrand (veja os números no quadro abaixo)

Ela disse ainda que cultura da mobilidade voltada somente ao carro penaliza as calçadas em diversos aspectos. 

— O mais grave desta observação é que todos os 835 locais avaliados estão sob responsabilidade direta dos governos, em seus três níveis. São escolas, hospitais, creches, mercados, terminais de transporte, estádios e outros equipamentos que deveriam ser exemplares na acolhida aos usuários, desde as ruas próximas. Se o poder público não se adapta aos critérios mínimos, como esperar que o morador cuide adequadamente de sua calçada? — indagou. 

Estudos

O integrante da Organização Andar a Pé Wilde Cardoso Gontijo Júnior citou uma série de benefícios — comprovados por pesquisas — gerados pela caminhada. Ele lembrou que andar a pé é bom para a saúde do ser humano, pois o tira do sedentarismo; é bom para as cidades, pois desonera o transporte coletivo, humaniza o espaço urbano e reduz a poluição; e ainda traz vantagens econômicas, pois os setores de comércio e serviços ganham com a circulação de pessoas nas ruas. 

— Andar a pé pode não estar na moda, mas se entrar todo mundo vai querer. Existem vários estudos que comprovam as vantagens de usar o próprio corpo para o deslocamento. Temos que reverter todo esse ambiente contrário ao mobilismo — afirmou. 

Senado

A consultora legislativa Karin Kässmayer, gestora do Núcleo de Coordenação de Ações Socioambientais do Senado, apresentou detalhes do Plano de Acessibilidade Casa, que está na terceira versão, com vigência de 2019 a 2021. São seis eixos temáticos, englobando infraestrutura; acesso à informação; mobilidade; gestão de pessoas; educação para acessibilidade e gestão para acessibilidade. 

Ela citou uma série de ações em andamento, que vão desde obras nos prédios físicos à aquisição de cadeiras de rodas, à capacitação de servidores para lidar com pessoas com deficiência e à contratação de estagiários e trabalhadores com deficiência. 

No comando da reunião, o senador Paulo Paim, presidente da CDH, que tem funcionários com deficiência em seu gabinete, disse ser testemunha das ações que vêm sendo implementadas e afirmou que o Senado tem evoluído muito nessa área. 

A audiência desta sexta-feira foi realizada a pedido da senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP) e do senador Acir Gurgacz (PDT-RO). Também participaram o consultor legislativo da Câmara dos Deputados Frederico de Moura Carneiro; o chefe de gabinete da Secretaria Nacional de Mobilidade do Ministério do Desenvolvimento Regional, Higor de Oliveira Guerra, e a coordenadora da Comissão de Acessibilidade do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Simone Pinheiro Machado de Souza. 

A Subcomissão Temporária Sobre Mobilidade Urbana foi instalada em maio deste ano, por iniciativa de Gurgacz, para debater a situação do tema nos municípios brasileiros. 

Veja aqui as apresentações dos convidados. 

Alguns dos principais problemas encontrados
• Ações de concessionárias de energia, comunicações e saneamento, além dos órgãos de trânsito, que destroem e não recompõem pavimentos
• Falta de pintura de faixas de pedestre, inclusive no caso das operações tapa-buracos
• Falta de manutenção em geral
• Falta de manutenção na iluminação das faixas de pedestres existentes
• Rampas de acessibilidade inexistentes ou sem manutenção
• Peças de piso tátil soltas, faltantes e, algumas vezes, isoladas em determinados equipamentos
• Falta de mobiliário urbano, como lixeiras e bancos
• Semáforos sem sinalização sonora, além de botoeiras que não funcionam
• Excessos de postes dificultando a passagem (São Paulo, Rio de Janeiro)
• Tampas de inspeção desniveladas em relação ao piso
• Ocupação indevida de calçadas
• Calçadas com larguras irregulares e estreitamentos
• Raízes de árvores que extrapolam a regularidade do piso
• Utilização de material inadequado e irregular na pavimentação
• Falta de sinalização em saídas de garagens e áreas de circulação de veículos próximas aos edifícios
• Falta de continuidade no trajeto dos pedestres

Fonte: Relatório Calçadas do Brasil 2019

Extraído de Fonte: Agência Senado

Notícias

Função delegada

  Vistoria veicular por entidade privada não é ilegal Por Paulo Euclides Marques   A vistoria de veículos terrestres é atividade regulada pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran), em atendimento ao disposto nos artigos 22, inciso III, e artigos 130 e 131 do Código de Trânsito...

Compreensão do processo

  Relações de trabalho exigem cuidado com contrato Por Rafael Cenamo Juqueira     O mercado de trabalho passou por determinadas alterações conceituais nos últimos anos, as quais exigiram do trabalhador uma grande mudança de pensamento e comportamento, notadamente quanto ao modo de...

Portal da Transparência

CNJ lança Portal da Transparência do Judiciário na internet Quinta, 20 de Janeiro de 2011     Informações sobre receitas e despesas do Poder Judiciário federal estão disponíveis no Portal da Transparência da Justiça (https://www.portaltransparencia.jus.br/despesas/), criado pelo Conselho...

Dentista reclama direito a aposentadoria especial

Quarta-feira, 19 de janeiro de 2011 Cirurgião dentista que atua no serviço público de MG reclama direito a aposentadoria especial Chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF) Reclamação (Rcl 11156) proposta pelo cirurgião dentista Evandro Brasil que solicita o direito de obter sua aposentadoria...

OAB ingressará com Adins no STF contra ex-governadores

OAB irá ao Supremo propor cassação de pensões para os ex-governadores Brasília, 17/01/2011 - O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Ophir Cavalcante, afirmou hoje (17) que a OAB ingressará com ações diretas de inconstitucionalidade (Adins) no Supremo Tribunal Federal contra todos...

Desmuniciamento de arma não conduz à atipicidade da conduta

Extraído de Direito Vivo Porte de arma de fogo é crime de perigo abstrato 14/1/2011 16:46   O desmuniciamento da arma não conduz à atipicidade da conduta, bastando, para a caracterização do delito, o porte de arma de fogo sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar....