"Eu Assumi"

Em 2013 foram feitos 7.649 transplantes de órgãos sólidos no Brasil. A fila de espera por um órgão era de quase 24 mil pessoas  Arquivo/Elza Fiúza/Agência Brasil

Primeiro transplante faz 50 anos e falta de diálogo dificulta doação de órgãos

27/04/2014 16h56  Brasília

Aline Leal - Repórter da Agência Brasil Edição: Valéria Aguiar

Depois de 50 anos do primeiro transplante de órgãos no Brasil, ainda são muitas as famílias que se recusam a doar os órgãos de um parente que teve morte cerebral. Segundo o cirurgião-geral presidente da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), Lúcio Pacheco, para que haja uma mudança, as pessoas devem se declarar doadoras para seus parentes, e não adiar essa conversa para situações de emergência.

Dados de 2013 mostram que, em todo o Brasil, 47% das famílias se recusaram a doar os órgãos dos seus entes que tiveram morte cerebral, um número maior do que o de 2012, que teve 42% de recusa, segundo a ABTO. “O brasileiro não mudou, continua sendo povo generoso. A mudança talvez tenha sido que o brasileiro tem conversado menos sobre o assunto em casa. A campanha feita pela ABTO é exatamente no sentido de as pessoas falarem sobre isso com seus parentes”, avalia Pacheco.

A campanha "Eu Assumi", lançada este mês pela ABTO pretende estimular as pessoas a se declararem doadoras em casa, para suas famílias. Outra ferramenta que pode ser usada para esta declaração são as redes sociais. “Mas é importante ressaltar que a doação só pode ser feita depois da morte cerebral. Nenhum documento feito em vida é válido para a doação de órgãos. A decisão é da família, que costuma seguir a orientação do ente que morreu”, explicou o cirurgião.

Saiba Mais
Casos de repercussão na mídia ajudam a aumentar doação de órgãosSegundo Pacheco, quando a mídia divulga casos de doação de órgãos, há um estímulo à conversa sobre o assunto. “Quando houve o caso trágico do assassinato da Eloá em Santo André (São Paulo), o índice de doação chegou a 90%. As pessoas discutiram o tema e expuseram que eram doadoras. Isso mostra que só falta diálogo“.

Dados da ABTO mostram que o Brasil ocupa o trigésimo lugar em número de transplantes quando este número é relacionado ao número de habitantes do país. Já em número absoluto de cirurgias, o país só perde para os Estados Unidos.

Em 2013 foram feitos 7.649 transplantes de órgãos sólidos no Brasil. Até o final de 2013 a fila de espera por um órgão era de quase 24 mil pessoas.

Para o presidente da Associação dos Doentes e Transplantados Hepáticos do Estado do Rio de Janeiro, Carlos Roberto Cabral, que recebeu um fígado há 11 anos, faltam campanhas informativas sobre o tema. “As campanhas costumam ser mais emocionais do que informativas. Precisamos que as pessoas saibam como funciona a doação, que ela não oferece riscos, como é detectada a morte encefálica...”, defendeu Cabral.

Ele recebeu o fígado depois de dois anos na fila de espera. Cabral sofria de colangite esclerosante primária e já não sentia o sabor dos alimentos. “Fui internado 28 vezes em três anos. Eu tinha crises com dores horríveis que podiam me levar a morte”, lembrou Cabral, que depois do transplante tem uma vida normal.

O primeiro transplante de órgão feito no Brasil aconteceu em 19 de abril de 1964, quando um rim foi transplantado no Rio de Janeiro. O rim é o órgão mais transplantado em todo o mundo, seguido pelo fígado.

 

Agência Brasil

Notícias

Guerra fiscal

  Lei não pode dar incentivo sem acordo entre estados O Supremo Tribunal Federal assumiu papel importante na guerra fiscal entre os estados brasileiros na quarta-feira (1º/6). Por decisão unânime do Plenário, definiu que os estados não podem conceder benefícios fiscais sem acordo entre todas...

Ministro da Saúde reconhece no Judiciário brasileiro um aliado da pasta

Ministro diz que proximidade com Judiciário ajuda a reduzir demandas na área de saúde 02/06/2011 - 12h02 JustiçaSaúde Paula Laboissière Repórter da Agência Brasil Brasília – O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou hoje (2) que reconhece no Judiciário brasileiro um aliado da pasta....

Manutenção da penhora em residência de família

Supremo Tribunal Federal (STF) Segunda-feira, 30 de maio de 2011   Ministro mantém penhora de imóvel residencial dado como garantia hipotecária   O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes negou pedido do empresário O.S. para que fosse suspensa decisão do Tribunal de...

Saúde do consumidor

  Plano de saúde não pode escolher tratamento Não se justifica a negativa de cobertura contratual para a realização de cirurgia bariátrica para redução dos sintomas de diabetes tipo II, uma vez que a operadora do plano de saúde não está autorizada a fazer a escolha do método mais adequado...

Reparação de danos por demora na transferência de propriedade

Extraído de Boletim Jurídico Compradora de veículo terá de reparar danos por demora na transferência de propriedade Inserido em 19/5/2011 Fonte: TJRS A 19ª Câmara Cível do TJRS reformou sentença proferida em 1ª Instância no Juízo de Santo Cristo e condenou ao pagamento de R$ 5 mil, por danos...

Incidente de inconstitucionalidade

30/05/2011 - 13h32 EM ANDAMENTO Norma do Código Civil sobre regime sucessório em união estável é alvo de incidente de inconstitucionalidade A Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) suscitou incidente de inconstitucionalidade dos incisos III e IV do artigo 1.790 do Código Civil,...