Existe futuro para o etanol, desde que exista demanda

Ernesto Cavasin Neto (E), Manoel Leal, o senador Fernando Collor e Gonçalo Pereira (D)

20/05/2013 - 21h15 Comissões - Infraestrutura - Atualizado em 20/05/2013 - 21h26

Produção de etanol precisa ser alvo de políticas públicas, diz pesquisador

 Paulo Sérgio Vasco 

As políticas públicas precisam ser adaptadas para a produção atual de etanol, assim como é necessária uma negociação séria entre o governo e o setor sucroalcooleiro para a definição de metas de produção.

A observação foi feita nesta segunda-feira (20) pelo coordenador do Programa de Sustentabilidade do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol, Manoel Regis Leal, em audiência pública sobre a produção de combustíveis líquidos e gases (biomassa).

A audiência, conduzida pelo senador Fernando Collor (PTB-AL), fez parte do primeiro ciclo de debates Energia e Desenvolvimento do Brasil, promovido pela Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI), e constituiu o oitavo painel do tema Investimento e Gestão: desatando o nó logístico do país.

Leal frisou que o sucesso do etanol de primeira geração esteve relacionado ao desenvolvimento tecnológico e a adoção de políticas públicas. Sem essa conjugação de fatores, afirmou, é muito difícil obter sucesso na produção de qualquer tipo de energia alternativa.

A perda de competitividade frente à gasolina representa, na visão dele, um dos maiores problemas para o etanol, assim como o aumento dos custos de produção e a falta de verbas de investimento, já que a maioria das usinas não tem condição de obter recursos do governo pelo nível de endividamento.

Leal observou que os investimentos para melhoria do motor a álcool são pífios em relação à melhoria do motor a gasolina, o que faz com que as montadoras invistam no grande mercado, e deixem de pensar naquele de pequenas proporções. Ele lembrou ainda que, desde a crise global de 2008, o setor sucroalcooleiro apresenta baixo dinamismo.

– Existe futuro para o etanol, desde que exista demanda. O trunfo que temos é a integração da agricultura, pecuária e floresta, e o uso da palha para bionergia. Com isso, podemos usar de maneira mais inteligente a terra disponível, sem impactar na produção de alimentos, com ganho para todos – afirmou.

Vantagem

Já o vice-presidente de Tecnologia da empresa Granbio e professor da Unicamp, Gonçalo Pereira, disse que o avanço tecnológico ocorrido nos últimos anos na produção de etanol representa uma vantagem competitiva para o país.

– Nossa extraordinária engenharia genética, aplicada a microrganismos, vai converter o açúcar nos mais variados produtos renováveis, replicando a petroquímica. O que faz a diferença hoje em dia é o preço da matéria prima e a capacidade de fazer fermentação – afirmou.

Pereira disse que o Brasil vive um momento extraordinário, e que o desafio do país é saber como usar ciência de alto nível e convertê-la em tecnologia, fazendo com que a sociedade perceba o valor da produção de cana.

– O Brasil tem hoje capacidade de produzir leveduras sob medida para captação de açúcar de alta produtividade, com introdução dos genes certos para a produção de diferentes produtos, não só etanol, mas os mais diversos da petroquímica, de forma absolutamente sustentável – afirmou.

Pereira observou, porém, que o Brasil precisa avançar na área regulatória, visto que o país teria uma regulação muito defensiva, ao mesmo tempo de que dispõe de recursos de enorme eficiência.

Fonte de energia

Para o gerente-executivo da Price Waterhouse Coopers (PWC), Ernesto Cavasin Neto, o Brasil é uma fonte de recursos naturais que, se bem utilizados, podem transformar o país numa fonte de energia para o mundo, sobretudo com a biomassa, oriunda ou não da cana-de-açúcar.

Ele observou que 80% da energia consumida no mundo até 2040 virão do petróleo e do carvão. Ele destacou ainda que a produção eólica já é realidade na Europa e tem como ponto de expansão a Ásia e a América do Sul. Cavasin lembrou que a energia nuclear começou a tomar corpo como solução ambiental, mas  passou a ser fonte de questionamento  após o acidente nuclear na usina de Fukushima, no Japão, em 2011.

O representante da PWC também defendeu a troca de conhecimentos entre os antigos e novos pesquisadores do setor de energia, e destacou que as questões ambientais ganham força na sociedade, visto que 18% do consumo de água no mundo são usados para a geração de energia. Segundo ele, a maior parte da demanda virá da Ásia, Oriente Médio e América do Sul – afirmou.

Riqueza

O investimento em ciência e tecnologia também foi defendido pelo senador Inácio Arruda (PCdoB-CE), como forma de dar condições para o país transformar energia em riqueza.

Antes de encerrar o debate, o presidente da CI, Fernando Collor (PTB-AL), destacou a publicação, no Diário Oficial da União (DOU) desta data, da Medida Provisória (MP) 615/2013, que autoriza o pagamento de auxílio extraordinário aos produtores da safra 2011/2012 de cana de açúcar no Nordeste, atingidos pela pior seca dos últimos 50 anos na região.

 

Agência Senado

 

Notícias

Cláusulas restritivas nas doações de imóveis

Cláusulas restritivas nas doações de imóveis Hainer Ribeiro O CC regula cláusulas restritivas como inalienabilidade, incomunicabilidade e impenhorabilidade, protegendo bens doados e limitando sua alienação. terça-feira, 19 de novembro de 2024 Atualizado em 18 de novembro de 2024 13:34 Cláusulas...

TRF-1 suspende leilão de imóvel por falha no procedimento de intimação

TEM QUE AVISAR TRF-1 suspende leilão de imóvel por falha no procedimento de intimação 18 de novembro de 2024, 12h31 O magistrado ainda apontou que não havia nenhum documento que demonstrasse que o credor tentou promover a intimação pessoal do recorrente por meio dos Correios, com aviso de...

Entenda PEC que quer o fim da escala de trabalho de 6x1

Trabalho Entenda PEC que quer o fim da escala de trabalho de 6x1 Texto foi proposto pela deputada Erika Hilton e depende do apoio de 171 parlamentares para ser analisada no Congresso. Da Redação segunda-feira, 11 de novembro de 2024 Atualizado às 12:07 Uma PEC - proposta de emenda à constituição...