Ganhador do Nobel da Paz 2014 pede prioridade para investimento em educação pública

Luis Macedo/Câmara dos Deputados
Satyarthi: "Nós temos que dar um fim ao trabalho infantil e à escravidão infantil. Nós temos o comprometimento internacional. O investimento em educação é a chave"

12/06/2017 - 20h25

Ganhador do Nobel da Paz 2014 pede prioridade para investimento em educação pública

Ativista indiano Kailash Satyarthi foi homenageado na Câmara dos Deputados por ocasião do Dia Internacional de Combate ao Trabalho Infantil

 
Luis Macedo/Câmara dos Deputados
Prêmio Nobel da Paz de 2014 Kailash Satyarthi, durante sessão Solene
Satyarthi: "Nós temos que dar um fim ao trabalho infantil e à escravidão infantil. Nós temos o comprometimento internacional. O investimento em educação é a chave"

A Câmara dos Deputados homenageou nesta segunda-feira (12), em sessão solene, o ativista indiano Kailash Satyarthi, que recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 2014 por sua luta contra a exploração infantil e pelo direito à educação. A homenagem ocorreu no Dia Internacional de Combate ao Trabalho Infantil.

Kailash Satyarthi agradeceu a homenagem e elogiou a legislação brasileira de combate ao trabalho escravo e ao trabalho infantil. Ele destacou o papel do Congresso Nacional em garantir um futuro melhor para milhões de crianças do País e pediu prioridade para o investimento em educação pública.

"Nós temos que dar um fim ao trabalho infantil e à escravidão infantil. Nós temos o comprometimento internacional. Eu espero e faço um apelo. O investimento em educação é a chave", afirmou.

Em discurso lido pela deputada Professora Dorinha Seabra Rezende (DEM-TO), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, afirmou que "combater trabalho precoce é romper o ciclo vicioso da miséria e da ignorância em qualquer lugar do mundo, inclusive no Brasil".

Trabalho infantil
O ativista indiano está no Brasil para o lançamento da Iniciativa Global 100 milhões por 100 milhões, campanha com o objetivo de mobilizar 100 milhões de pessoas na luta pelos direitos de 100 milhões de crianças que vivem em situação de trabalho infantil no mundo
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Alex Ferreira/Câmara
Homenagem ao Prêmio Nobel da Paz de 2014 Kailash Satyarthi. Dep. Glauber Braga (PSOL - RJ)
Glauber Braga: é preciso garantir o direito à educação e o respeito à vida das crianças

Um dos autores do requerimento para a sessão solene em homenagem ao ativista, o deputado Glauber Braga (Psol-RJ) disse que a homenagem ocorre em momento preocupante no Brasil. Ele apresentou dados consolidados do IBGE que mostram haver 2,7 milhões de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos em situação de trabalho infantil.

Braga salientou o recente aumento do trabalho de crianças de 5 a 9 anos, especialmente no campo. Para o deputado, a sessão solene representou um ato de articulação política.

"Para que a gente não possa, de maneira alguma, esconder essa realidade, mas pelo contrário, mostrar que ela exige articulação nacional e internacional para o seu enfrentamento, porque a gente necessariamente não quer só garantir um futuro onde crianças e adolescentes tenham o direito à educação, mas um presente onde crianças e adolescentes, como sujeitos de direitos, tenham a sua vida respeitada", declarou.

Luta pela educação
A deputada Professora Dorinha, coautora do requerimento para a homenagem, afirmou que Kailash Satyarthi é uma inspiração para quem se dedica à educação e sua presença pode sensibilizar o País para esse debate
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Alex Ferreira/Câmara
Homenagem ao Prêmio Nobel da Paz de 2014 Kailash Satyarthi. Dep. Professora Dorinha Seabra Resende (DEM - TO)
Professora Dorinha: "Sabemos o quanto a educação pode fazer diferença na vida das pessoas"

"Satyarthi, como qualquer um de nós, fez a sua luta para provocar não só seu país, mas o mundo inteiro, e nós que acreditamos e sabemos o quanto a educação pode fazer diferença na vida das pessoas, em especial das nossas crianças", disse a deputada.

O coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, lamentou que o Brasil ainda não tenha universalizado a educação nem garanta educação pública de qualidade, mas tenha incluído na Constituição um teto para os gastos com educação para os próximos 20 anos.

"A rede da Campanha Nacional pelo Direito à Educação e todos os ativistas que estão aqui presentes não vão descansar enquanto a Emenda Constitucional 95, de 2016, não for revogada. Nós não aceitamos essa emenda", afirmou.

O ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST) Lelio Bentes fez um apelo aos parlamentares. "Assegurem à educação os meios necessários, a verba indispensável, para que possamos ter educação gratuita, de qualidade, includente e emancipadora para todos os brasileiros e brasileiras", disse Bentes.

Reportagem – Geórgia Moraes
Edição – Pierre Triboli
Agência Câmara Notícias
 

 

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