Governo é contra votação de mudança na maioridade penal

Humberto Costa: mudança na maioridade não ajudaria a reduzir a violência 

17/02/2014 - 19h20 Especial - Atualizado em 18/02/2014 - 09h03

Sem apoio do governo, votação de mudança na maioridade penal permanece incerta

Da Redação 

Apesar de estar na pauta da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) para a reunião desta quarta-feira (19), a possibilidade de redução da maioridade penal está longe de acordo para votação. São seis propostas de emenda à Constituição (PEC) que aguardam um consenso mínimo dos membros da comissão.

O relator das propostas, senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), gostaria de dar celeridade ao debate, mas acusa o governo de travar a votação. De acordo com ele, o Planalto pressiona para impedir a aprovação de qualquer uma das propostas, estratégia que Ferraço considera um equívoco, já que um atraso agora pode levar a uma lei mais drástica no futuro. O senador é favorável à redução para 16 anos e apenas para alguns tipos de crime.

Pelo lado do governo, o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PT-PE), questionou nesta segunda (17) a eficácia de uma mudança na maioridade, prevista no artigo 228 da Constituição, com a finalidade de responsabilizar pessoas mais jovens por crimes. Ele disse não acreditar que “tirar perspectivas dos jovens” fará um país menos violento.

– A posição do PT é a mesma do governo: não é reduzindo a maioridade que  vamos superar o problema da violência neste país. Violência tem muitas causas sociais, econômicas e culturais que precisam ser efetivamente enfrentadas – explicou.

Na mesma linha, o senador Wellington Dias (PT-PI), membro da CCJ e ex-líder do PT no Senado, afirmou que a legenda e o governo convergem na opinião de que adultos têm de ser penalizados como adultos, e adolescentes, como adolescentes. Além disso, precisam estar em locais separados, o que favoreceria a ressocialização.

– A vida tem fases, não podemos misturá-las. Da mesma forma que homens e mulheres cumprem pena em locais distintos, é natural que os jovens estejam em lugares separados dos adultos. Essa é uma posição da qual não abrimos mão – afirmou.

Já a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), que voltou ao Congresso após passar mais de dois anos como ministra da Casa Civil, negou que o governo esteja pressionando membros da CCJ sobre o assunto.

– Não há consenso entre os senadores, e isso não é uma questão de bancada ou de partido. É um tema complexo e polêmico, e jogar a falta de consenso na conta do governo é um tanto simplista. Se os projetos que reduzem a maioridade penal não têm acordo, não se pode culpar o governo – avaliou.

Propostas

Das seis PECs que constam da pauta da CCJ, a que mais agrada Ferraço é a PEC 33/2012, do senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), que reduz a 16 anos a maioridade apenas em casos específicos e, mesmo assim, após pedido de promotor e aceitação do juiz especializado em infância e adolescência. As possibilidades de redução estariam relacionadas a crimes hediondos e a múltiplas repetições de lesão corporal grave ou roubo qualificado.

A proposta de Aloysio Nunes recomenda que a pena seja cumprida em prisões especiais, sem contato com condenados adultos – ou seja, está condizente com o discurso de Wellington Dias. Pela PEC, o jovem infrator terá que passar ainda por exames para atestar se tem ou não compreensão da gravidade do crime praticado.

Com a  PEC 33/2012, tramitam outras cinco propostas de reduzir a maioridade: para 16 anos (PECs 20/1999 e 83/2011); 15 anos (PEC 21/2013) e 15 anos apenas em homicídio doloso e latrocínio consumados ou tentados (PEC 74/2011); e para 13 anos em crimes hediondos (PEC 90/2003). Todas essas têm voto contrário do senador Ferraço.

 

Agência Senado

 

Notícias

Artigo - ITCMD e doações com elementos no exterior: tema superado?

Artigo - ITCMD e doações com elementos no exterior: tema superado? A incidência do Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD) em heranças e doações que envolvam doadores e bens de propriedade de de cujus no exterior tem sido objeto de intensos debates no Brasil. Em 2021, em sede do...

Penhora de bem alienado fiduciariamente por dívidas propter rem

Penhora de bem alienado fiduciariamente por dívidas propter rem Flávia Vidigal e Priscylla Castelar de Novaes de Chiara O STJ mudou seu entendimento sobre a penhorabilidade de imóveis alienados fiduciariamente em execuções de despesas condominiais, reconhecendo a possibilidade de penhorar o bem,...

Ministro do STJ exclui área ambiental do cálculo de pequena propriedade rural

Impenhorabilidade Ministro do STJ exclui área ambiental do cálculo de pequena propriedade rural STJ decidiu que, para impenhorabilidade, apenas a área produtiva de pequenas propriedades rurais deve ser considerada, excluindo-se a área de preservação ambiental. Decisão baseou-se em assegurar que...

Tribunal nega registro civil tardio de casamento de bisavós

Tribunal nega registro civil tardio de casamento de bisavós 20/07/2021 Prova de existência de filhos não é suficiente. A 5ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo manteve decisão do juiz Seung Chul Kim, da 1ª Vara Cível de Cotia, que negou pedido de registro tardio de...

Inseminação caseira: Veja impacto jurídico da prática não regulada no país

Reprodução assistida Inseminação caseira: Veja impacto jurídico da prática não regulada no país Recente decisão do STJ, reconhecendo dupla maternidade em caso de inseminação caseira, denota a urgência do tema. Da Redação segunda-feira, 4 de novembro de 2024 Atualizado às 09:56 Registrar o...