Maior desafio da política externa é ser reconhecida como política pública
Especialistas ouvidos pela Agência Brasil avaliam que o grande desafio da política externa brasileira, nos próximos anos, é se transformar em uma política pública Itamaraty - Arquivo/Agência Brasil
Maior desafio da política externa é ser reconhecida como política pública
19/09/2014 05h47Brasília
Danilo Macedo - Repórter da Agência Brasil Edição: Lílian Beraldo
A ascensão do Brasil como potência emergente, com expansão constante de mercado e atuação mais ativa em grandes fóruns e regiões, fez com que o país ganhasse mais visibilidade e reconhecimento internacional. Prova disso é que, hoje, brasileiros como Roberto Azevêdo e José Graziano ocupam os mais altos cargos em entidades como a Organização Mundial do Comércio (OMC) e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), respectivamente.
Apesar do patamar alcançado, especialistas ouvidos pela Agência Brasil avaliam que o país tem enfrentado dificuldades para continuar se expandindo. Segundo eles, o desafio da política externa brasileira nos próximos anos é se transformar em uma política pública, condizente com um mundo globalizado onde problemas locais repercutem em várias partes do planeta, inclusive na vida dos brasileiros.
Crises como a da Ucrânia, que afetaram as exportações brasileiras para aquela região, e a epidemia de ebola na África, que elevaram o alerta e a mobilização de recursos humanos nas fronteiras do país, são dois dos vários exemplos que comprovam como problemas aparentemente locais são cada vez mais globais, e exigem articulação política e econômica entre as nações.
Segundo o professor emérito da Universidade de Brasília (UnB) Amado Luiz Cervo, referência na área de história das relações internacionais, o próximo governo terá o desafio de manter diálogo com a sociedade, as lideranças sociais, os movimentos e setores dinâmicos da sociedade, como indústria e agropecuária, para transformar a política externa em uma política pública.
A professora da Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-Rio) Letícia Pinheiro, membro do Grupo de Reflexão sobre Relações Internacionais, concorda que para enfrentar esse desafio é necessário ampliar a participação democrática na definição das diretrizes gerais da política externa brasileira, como fonte de credibilidade e autoridade para a posição que o país assume nos temas internacionais.
“Para tanto, é de máxima importância a criação e institucionalização de um mecanismo de ampla participação social - movimentos sociais, organizações não governamentais, organizações empresariais e sindicais, instituições de estudos e centros de pesquisa, entre outros – que contribua com o Itamaraty na definição dessas diretrizes. Refiro-me à criação do Conselho Nacional de Política Externa (Conpeb), de caráter consultivo, em moldes semelhantes aos já existentes conselhos nacionais de participação em outras políticas públicas”, defende Letícia.
Agência Brasil