Ministério busca equilíbrio para abordagem de gênero na base curricular

Billy Boss/Câmara dos Deputados
Grupos contrários à ideologia de gênero se manifestaram na audiência

08/06/2017 - 15h49

Ministério busca equilíbrio para abordagem de gênero na base curricular

Forma como a pasta da Educação trata o assunto desagrada tanto a defensores dos direitos de LGBT quanto a setores mais conservadores da sociedade

 
Billy Boss/Câmara dos Deputados
Audiência pública para explicar a exclusão das expressões
O texto do BNCC causou polêmica entre os participantes de audiência pública na Comissão de Educação

O Ministério da Educação (MEC) busca um caminho de equilíbrio para respeitar as diversidades da sociedade brasileira, mas sem desagradar a determinados grupos, quando o assunto é a exclusão das expressões "orientação sexual" e "identidade de gênero" da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

Em audiência na Comissão de Educação da Câmara, nesta quinta-feira (8), o diretor de Programas da Secretaria-Executiva do MEC, Ricardo Coelho, explicou que a base, apesar de destituída de ideologia, fundamenta-se na pluralidade, na tolerância e na busca de consensos mínimos.

Prevista na Constituição e no Plano Nacional de Educação (Lei 13.005/14), a BNCC é o documento que vai estabelecer as diretrizes para as escolas seguirem ao definir os currículos. Elaborado pelo MEC, o texto referente aos ensinos infantil e fundamental está agora em análise no Conselho Nacional de Educação (CNE), que deverá concluir esse exame até o fim do ano.

Ainda que não discuta especificamente orientação sexual e identidade de gênero, a base, segundo Coelho, refere-se a gênero no sentido de desconstruir conceitos de que menino não chora ou menina não joga futebol, por exemplo.

“A base trata mais de 80 vezes de forma explícita do respeito à diversidade e à pluralidade. Isso não é algo a ser tolerado, é algo a ser respeitado e valorizado. Gênero é uma palavra que existe na língua portuguesa. Estou falando em gênero no sentido de que são atributos culturais e sociais do sexo, que mudam de acordo com a cultura, o espaço e o tempo. Isso está expresso em todas as partes da base, em diversas habilidades e conteúdos”, esclareceu o diretor.

LGBT
A abordagem, no entanto, desagrada a correntes de opiniões divergentes. De um lado, representantes dos direitos de gays, lésbicas e transexuais consideram que o assunto deve ser incluído de forma explícita na BNCC.

O coordenador do curso de Letras do Instituto Singularidades, Marcelo Ganzela, disse que sem uma orientação curricular clara a discussão vai ficar à mercê da sensibilização de professores individualmente.

Já a explicitação faria com o que assunto entrasse na formação de professores e professoras, a fim de diminuir o sofrimento de meninos e meninas na sua história escolar. Não se trata, segundo Ganzela, de perguntar a uma criança se ela quer ser menino ou menina.

“O número de crianças e jovens transexuais, gays e lésbicas é muito grande. Temos uma responsabilidade com essa parcela da população que não se sente segura na escola, que é silenciada por conta da sua identidade, não é reconhecida”, afirmou Ganzela.

“Queremos que todos aqueles que não estão na condição de homossexual ou de transgênero entendam o que é ser homossexual, o que é ser transgênero.”

Tolerância 
Também para Catarina de Almeida, da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, a base curricular precisa atender a todos os sujeitos com os quais a escola trabalha e não pode deixar gênero e orientação sexual de fora. Ela chamou a atenção para os casos de violência que têm como vítimas principalmente homossexuais e travestis, o que justificaria a inclusão.

O deputado Pedro Uczai (PT-SC), que solicitou o debate, afirmou que só o conhecimento e a compreensão de experiências humanas alheias podem aumentar a tolerância à diversidade.

“A base curricular, não garantindo isso, vai determinar quem terá visibilidade e quem serão os invisíveis e violentados na história.” 

Contrários
Representantes de movimentos religiosos levaram ao debate cartazes de repúdio à abordagem da identidade de gênero na base curricular.

Para o professor do Instituto Federal de Palmas Domenico Sturiale, a expressão “identidade de gênero” abrange em si uma contradição de termos. Isso porque “identidade” é algo que acompanha o indivíduo, ao passo que “gênero”, seria um conceito subjetivo e que varia com o tempo. 

Religião 
A exclusão do ensino religioso da BNCC também foi debatida na audiência. O representante do Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso, Elcio Cecchetti, defendeu o ensino da religião como conhecimento científico, vedada qualquer tentativa de converter alunos a determinada fé. 

Já o idealizador do Movimento Escola sem Partido, Miguel Nagib, defendeu o ensino religioso confessional mesmo, uma vez que a matrícula na disciplina seria facultativa. 

Ricardo Coelho respondeu que, com base na lei e no respeito à diversidade de crenças, o MEC decidiu pela exclusão do ensino religioso, "até para não obrigar escolas confessionais a ministrar um tipo de ensino diferente de sua doutrina".

O diretor do MEC disse ainda que quem discordar da base pode questioná-la no Conselho Nacional de Educação.

Reportagem - Noéli Nobre
Edição - Rosalva Nunes
Agência Câmara Notícias
 

 

Notícias

Falhas de juízes, procuradores e PF causam impunidade, mostra Folha

Segunda-feira, Fevereiro 27, 2012 Consultor Jurídico Falhas de juízes, procuradores e PF causam impunidade, mostra Folha Notícias de Direito Texto publicado domingo, dia 26 de fevereiro de 2012 Falhas de juízes, procuradores e PF causam impunidade Inquéritos que tiveram políticos...

Justa causa

Extraído de: Portal Nacional do Direito do Trabalho  - 3 horas atrás Turma aplica justa causa a empregador que não depositava FGTS regularmente Regra geral, o descumprimento de direitos trabalhistas, por si só, não gera a rescisão indireta do contrato de trabalho. Esse tipo de ruptura do...

Mantida suspensão de lei paraibana que tributa com ICMS compras via internet

Quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012 Mantida suspensão de lei paraibana que tributa com ICMS compras via internet Por votação unânime, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) referendou, nesta quinta-feira (23), liminar concedida em 19 de dezembro último pelo ministro Joaquim Barbosa...

Ficha Limpa não pune toda condenação por improbidade

Sexta-feira, Fevereiro 24, 2012 Consultor Jurídico Ficha Limpa não pune toda condenação ou rejeição de contas por improbidade Notícias de Direito Texto publicado quinta, dia 23 de fevereiro de 2012  Ficha Limpa não pune toda condenação por improbidade Por Eduardo...

STF declara constitucionalidade do Estatuto de Defesa do Torcedor

Quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012 STF declara constitucionalidade do Estatuto de Defesa do Torcedor Por unanimidade de votos, o Supremo Tribunal Federal (STF) declarou nesta quinta-feira (23) a constitucionalidade do Estatuto de Defesa do Torcedor (Lei 10.671/03). Inúmeros dispositivos da...

Pena alternativa para o tráfico

Ato do Senado autoriza pena alternativa para tráfico 23/02/2012 Traficantes considerados de pequeno porte agora fazem jus à substituição da pena privativa de liberdade por sanções restritivas de direito. O Senado editou resolução, no dia 15 de fevereiro, para riscar da Lei 11.343 (Lei de...