Ministro da Agricultura nega irregularidades
Foto: Beto Oliveira
03/08/2011 17:24
Ministro da Agricultura nega irregularidades e acusa Oscar Jucá
Rossi desmente denúncias feitas por ex-dirigente da Conab, mas diz que não vai processá-lo.
Beto Oliveira

Rossi (C) rebateu ainda acusação de que um terreno da Conab foi vendido por preço abaixo do mercado.
O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, rebateu na manhã desta quarta-feira as acusações do ex-diretor da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) Oscar Jucá Neto de irregularidades na pasta. Segundo ele, as únicas irregularidades denunciadas pela revista Veja que procedem são as cometidas pelo próprio Oscar Jucá, que foi punido com demissão do cargo.
Em audiência pública na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, Rossi disse que as acusações são mera “elucubração” do ex-diretor, que estaria “ressentido” com a demissão e tentou colocar “todo mundo no mesmo saco”. Porém, o ministro não pretende processá-lo. “Não quero agravar as circunstâncias desagradáveis para o irmão de Oscar Jucá ou para a sua família, embora tenha todos os elementos para processá-lo”, afirmou. Jucá Neto é irmão do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), que o teria indicado para o cargo. Segundo Rossi, o senador tratou o episódio com “lisura e correção”. “Ele disse que era para fazer o que fosse necessário”, destacou.
Caramuru Alimentos
Jucá Neto disse à Veja que a Conab estaria protelando o pagamento de R$ 14,9 milhões à gigante do mercado agrícola Caramuru Alimentos, referente a dívidas contratuais. Segundo ele, representantes da Conab estariam negociando um acerto para aumentar o montante a ser pago para R$ 20 milhões. Desse total, R$ 5 milhões seriam repassados por fora a autoridades do ministério.
O ministro negou essa negociação e informou que o pagamento à Caramuru Alimentos foi objeto de decisão judicial que transitou em julgado em abril deste ano. “Os cálculos foram determinados pela Justiça e não pela Conab. Portanto, o pagamento a ser feito respeitará a determinação do juiz e não aquilo que um diretor da Conab, qualquer que seja ele, acredite ser possível fazer”, disse. “Nenhuma tentativa de antecipar esse pagamento chegou a meu conhecimento. E, caso isso ocorresse, não se efetivaria”.
Venda de terreno
Rossi também rebateu a acusação de que um terreno da Conab situado no Setor de Clubes Norte, em Brasília, foi vendido a uma pequena empresa por preço abaixo do valor de mercado. O comprador, Hanna Massouh, seria amigo e vizinho do senador Gim Argello (PTB-DF).
O ministro afirmou que o terreno foi vendido por preço justo, em leilão público, por R$ 8,1 milhões. Rossi destacou que a avaliação feita pela Caixa Econômica Federal estipulou o preço do imóvel em R$ 8,030 milhões. “A alegação de que o terreno foi vendido por um quarto do valor, como aponta Veja, é infundada”, disse. “Além disso, diferentemente do que informa a revista, a operação de venda do terreno não foi realizada durante a minha gestão”, completou.
O ministro disse que todas essas informações foram colocadas à disposição da revista Veja antes da publicação da matéria. Segundo ele, a revista optou por ignorar as explicações e não publicá-las.
Acusações
Conforme o ministro, Oscar Jucá Neto foi demitido da Conab apenas 10 dias após ter sido nomeado para o cargo, por ter sido responsabilizado pela transferência irregular de R$ 8 milhões a uma empresa de armazenagem chamada Renascença.
Pelas normas da companhia, segundo o ministro, todo pagamento acima de R$ 50 mil deve ser encaminhado para avaliação da Advocacia-Geral da União (AGU), da diretoria colegiada da Conab e do Ministério da Agricultura, antes de ser liberado. “Oscar Jucá desobedeceu a essa norma, autorizando o pagamento por conta própria. Agora o ex-diretor tenta transformar o caso administrativo, em que foi pego cometendo irregularidades, em caso político”, destacou Rossi.
Reportagem – Lara Haje
Edição – Regina Céli Assumpção
Edição – Regina Céli Assumpção
Agência Câmara de Notícias