Novas medidas cambiais

Novas medidas cambiais vão dificultar ação de especuladores, diz ministro

27/07/2011 - 14h34
Economia
Daniel Lima
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Com as novas medidas cambiais, publicadas hoje (27) no Diário Oficial da União, o governo pretende cobrar um pedágio sobre determinadas operações e dificultar a ação de especuladores, que apostam cada vez mais na valorização do real e na queda do dólar, explicou o ministro da Fazenda, Guido Mantega. A primeira mudança, feita por meio de medida provisória (MP), permite que o Conselho Monetário Nacional (CMN) tenha poderes adicionais aos que já são estabelecidos pela Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) para restringir operações no mercado de capitais e derivativos.

O derivativo. cujo nome vem do fato de o preço derivar de outro ativo negociado no mercado financeiro para liquidação futura, é usado, muitas vezes, como proteção dos investimentos. Ele pode servir também como uma aposta dos investidores em uma queda ainda maior do dólar.

Outra medida é a que determina o registro obrigatório, sem exceções, das operações de balcão em órgãos como a BM&F. Com isso, haverá mais controle sobre esse tipo de operação. As operações de balcão não são padronizadas e têm condições estabelecidas apenas entre as partes, sem interferência de órgãos como a BM&F, onde também não precisam ser registradas.

“Isso dará mais transparência ao volume de operações com derivativos que vêm sendo realizadas no mercado. Em 2008, já tivemos problemas com derivativos chamadas de tóxicos, especulativos, e com empresas que estavam altamente alavancadas”, disse Mantega. Na época, tais empresas apostaram fortemente na desvalorização do real, mas, como se constatou depois, a moeda brasileira só fez se valorizar, colocando essas companhias em situação delicada diante do mercado.

Outro medida, adotada por decreto, permite uma elevação de até 25% no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) cobrado na chamada posição vendida de câmbio, que é quando, no mercado financeiro, uma empresa faz operações com o compromisso de entregar dólares no futuro ou pagar a variação do valor da moeda norte-americana em data combinada anteriormente.

Na prática, o decreto estabelece que posições vendidas acima de US$ 10 milhões paguem, no primeiro momento, 1% de IOF calculado em cima do que exceder os US$ 10 milhões. O imposto será apurado diariamente. Se, inicialmente, passou para US$ 11 milhões, o cálculo será sobre US$ 1 milhão. Se mudar, no dia seguinte, para US$ 12 milhões, a percentagem será cobrada sobre o US$ 1 milhão que foi acrescido à posição vendida.

“Há excesso de dólares vendidos no mercado futuro. Estão apostando que o dólar ou o real vão se valorizar e ganham quando isso acontece. É como se você assumisse uma posição vendedora”, disse Mantega. Segundo informações do Ministério da Fazenda, existem só na Bolsa de Mercadorias e Futuros cerca de US$ 25 bilhões em contratos desse tipo.

Mantega lembrou, ainda, que nessas operação, mesmo sendo apenas depositada uma margem, há, no momento, uma aposta muita grande na valorização do real e na desvalorização do dólar. Mas o real alto é prejudicial à economia brasileira, porque acaba prejudicando, entre outras coisas, as exportações, que passam a ficar cada vez mais caras em real. Segundo o ministro, uma operação no mercado futuro, onde uma empresa fica vendida em US$ 1 milhão, representa o depósito de margem de US$ 50 mil, mas, com R$ 100 milhões, a operação representa R$ 1 bilhão.

“Essa alavancagem pode expor o mercado a problemas. Portanto, com as medidas, poderemos alterar o depósito de margem a partir de agora. Não vale para as operações passadas.”

Edição: Nádia Franco
Foto: Agência Brasil
Agência Brasil

 

Notícias

Pactos conjugais e convenciais e o anteprojeto de revisão do Código Civil

Pactos conjugais e convenciais e o anteprojeto de revisão do Código Civil Luciana Faisca Nahas segunda-feira, 15 de julho de 2024 Atualizado às 06:58 A ampliação da liberdade de pactuar nas relações familiares conjugais e convivenciais é uma demanda crescente no cenário jurídico e social, e é...

Sem citação válida, ação de execução de título extrajudicial é anulada

LOCAL INCERTO Sem citação válida, ação de execução de título extrajudicial é anulada Paulo Batistella 11 de julho de 2024, 20h39 Além de anular a ação, a juíza ainda determinou que a instituição financeira pague os honorários de sucumbência, uma vez que deu causa à nulidade. Confira em Consultor...

Por abandono afetivo, mulher consegue retirar sobrenome paterno de registro

quinta-feira, 11 de julho de 2024 Por abandono afetivo, mulher consegue retirar sobrenome paterno de registro Para magistrada, manutenção do nome do suposto genitor condenaria mulher a reviver passado de abandono. Mulher consegue o direito de retirar sobrenome paterno do registro civil devido a...

Casal homoafetivo consegue adotar criança após criá-la por nove anos

Direito de família Casal homoafetivo consegue adotar criança após criá-la por nove anos Magistrada identificou prática ilegal de adoção dirigida, mas optou por destituir genitora do poder familiar em prol do melhor interesse da criança, já adaptada ao lar do casal. Da Redação segunda-feira, 8 de...

Juíza permite paternidade biológica e socioafetiva em registro

Dupla paternidade Juíza permite paternidade biológica e socioafetiva em registro Magistrada considerou que a paternidade não é apenas um fato biológico, mas também um fato cultural e afetivo. Da Redação sexta-feira, 5 de julho de 2024 Atualizado às 15:29 Criança poderá ter dupla paternidade em...

Casamento de brasileiros no exterior segundo STJ: importância da legalização

OPINIÃO Casamento de brasileiros no exterior segundo STJ: importância da legalização Sofia Jacob 6 de julho de 2024, 17h24 Por que os brasileiros que se casaram no exterior enfrentam tantas dificuldades? A complexa teia burocrática, marcada por exigências documentais extensas, informações...