Parlamentares divergem sobre resultados da Rio+20

20/06/2012 19:03

Parlamentares divergem sobre resultados da Rio+20

Eduardo Jardim
Presidente Marco Maia e comitiva de deputados federais comparecem ao evento internacional que aborda questões ambientais após 20 anos da ocorrência da Eco 92, também na cidade do Rio de Janeiro
Marco Maria com parte da comitiva de parlamentares que participam da Rio+20.

Parlamentares brasileiros acompanharam nesta quarta-feira (20) a abertura oficial do chamado segmento de alto nível da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, e reafirmaram o compromisso de fiscalizar o cumprimento dos acordos negociados durante a conferência. A Rio +20 entrou na fase decisiva, quando mais de 100 chefes de Estado de todo mundo negociam até sexta-feira (22) a validação de um documento sobre o futuro do planeta.

Segundo o presidente da Câmara, Marco Maia, a agenda da Rio+20 repercute no trabalho do Parlamento. "Haverá reflexos nos projetos que queremos aprovar e na nossa agenda de fiscalização do governo. Queremos fiscalizar orçamentos, investimentos, mas também as ações para o desenvolvimento sustentável e políticas voltadas ao meio ambiente", explicou.

Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr
Presidente Dilma Rousseff na abertura oficial da Rio+20
Dilma destacou o combate à pobreza como o maior desafio global.

A presidente Dilma Rousseff tornou-se oficialmente responsável pela liderança das negociações da Rio+20. Em discurso, ela citou o combate à pobreza como o maior desafio global e enfatizou a importância do documento final proposto pelo Brasil e aprovado pelos delegados de mais de 190 nações.

Dilma destacou o processo previsto no texto para a definição, nos próximos anos, dos objetivos do desenvolvimento sustentável, assim como o fortalecimento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). Também lembrou do papel da sociedade civil na construção do documento.

A mediação brasileira nas negociações foi elogiada pelo secretário-geral da ONU, Ban Kin-Moon, e por outros líderes de Estado que discursaram na Rio+20 nesta quarta-feira.

Os chefes de Estado chegaram ao Rio com um documento pronto em mãod. Na terça-feira (19), os delegados das mais de 190 países participantes aprovaram o texto de consenso proposto pelo Brasil. Entre os negociadores brasileiros, a expectativa é a de que não haja modificação no documento.

Fundo para economia verde
Em nome do consenso, os pontos mais polêmicos foram retirados da proposta. Não há mais indicação de um fundo para financiar a transição para economia verde nos países em desenvolvimento. Tampouco estão definidos os objetivos do desenvolvimento sustentável. O documento apenas sinaliza um processo para definição de metas até 2014, para começarem a valer a partir de 2015.

Na avaliação do presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara, deputado Sarney Filho (PV-MA), falta ambição no documento final. Ele defendeu a cobrança aos países ricos pelos serviços ambientais que a Amazônia presta ao mundo. “Estamos preservando um bem ambiental que é fundamental, e ao mesmo tempo lutando para mudar nossos padrões de consumo”, afirmou.

Sucesso x fracasso
Para o parlamentar, no entanto, a Rio+20 não pode ser considerada um fracasso: "A Rio+20, por ter sido vetora de reuniões da sociedade civil, já tem produzido ganhos efetivos.” O deputado acrescentou que os governos são limitados: “O documento que está sendo discutido e que foi consenso é genérico e não avança em nenhum ponto, mas há avanços na Rio+20, como os prefeitos reunidos no Rio+C40, que já estabeleceram metas." A Rio+C40 é o grupo que reúne os mandatários das 58 maiores cidades do planeta.

A presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara, Perpétua Almeida (PCdoB-AC), considera que o texto é o possível acerto: “Se a partir desse texto conseguirmos avançar em um novo planeta, com certeza a vida das pessoas será melhor."

Na opinião do relator da Comissão Mista sobre Mudanças Climáticas, senador Sérgio Souza (PMDB-PR), a simples realização da conferência, com o comparecimento de mais de 100 chefes de Estado e de governo, já significa um sucesso. Ele lembrou que, nas convenções sobre o clima, nem sempre há consenso, mas os países participantes, independentemente do número de signatários do documento final, começam a aplicar as sugestões feitas.

Já o deputado Pauderney Avelino (DEM-AM) afirmou que o documento da conferência é pífio e não atende às expectativas da sociedade brasileira e mundial. "O Brasil poderia ter sido protagonista e ter dado uma contribuição e uma carta com mais peso e mais efetiva do que estamos tendo", disse.

Participação da sociedade
Com a experiência de quem acompanhou a Eco-92, o deputado Hugo Leal (PSC-RJ) considera que a participação da sociedade civil na Rio +20 é um diferencial do encontro deste ano. "O maior legado que a Rio+20 vai deixar são os debates nas várias regiões. A Rio-92 pode ter produzido documentos mais incisivos, mas a sociedade não estava mobilizada. O discurso do meio ambiente era distante."

Na abertura oficial dos trabalhos, nesta quarta-feira, os segmentos da sociedade civil com voz na Organização das Nações Unidas (ONU), os chamados major groups, cobraram dos chefes de Estado mais ambição e resultados práticos na Rio+20.

Diferentes organizações não governamentais lançaram uma petição na internet para que o texto final da conferência não afirme que contou com plena participação da sociedade civil. Para as ONGs, até agora o resultado do encontro compromete o futuro do planeta. 

Reportagem - Ana Raquel Macedo, enviada especial à Rio+20
Com informações da Agência Senado
Edição – Regina Céli Assumpção

Foto em destaque/Fonte: Agência Câmara de Notícias

 

Notícias

Lei do Gás atrairá investidores

Extraído de Gás Brasil | 21/03/2011 | Regulamentação da Lei do Gás atrairá investidores Artigo de Márcio Monteiro Reis e Renato Otto Kloss. Após sucessivos adiamentos, foi editado no fim do ano, o Decreto federal 7.382/2010, que traz a regulamentação a Lei 11.909, mais conhecida como Lei do Gás,...

Bandeira branca

  OAB prepara a guerra, CNJ e STF ensaiam a paz Por Rodrigo Haidar   A Ordem dos Advogados do Brasil mirou no alvo errado e acertou o próprio pé. Na esteira do natural antagonismo entre o jovem Conselho Nacional de Justiça e o vetusto Supremo Tribunal Federal, que passaram a dividir um...

Caminho mais curto

  PEC sobre fim de ação em segundo grau é polêmica Por Marina Ito   Na segunda-feira (21/3), o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Cezar Peluso, vai apresentar, em um evento na FGV Direito Rio, uma Proposta de Emenda Constitucional para que os processos sejam finalizados e...

Igualdade das partes

Extraído de DPU Artigo: MP ao lado do juiz viola equidistância das partes  Por Eduardo Tergolina Teixeira, Gabriel Faria Oliveira e Vinícius Diniz Monteiro de Barros    A Constituição do Brasil, em seu artigo 5º, caput e incisos LIV e LV, estabelece a igualdade das partes no curso do...

Fiança questionada

  STJ mantém fiança de pessoa diversa do contratante A fiança feita por pessoa jurídica diferente daquela que celebrou o contrato principal, e que é juridicamente válida, deve ser mantida para não tornar o principal sem efeito. Esse foi o entendimento da 2ª Turma do Superior Tribunal de...