Reitor diz que racismo é tratado com naturalidade pelos brasileiros
Reitor diz que racismo é tratado com naturalidade pelos brasileiros

O reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares (SP), José Vicente, afirmou nesta terça-feira (10) que o racismo é tratado com naturalidade pelos brasileiros. Ele participou de audiência pública da comissão especial da Câmara dos Deputados de Enfrentamento ao Homicídio de Jovens.
O colegiado analisa o Projeto de Lei2438/15, que cria um plano nacional de combate à violência contra jovens, com duração de dez anos, a ser coordenado e executado por órgãos do governo federal responsáveis por programas ligados à juventude e à igualdade racial. A proposta foi apresentada no ano passado ao término dos trabalhos de uma CPI que investigou o tema.
“O que existe no Brasil é o racismo silencioso. Nós não vemos os racistas, não vemos o desenvolvimento deles. A violência está escrita nas leis, toda a posição do pensamento social define a escravidão como razoável”, disse o reitor.
Ideologia de positividade
O palestrante destacou que o fator determinante para que o plano nacional seja eficaz é que o País reconheça o racismo como um agente separatório de classes. Defendeu também, a construção de uma ideologia de positividade, que valorize a cultura negra e integre todos os brasileiros na construção do País.
Segundo José Vicente, a pobreza está junto com os negros. “Sem combater a pobreza dificilmente vamos conseguir resguardar direitos. Nós temos um fosso de desigualdade no nosso País que não permite que esse público acesse os direitos básicos garantidos na Constituição”, declarou.
A Faculdade Zumbi dos Palmares, criada em 2003, tem por missão a inclusão dos afrodescendentes no ensino superior, viabilizando a integração de negros e não negros em ambiente favorável à discussão da diversidade social, no contexto da realidade nacional e internacional.
Em busca de soluções, o reitor apresentou a importância da sociedade empresarial para mudar o cenário dos negros no Brasil. “A sociedade empresarial tem enorme participação nesse tema. Eles devem intervir nessa condição, criando oportunidades. Eles são responsáveis por esse papel”.
Monitoramento
Na audiência, José Vicente destacou a necessidade de um monitoramento constante no número de homicídios desses jovens. “É preciso ter leis duras para combater esse crime. Precisamos ter monitoramento, precisamos de informações nacionais para termos políticas informativas para combater esse tema”.
O presidente da comissão especial, deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), relatou que o plano nacional proposto inclui o monitoramento das políticas de segurança pública. “Queremos um plano com monitoramento, que deve ser anual. Que seja publicado como foi usada a força, quantos tiros, quantas balas, e qualidade e satisfação do trabalhador com a rotina da segurança pública”, defendeu o parlamentar.
O deputado afirmou que a comissão vai percorrer os estados brasileiros para divulgar e dar visibilidade ao tema por meio de debates, para que cada representante possa elaborar seus planos estaduais de segurança.
Para a próxima semana, Lopes informou que será realizada uma audiência pública com cinco instituições civis, às 14h30, em plenário a definir.
ÍNTEGRA DA PROPOSTA:
Edição – Newton Araújo