Porte de armas gera polêmica em audiência

13/08/2015 - 21h04

Projeto que altera licença para porte de armas gera polêmica em audiência

O projeto de lei que transfere da Polícia Federal para as polícias civis o poder de concessão de porte de arma restrita ao âmbito estadual dividiu opiniões em audiência pública realizada nesta quinta-feira (13) pela Comissão Especial de Desarmamento (PL 3722/12).

Antonio Augusto/Câmara dos Deputados
Audiência Pública e Reunião Ordinária. Assessor Especial do Secretário de Estado da Segurança Pública e da Paz Social do DF, delegado Jorge Luiz Xavier
Jorge Luiz Xavier: retirar a competência da Polícia Federal enfraquece o controle sobre o fluxo de armas
 

A medida está prevista no PL 3941/04, que também destina as armas e munições apreendidas ou encontradas aos órgãos estaduais de Segurança Pública e autoriza o policial estadual a registrar arma de fogo de calibre restrito.

Contrário à proposta, o delegado e assessor da Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social do Distrito Federal, Jorge Luiz Xavier, acredita que retirar a competência da Polícia Federal enfraquece o controle sobre o fluxo de armas e munições.

“Criticar os parâmetros usados pela Polícia Federal para rejeitar o registro de armas não é algo correto, existem regras de segurança específicas. Por exemplo, nem todas as pessoas da área rural podem ter armas de porte longo”, disse Xavier. “Essa transição, se feita, deve ser aos poucos, porque o cenário piora se houver um derrame de armas de fogo”, afirmou.

Ele defendeu menor intervalo para a renovação do registro como forma de melhor apurar a capacidade da pessoa de dominar a arma de fogo e as condições de armazenamento da arma. “Nesse ponto, não há corporativismo nas polícias militar e civil, os policiais são punidos criminal e administrativamente se não prestarem conta da situação de suas armas”, disse o delegado.

Porte de armas
Xavier também criticou a revogação do Estatuto do Desarmamento (Lei 10.826/03) prevista no PL 3722/12. Entre outras medidas, esse projeto facilita o porte de armas para o cidadão comum e reduz a idade mínima para comprar arma de 25 para 21 anos.

“Imagina-se que possuir arma de fogo em casa traz proteção. Isso não é verdadeiro, a vítima tende a ser rendida antes mesmo de chegar em casa”, disse.

O delegado informou ainda que, no Distrito Federal – que tem o maior volume de armas registradas do País (22 mil) – são raros os casos em que a reação da vítima tenha ocasionado a morte do criminoso.

Na avaliação do coordenador do Viva Rio, Rangel Bandeira, o aumento do número de armas de autodefesa por pessoa – o limite máximo passará de 6 para 9 com a revogação do estatuto – vai elevar o arsenal em posse de bandidos.

Segundo ele, a Polícia Civil do Rio de Janeiro constatou que 60% das armas dos bandidos são roubadas de residência. “Isso é colocado como um avanço, mas é um retrocesso que remonta à ditadura militar e contrário à opinião de 78% dos brasileiros”, sustentou.

Rangel Bandeira citou o Mapa da Violência para demonstrar que, com o estatuto, foi possível salvar mais de 160 mil vidas. A lei também diminuiu o crescimento da taxa de homicídio, de 8% ao ano, para 1%, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). “É uma das politicas públicas que mais deu resultado.”

Direito à autodefesa
Os deputados que defendem a revogação argumentam o contrário. Para o deputado Delegado Edson Moreira (PTN-MG), a lei resultou na “explosão da criminalidade e da construção de fortalezas domésticas”. Já o deputado Delegado Éder Mauro (PSD-PA) acredita que as “armas que matam não estão com as famílias, são aquelas que entram pelas fronteiras e param nas organizações criminosas”.

Contrário ao estatuto, o desembargador José Damião Cogan, do Tribunal de Justiça de São Paulo, citou dados do Infocrime para demonstrar que os roubos com armas de fogo em São Paulo eram da ordem de 166 mil em 2001 e saltaram para 366 mil em 2014. “A polícia não está onipresente, as pessoas devem ter direito à autodefesa. Esse poder não pode ser integralmente passado para terceiros”, disse.

O desembargador elogiou, porém, o controle de armas de uso restrito centrado na Polícia Federal e no Exército pela lei atual. “A partir do registro, as armas estão indisponíveis, não podem transitar e não podem ser transferidas. Se houver dúvidas sobre isso, são apreendidas”, salientou.

Ele ressaltou que, antes do estatuto, havia 2.500 lojas de venda de arma. Hoje, são 225 no País, sendo 8 em SP.

ÍNTEGRA DA PROPOSTA:

Reportagem – Emanuelle Brasil
Edição – Pierre Triboli
Origem da Foto em destaque/Fonte: Agência Câmara Notícias

 

Notícias

Curador de interditado não pode fixar os próprios honorários

15/09/2011 - 10h12 DECISÃO Curador de interditado não pode fixar os próprios honorários A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve a rejeição das contas de curador que, em 2004, reteve mais de R$ 300 mil a título de remuneração pela administração dos bens de seu pai...

Erro material

14/09/2011 - 15h02 DECISÃO Sem recurso da acusação, TJ não pode corrigir de ofício troca de nomes de réus condenados na sentença O Tribunal de Justiça não pode, de ofício, em recurso exclusivo da defesa, corrigir a condenação dos réus cujos nomes foram trocados na sentença. O erro material, nessa...

Provedor não é obrigado a ter controle prévio de conteúdos na internet

14/09/2011 - 08h02 DECISÃO Provedor não é obrigado a ter controle prévio de conteúdos na internet Mesmo tendo que manter o registro do IP (número que identifica cada computador na internet) e remover conteúdos ofensivos, a Google Brasil Internet Ltda. não é obrigada a fazer controle prévio do...

Juiz impõe a réu fiança de R$ 10 milhões

Juiz impõe a réu fiança de R$ 10 milhões (13.09.11) O juiz Nelson Augusto Bernardes de Souza, da 3.ª Vara Criminal de Campinas (SP), impôs na semana passada a mais severa sanção - R$ 10,9 milhões - de que se tem notícia desde que, há quatro meses, entrou em vigor a Lei nº 12.403/2011. Amparado no...

Documento perdido é utilizado em golpe

Documento perdido é utilizado em golpe   Imagine só ter seus documentos roubados ou extraviados e, tempos depois, ao tentar o financiamento em uma loja de eletrodomésticos, descobrir que é sócio de uma empresa endividada. O cenário é mais comum do que se imagina. Só na Capital, no ano passado,...