Presidenta da EBC destaca papel das mídias públicas no fortalecimento da democracia
27/10/2011 - 17h07
Pedro Peduzzi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A criação da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) representa um importante passo para a democracia brasileira e latino-americana. Sob esse prisma, diversas autoridades se reuniram hoje (27) para comemorar os quatro anos de criação da EBC, na nova sede da empresa, em Brasília. A empresa completa quatro anos na próxima segunda-feira (31).
Entre os presentes ao evento estavam os presidentes do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-SP), além da ministra da Secretaria de Comunicação Social, Helena Chagas, e da presidente da empresa, Tereza Cruvinel.
“Vimos o volume de trabalho ao longo desses quatro anos. Isso é apenas uma semente do que vamos ter. Sem essa semente, não teríamos as frutas, as flores. Elas foram plantadas pelas mãos carinhosas de Tereza [Cruvinel]”, disse, em tom poético, o senador José Sarney, que destacou também a participação da ministra Helena Chagas no processo de consolidação da empresa.
Sarney destacou o fato de 40% da programação da TV Brasil serem feitos por produtores independentes. “É uma porta aberta para todos os brasileiros que não tinham espaço”, disse o senador. Emocionada, Tereza Cruvinel lembrou da dificuldade que foi aprovar o artigo que aborda a complementaridade da comunicação pública, privada e estatal na Constituição.
“Em toda a América Latina, neste momento de reafirmação da democracia, os meios públicos estão se fortalecendo. Na Argentina, a TV pública, feita por Evita Perón, existe há 60 anos”, lembrou a presidenta da EBC. “Nos últimos anos, nenhum projeto foi tão atacado como o da TV pública. Mídias públicas existem em toda a democracia. Por que é tão complicado aqui no Brasil?”, questionou Tereza Cruvinel. “Todos devem pensar nisso.”
Para ela, por meio da EBC Serviços, diretoria da empresa que atende a clientes de instituições públicas e privadas, será possível diminuir a dependência financeira da empresa em relação ao Estado. “Somos majoritariamente financiados pelo Estado, mas estamos trabalhando para deixar de ser”, ressaltou.
“Temos um conjunto de TVs públicas que precisa discutir seu papel e objetivo constantemente, para a consolidação de um sistema de comunicação que deve ser cada vez mais democrático, para que o povo se sinta, ao mesmo tempo, representado e bem informado”, disse o presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia. “Vida longa à EBC e às TVs públicas do nosso país”, completou.
A ministra Helena Chagas também lembrou das dificuldades vividas durante a criação da EBC. “Tenho enorme orgulho de ter participado dessa criação, ao lado da Tereza Cruvinel, do Franklin Martins [ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República] e do ex-presidente Lula. Formamos uma instituição que é um instrumento da democracia, que ajuda o cidadão a refletir sobre o seu país", destacou Helena.
“Não há nada mais importante do que ser a voz dos que não têm voz. O que fazemos aqui é representar a sociedade desorganizada, já que a sociedade organizada tem seu espaço”, acrescentou. “[Por meio do jornalismo público] podemos fazer experiências e experimentos com outro olhar, que é o jornalismo colaborativo.”
A ministra destacou o papel da presidenta da EBC nesse contexto. “Isso tudo não estaria de pé se não fosse a Tereza. Ela é uma guerreira, e isso ainda será reconhecido. A EBC vai ser um sucesso no futuro.”
Gerente da Área de Comunicação Audiovisual da Telam, agência pública de notícias da Argentina, Gonzalo Carbajal, lembrou que o papel da mídia pública vai além do das emissoras de TV, estendendo-se às rádios e às agências de notícias, como a Agência Brasil.
“Tenho conversado muito com a Tereza sobre as articulações dos meios públicos no continente. É uma experiência muito difícil, mas também muito rica”, disse Carbajal. “Já estamos encontrando o espaço necessário para isso”, completou.
Edição: Nádia Franco
Fotos/Fonte: Agência Brasil