Proibição de publicidade infantil na TV divide opiniões em audiência

24/05/2016 - 23h19

Proibição de publicidade infantil na TV divide opiniões em audiência na Câmara

Não houve consenso na audiência pública desta terça-feira (24)  da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara dos Deputados sobre o projeto de lei (PL702/11) que proíbe a veiculação de publicidade destinada ao público infantil na televisão entre as 7 horas e as 22 horas.

Enquanto, de um lado, alguns debatedores afirmaram que o fim desse tipo de publicidade é inconstitucional, pois seria uma forma de censura; de outro, os defensores da proposta ressaltaram que os anunciantes usam da vulnerabilidade infantil para transformar as crianças em consumidores.

 
Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados
Audiência pública sobre o PL 702/11, que ·altera a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, restringindo a veiculação de propaganda de produtos infantis’. Advogado do Instituto ALANA, Pedro Hartung
Pedro Hartung defende que as propagandas sejam direcionadas ao pais

O advogado do Instituto Alana, organização não governamental responsável pelo projeto Criança e Consumo, Pedro Hartung, defendeu que as propagandas infantis sejam direcionadas aos pais. "É um pedido justo e ético, que respeita tanto a criança quanto a legislação que a protege, porque infelizmente a publicidade está em todos os espaços em que meninos e meninas convivem. Os anúncios também estão na internet, em jogos camuflados e no meio da novelinha infantil", declarou.

Hartung informou que existem estudos segundo os quais o público de 6 a 8 anos não distingue a publicidade do conteúdo da programação. Além disso, dos 8 aos 12 anos, a criança ainda não entende o caráter persuasivo dos anúncios.

O advogado contou que o instituto recebe denúncias sobre empresas que têm utilizado o ambiente escolar para vender produtos e serviços. De acordo com ele, muitas vezes, um espetáculo supostamente educativo é, na verdade, uma forma de fazer propaganda da mascote de determinada marca.

Autorregulamentação
Já o presidente do Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar), Gilberto Leifert, argumentou que os anunciantes já estão sujeitos a um rigoroso código de ética e destacou que o Conar frequentemente retira do ar peças que, de alguma forma, desrespeitem as crianças. Contrário ao PL 702/11, Leifert sustentou que são os próprios pais que devem decidir qual a programação ideal para os filhos.

"Nós acreditamos que liberdades públicas e o direito do consumidor à informação estão em jogo. A sugestão do Conar é que as crianças sejam preparadas para conviver com o consumo. O ideal seria uma cadeira no ensino fundamental que ensinasse os alunos a desenvolver o seu senso crítico em relação à propaganda, à notícia e à comunicação em geral", disse.

 
Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados
Audiência pública sobre o PL 702/11, que ·altera a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, restringindo a veiculação de propaganda de produtos infantis’. Presidente do Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar), Gilberto Leifert
Para Gilberto Leifert, anunciantes já estão sujeitos a um rigoroso código de ética: Conar retira do ar propagandas abusivas

O dirigente do Conar acrescentou que a sociedade moderna proporciona informação por diferentes maneiras: “Discriminar a TV aberta e a televisão por assinatura não seria uma solução porque hoje as crianças são alcançadas pela publicidade que chega nos celulares, nos videogames, na internet e por todos os outros meios”.

Proteção à criança
Por sua vez, a representante do Movimento Infância Livre do Consumismo, Mariana de Sá, afirmou que o sistema de autorregulamentação existente não é suficiente. De acordo com ela, as denúncias ao Conar demoram de dois a três meses para serem apreciadas e a maior parte das sentenças determina que a campanha seja alterada ou tirada do ar.

“Deve ser feito um pacto de toda a sociedade, dos anunciantes, dos professores, dos pais, das emissoras de TV, dos produtores de conteúdo em prol da criança, que não tem estrutura mental para lidar com a persuasão publicitária”, pediu Mariana.

Voto alternativo
O projeto de lei, de autoria do deputado Marcelo Matos (PHS-RJ), já foi rejeitado pela Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços em outubro do ano passado. O parecer do relator na Comissão de Ciência e Tecnologia, deputado Sandro Alex (PSD-PR), também é pela rejeição.

A deputada Tia Eron (PRB-BA), no entanto, afirmou que é possível que uma proposta alternativa seja apresentada ao texto do relator. "Acredito que haverá uma virada sobre esse projeto, porque a Casa não pode perder de vista a percepção e a importância da primeira infância”, apontou.

O debate desta terça foi solicitado pelos deputados Roberto Alves (PRB-SP), Margarida Salomão (PT-MG) e Luiza Erundina (Psol-SP).

ÍNTEGRA DA PROPOSTA:

Reportagem – Lianna Cosme 
Edição – Marcelo Oliveira
Origem das Fotos/Fonte: Agência Câmara Notícias
 

 

Notícias

Lei do Gás atrairá investidores

Extraído de Gás Brasil | 21/03/2011 | Regulamentação da Lei do Gás atrairá investidores Artigo de Márcio Monteiro Reis e Renato Otto Kloss. Após sucessivos adiamentos, foi editado no fim do ano, o Decreto federal 7.382/2010, que traz a regulamentação a Lei 11.909, mais conhecida como Lei do Gás,...

Bandeira branca

  OAB prepara a guerra, CNJ e STF ensaiam a paz Por Rodrigo Haidar   A Ordem dos Advogados do Brasil mirou no alvo errado e acertou o próprio pé. Na esteira do natural antagonismo entre o jovem Conselho Nacional de Justiça e o vetusto Supremo Tribunal Federal, que passaram a dividir um...

Caminho mais curto

  PEC sobre fim de ação em segundo grau é polêmica Por Marina Ito   Na segunda-feira (21/3), o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Cezar Peluso, vai apresentar, em um evento na FGV Direito Rio, uma Proposta de Emenda Constitucional para que os processos sejam finalizados e...

Igualdade das partes

Extraído de DPU Artigo: MP ao lado do juiz viola equidistância das partes  Por Eduardo Tergolina Teixeira, Gabriel Faria Oliveira e Vinícius Diniz Monteiro de Barros    A Constituição do Brasil, em seu artigo 5º, caput e incisos LIV e LV, estabelece a igualdade das partes no curso do...

Fiança questionada

  STJ mantém fiança de pessoa diversa do contratante A fiança feita por pessoa jurídica diferente daquela que celebrou o contrato principal, e que é juridicamente válida, deve ser mantida para não tornar o principal sem efeito. Esse foi o entendimento da 2ª Turma do Superior Tribunal de...

Diplomação deve incidir sobre suplente da coligação

Quinta-feira, 17 de março de 2011 Diplomação deve incidir sobre suplente da coligação, decide Lewandowski O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, indeferiu pedido de liminar apresentado por Wagner da Silva Guimarães, que pretendia assumir a cadeira do deputado federal Thiago...