Regras sobre comércio eletrônico no CDC

 

10/03/2011 11:09

Atualização do Código do Consumidor tem apoio parcial na Câmara

Comissão de juristas criada pelo presidente do Senado estuda inclusão de regras sobre comércio eletrônico e endividamento excessivo.

A atualização do Código de Defesa do Consumidor, nos moldes propostos pela comissão de juristas criada pelo Senado, não tem o total apoio dos deputados especializados nesse tema. Em geral, os deputados acreditam que a proposta deveria começar a ser analisada pela Câmara, como ocorreu com o atual código. Os deputados também fazem restrições em relação aos temas propostos pelos juristas e se mostram preocupados com a possibilidade de descaracterização da atual lei, que é considerada uma das mais modernas do mundo.

A comissão foi criada em dezembro último pelo presidente do Senado, José Sarney. A proposta será analisa primeiro pelo Senado e depois será enviada para a Câmara. A comissão é presidida pelo ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Herman Benjamin e deve apresentar sua proposta até junho. Os estudos estão direcionados para o comércio eletrônico e o superendividamento.

Jurista diz que não fará revisão do código, apenas atualização

A inclusão de regras para o comércio eletrônico no código encontra apoio mais amplo na Câmara, mas não há consenso sobre a abordagem ao superendividamento.

Saulo Cruz
Roberto Santiago
Santiago descarta revisão ampla.

Código avançado
O presidente da Comissão de Defesa do Consumidor, deputado Roberto Santiago (PV-SP), concorda que a discussão sobre os dois pontos é necessária, em razão da falta de informações sobre o endividamento responsável e de garantias para quem compra on-line.

"Não vamos reformar o código, pois entendemos que ele é avançado e um dos melhores do mundo. Podemos discutir sua atualização, incluindo regras para o comércio eletrônico e prevenir o excesso de dívidas. Mas nossa preocupação é que outros interesses resultem em alterações que prejudiquem o consumidor", afirma o novo presidente da Comissão de Defesa do Consumidor, deputado Roberto Santiago (PV-SP).

"Há 20 anos, quando o código foi instituído, o comércio eletrônico não tinha regras. Eu acho importante debater isso, porque hoje são graves os problemas que ocorrem em razão do comércio na internet. Com referência ao endividamento das pessoas, devemos lembrar que, na época da elaboração do código, a inflação não permitia enxergar o que era abusivo. Também precisamos considerar que várias pessoas mudaram de faixa de renda e estão mais próximas do consumo", acrescenta.

Já na avaliação do ex-presidente da Comissão de Defesa do Consumidor Cláudio Cajado (DEM-BA), o superendividamento não deveria ser tratado no código. Para ele, mais importante seria que a lei tivesse alterações quanto à aplicação de multas e punições que não são rigorosas o bastante, principalmente quanto à reincidência. "Eu não sei se essa questão do superendividamento deveria estar no código, porque não diz respeito à relação consumidor e fornecedor. Para mim, essa normatização poderia estar em outras leis", diz Cajado.

Poucas mudanças
Apesar das centenas de propostas em tramitação na Câmara e no Senado para alterar ou incluir artigos no código (Lei 8.078/90), em 20 anos foi aprovada apenas uma dezena de propostas que mudam a lei. Roberto Santiago quer manter essa situação.

"Existe um consenso entre os membros da Comissão de Defesa do Consumidor de que não devemos alterar muito o código. Se o leque de discussões for muito ampliado, o conjunto da obra pode ser descaracterizado", afirma Cajado.

Atualização
O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) entende que o código precisa de atualizações para atender às demandas do consumidor. "A comissão tem uma resistência em mexer no código, mas há questões que precisam ser levadas em consideração para a gente ter uma lei sempre atenta e contemporânea", defende o parlamentar.

Segundo ele, os pontos principais a serem discutidos são a inserção do cadastro positivo no código, a relação do consumidor com as concessionárias de serviço público e agências reguladoras e a modernização das regras para compras por meio eletrônico.

Para o deputado Chico Lopes (PCdoB-CE), o código já atende a todas as demandas existentes, e o Congresso Nacional não deveria se mobilizar para alterar essa lei. "Para melhorar as relações de consumo, seria mais importante resolver o problema das agências reguladoras na fiscalização dos serviços prestados pelas concessionárias", argumenta o parlamentar.

Chico Lopes defende ainda que propostas para atualizar o código partam da Câmara, uma vez que a Casa dispõe de uma Comissão específica para tratar das relações de consumo.

Reportagem - Rachel Librelon
Edição - Wilson Silveira
 Agência Câmara de Notícias

Notícias

Imóveis irregulares: Saiba como podem ser incluídos no inventário

Imóveis irregulares: Saiba como podem ser incluídos no inventário Werner Damásio Descubra como bens imóveis sem escritura podem ser partilhados no inventário e quais os critérios para garantir os direitos dos herdeiros. domingo, 19 de janeiro de 2025 Atualizado em 16 de janeiro de 2025 10:52 A...

STJ julga usucapião de imóvel com registro em nome de terceiro

Adequação da via STJ julga usucapião de imóvel com registro em nome de terceiro Recurso visa reformar decisão de tribunal que extinguiu o processo por ausência de interesse de agir. Da Redação sexta-feira, 17 de janeiro de 2025 Atualizado às 17:23 A 4ª turma do STJ iniciou julgamento de ação de...

Divórcio é decretado antes da citação do cônjuge, que reside nos EUA

Divórcio é decretado antes da citação do cônjuge, que reside nos EUA 16/01/2025 Fonte: Assessoria de Comunicação do IBDFAM A Justiça do Rio de Janeiro decretou o divórcio antes da citação do cônjuge, um americano que reside nos Estados Unidos. A decisão da 2ª Vara de Família da Regional da Barra da...

Holding deixada de herança: entenda o que a Justiça diz

Opinião Holding deixada de herança: entenda o que a Justiça diz Fábio Jogo 14 de janeiro de 2025, 9h14 Sem uma gestão transparente, o que deveria ser uma solução para proteger o patrimônio pode acabar se transformando em uma verdadeira dor de cabeça. Leia em Consultor Jurídico      ...

STJ admite penhora de direito aquisitivo de imóvel do Minha Casa, Minha Vida

DEVE, TEM QUE PAGAR STJ admite penhora de direito aquisitivo de imóvel do Minha Casa, Minha Vida Tiago Angelo 12 de janeiro de 2025, 9h45 “Nesse contexto, como ainda não se adquiriu a propriedade plena do imóvel, eventual penhora não poderá recair sobre o direito de propriedade – que pertence ao...

Artigo 5º - Contratos de namoro: precaução ou burocracia?

Artigo 5º - Contratos de namoro: precaução ou burocracia? O Artigo 5º aborda o crescimento do uso dos contratos de namoro no Brasil, que registrou um aumento significativo em 2023. O programa traz a advogada Marcela Furst e a psicóloga Andrea Chaves para discutir os motivos que levam os casais a...