SUS poderá ter transplante de medula para portadores de anemia falciforme

15/10/2013 - 22h57

SUS poderá ter transplante de medula para portadores de anemia falciforme

A partir do ano que vem, quem for portador da doença anemia falciforme e tiver indicação médica de transplante de medula óssea, poderá fazer o procedimento de graça pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A notícia foi apresentada pela coordenadora do Sistema Nacional de Transplantes do Ministério da Saúde, Patrícia Gonçalves Freire, durante debate sobre saúde da população negra promovido pela Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara.

Hoje, esse tipo de transplante só é feito experimentalmente. Elvis Silva Magalhães foi uma dos beneficiados. "Convivi com a doença falciforme durante 38 anos, sei tudo o que uma pessoa com essa doença sofre. A gente nasce já consciente do que é dor. Sofremos durante toda a nossa vida com úlceras de região de tornozelo que não cicatrizam, internações que nem dá para enumerar. Em 2005, fizeram meu transplante de medula óssea e minha vida foi mudada completamente. Deixei de ter olho amarelo, pele pálida, de sofrer preconceito por causa disso..."

Por causa dos bons resultados, já existe consenso no governo de que o transplante de medula óssea deve ser oferecido pelo SUS a quem tem doença falciforme.

Segundo Patrícia Freire, no entanto, as regras para a oferta da cirurgia devem ser colocadas em consulta pública em dezembro. A expectativa de atendimento, segundo a coordenadora, é que 100 pessoas sejam beneficiadas por ano com a cirurgia. "A população negra brasileira é maioria, a prevalência da anemia falciforme na população negra é muito grande. Não posso ter esse número com precisão, mas a gente acredita que pelo menos 100 pessoas por ano devam se beneficiar com essa indicação."

Saúde integral do negro
A medida vem ao encontro do que cobraram representantes de movimentos negros e deputados da Comissão de Seguridade Social: de que é preciso tirar do papel a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, que existe desde 2006.

A representante da ONG Criola Maria Aparecida de Assis Patroclo reivindica que as especificidades dos negros sejam consideradas em todos os tratamentos de saúde. "É necessária uma revisão e uma conotação concreta e prática onde o negro adentra a nossa política de saúde em todas as suas dimensões. E não fazer um puxadinho dele, em uma política específica, restrita com orçamento piquititinho."

Deputados concordam que é preciso dar mais atenção à saúde da população negra. Erika Kokay (PT-DF), uma das que pediram a realização do debate, fez uma sugestão para acompanhar as melhorias na área: "Criar mecanismos de monitoramento da implementação e de auxílio à implementação no conjunto dos municípios, que é onde se efetivam as políticas."

A doença falciforme é hereditária, caracteriza-se pela alteração dos glóbulos vermelhos do sangue, e atinge principalmente a população negra. Os sintomas vão desde a anemia até o comprometimento da circulação do sangue, além de dores. Como os portadores estão mais sujeitos a infecções, se não receberem tratamento adequado, podem até morrer. O Ministério da Saúde estima que cerca de 3500 crianças nasçam todos os anos com a doença.

 

Reportagem - Ginny Morais
Edição – Regina Céli Assumpção

Foto em destaque/Fonte: Agência Câmara Notícias

 

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