Unificação de CI enfrenta dificuldades técnicas e legais

15/10/2013 - 21h10

Unificação de carteiras de identidade no País enfrenta dificuldades técnicas e legais

Lei prevê documento único desde 1997, mas autonomia dos estados exige que implantação comece pelos documentos novos, respeitando os existentes. Mas alguns estados já começam a se preparar para as novas regras.

Alexandra Martins / Câmara dos Deputados
Audiência pública sobre o PL 3.860/12, que altera a Lei 9.454, de 7 de abril de 1997, definindo regras gerais para o funcionamento do Sistema Nacional de Registro de Identificação Civil. Diretor de Gestão de Negócios da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, José Alexandre Pereira Araújo
Representante de São Paulo explica o sistema que vem sendo implantado no estado.

Hoje é possível para a mesma pessoa tirar várias carteiras de identidade em diferentes locais do País. O sistema pulverizado por estados permite pelo menos um RG em cada um. Para quem usa nomes diferentes para cometer crimes, o número se multiplica. A lei do Registro de Identidade Civil, o RIC, que cria um número único de identidade válido para todo o Brasil foi promulgada em 1997, mas ainda não saiu do papel.

Na Câmara, está em análise um projeto de lei (o PL3860/12) que regulamenta a implantação do sistema. Em uma audiência pública realizada nesta terça-feira (15) pela Comissão de Segurança Pública para discutir essa proposta, os participantes afirmaram que o sistema atual está falido.

Vida civil eletrônica
O diretor-presidente do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação, Renato Martini, afirmou que não há obrigação ou direito que não se inicie pela identificação e que ela tem de ser absolutamente segura, o que não ocorre. O ITI é uma autarquia ligada à Casa Civil da Presidência da República que credencia, audita e autoriza autoridades certificadoras.

Martini explicou que para contornar a insegurança de identificação ao conceder os certificados digitais, são criados outros instrumentos, mas isso encarece e torna o sistema mais lento. Ele informou que, para fazer os pilotos de implementação do RIC, está sendo usada a base de dados digital de identificação de alguns estados, como Distrito Federal e Rio de Janeiro, que já têm um sistema confiável.

"Com a migração da vida civil para a vida civil eletrônica, cada vez mais o brasileiro não irá mais para um balcão apresentar um papel e receber uma carimbada, ele irá para um sistema de informação na Internet”, lembrou ele. Por isso, Martini enfatizou que “é preciso se identificar de uma forma inequívoca".

O professor do Instituto de Ciências Exatas e Biológicas da Universidade Federal de Ouro Preto, Carlos Frederico Cavalcanti, afirmou que é preciso estabelecer um padrão técnico de identificação nacional, seja ele datiloscópico, por íris ou DNA. Na opinião de Cavalcanti, é preciso obrigar os estados a aderir ao sistema.

Para o deputado Hugo Leal (PSC-RJ), essa será a maior dificuldade do sistema. Ele defendeu um sistema e número únicos, como já ocorre com a carteira de habilitação. O parlamentar sugeriu que a certidão de nascimento já venha com um número que será usado posteriormente na emissão da identidade.

Autonomia dos estados
Mas o representante do Ministério da Justiça, Marivaldo Pereira, argumentou que seria inconstitucional obrigar os estados a aderirem ao sistema unificado, o que levou inclusive à modificação da lei, que previa inicialmente um número que unificaria todos os documentos.

A ideia agora, segundo ele, “é construir uma base nacional, respeitando os documentos existentes e a partir da consolidação dessa base, você proporcionar uma integração, uma migração gradual desses documentos para a adoção de um número RIC".

Marivaldo Pereira disse que algumas das normas previstas pelo projeto de regulamentação, do ex-deputado Gilmar Machado, ficariam melhor se mantidas na regulamentação infralegal, porque tratam de questões que podem mudar seja pelo desenvolvimento tecnológico, seja por mudanças políticas.

Garantir avanços
O relator da proposta, deputado Efraim Filho (DEM-PB), afirmou que vai, por meio do substitutivo apresentado na comissão, tentar superar os problemas apresentados. O importante, diz o deputado é garantir a aplicabilidade do sistema. “O Brasil tem de avançar e não pode permanecer na insegurança jurídica e com as fraudes que são causadas hoje por falta de um sistema capaz de oferecer para o Estado, as entidades e a sociedade, soluções que estão disponíveis", diz Efraim Filho.

A audiência terminou com a apresentação dos sistemas que vêm sendo desenvolvidos pelos estados de São Paulo e Paraíba para dar segurança a seu sistema de identificação de cidadãos. Os responsáveis pelos sistemas afirmaram que suas bases de dados e propostas estão sendo pensadas de acordo com as regras do RIC para que eles não sejam incompatíveis quando ficar definido o sistema federal.

 

Reportagem - Vania Alves
Edição - Dourivan Lima

Foto em destaque/Fonte: Agência Câmara Notícias
 
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Estados já começam a emitir identidade de acordo com normas do novo sistema

A audiência pública da Comissão de Segurança Pública que discute a regulamentação do Sistema Nacional de Registro de Identificação Civil terminou com a apresentação das tecnologias que vêm sendo desenvolvidas pelos estados de São Paulo e Paraíba para dar segurança aos seus sistemas de identificação de cidadãos.

Os responsáveis pelas mudanças dos dois estados afirmaram que suas bases de dados e propostas estão sendo pensadas de acordo com as regras do Sistema Nacional de Registro de Identificação Civil para que eles não se tornem incompatíveis quando este ficar definido.

Cartão magnético
Os representantes de São Paulo sugeriram que o projeto de lei em discussão na comissão permita que os estados passem a emitir seus documentos de identidade somente em cartão magnético, como provavelmente será no futuro. Eles explicaram que o estado será obrigado a emitir o documento no novo sistema, mas também o tradicional em papel.

O deputado Hugo Leal (PSC-RJ) afirmou que a implantação do Registro de Identificação Civil está muito lenta. Ele propôs que o País já comece a implantar o número único no nascimento da pessoa. O documento de registro poderia ter um número que posteriormente valeria para a Identidade. O deputado foi o responsável pelo sistema de identificação de seu estado, hoje sob gestão do Detran.


Fonte: Agência Câmara
Publicado em 16/10/2013

Extraído de Recivil

 

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Para especialistas, nova identidade civil só sairá com adesão dos estados

Se não houver uma coordenação nacional e a adesão obrigatória de todos os estados, o Sistema Nacional de Registro de Identificação Civil não será implantado no País. A afirmação foi feita há pouco por especialistas que debatem o Sistema Nacional de Registro de Identificação Civil em audiência pública realizada pela Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado.


O ex-diretor do Departamento Nacional de Registro do Comércio, João Elias Cardoso, afirmou que é fundamental para o desenvolvimento do País a criação de uma base de dados de abrangência nacional. Ele disse que hoje é possível ter um número de carteira de identidade para cada estado da federação.


O professor do Instituto de Ciências Exatas e Biológicas da Universidade Federal de Ouro Preto, Carlos Frederico da Cunha Cavalcanti, afirmou que é preciso estabelecer um padrão técnico de identificação, seja ele datiloscópico (impressão digital), por íris ou DNA, mas ele precisa ser definido e unificado nacionalmente.


A audiência pública foi pedida pelo deputado Efraim Filho (DEM-PB), relator do Projeto de Lei 3860/12, que define regras gerais para o funcionamento do Sistema Nacional de Registro de Identificação Civil.


A proposta altera a Lei 9.454/97, que institui o número único de Registro de Identidade Civil. Com isso, cada pessoa passa a ter uma carteira de identidade nacional, em vez das carteiras emitidas pelos órgãos estaduais e válidas para todo o País. Esse registro até hoje não foi implantado.


Diretor da ITI diz que sistema de identificação civil do País está falido

O diretor-presidente do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI), Renato Martini, afirmou que o sistema brasileiro de identificação civil está falido. O ITI é uma autarquia ligada à Casa Civil da Presidência da República que credencia, audita e autoriza autoridades certificadoras.


Ele explicou que a concessão da certificação digital a qualquer pessoa se inicia pela apresentação da identidade e ela precisa ser confiável. Ele afirmou que para superar o problema, foram criados outros instrumentos que aumentam o custo e torna mais morosa a concessão da certificação digital.


Martini afirmou que para fazer os pilotos do Registro de Identificação Civil (RIC), que será nacional, está sendo usada a base de dados digital de identificação de alguns estados que já têm um sistema confiável. Ele citou o Distrito Federal e o Rio de Janeiro, onde o Detran identifica civilmente o cidadão, como estados que já têm base digital, mas disse que essa não é a realidade nacional.


Martini participa neste momento de audiência pública na Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado que discute a regulamentação do RIC.


Representante do governo é contra detalhar em lei regras sobre registro civil

O secretário de Assuntos Legislativos Marivaldo de Castro Pereira, representante do Ministério da Justiça, afirmou que a preocupação do governo federal com o Projeto de Lei 3860/12 é com o detalhamento em lei de temas que seriam tratados de forma melhor em normas infralegais. A proposta é de autoria do deputado Gilmar Machado (PT-MG).


Ele citou como exemplo a definição de coleta de informações datiloscópicas. O secretário afirmou que as mudanças tecnológicas podem ser mais dinâmicas e não seria adequado fixar a escolha em lei. Ele disse o mesmo com relação a quem emitiria o número único de informações.


Com relação ao pedido feito por outros palestrantes, o representante do Ministério da Justiça acredita que não seria constitucionalmente possível obrigar os Estados a aderirem ao sistema unificado. Por isso, explicou, optou-se por um sistema que prevê a adesão gradativa dos entes federados.


Fonte: Agência Câmara
Publicado em 16/10/2013

Extraído de Recivil 

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