Uso racional da água está em pauta na Comissão de Meio Ambiente

Pedro França/Agência Senado

Uso racional da água está em pauta na Comissão de Meio Ambiente

  

Da Redação | 10/01/2017, 10h47 - ATUALIZADO EM 10/01/2017, 11h46

Em meio à crise hídrica que afeta vários estados, a Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA) deve votar, no retorno das atividades parlamentares, proposta com objetivo de racionalizar o uso da água nos prédios dos órgãos da administração pública federal.

O projeto de lei da Câmara (PLC) 84/2014 determina a adoção de soluções técnicas para implantar torneiras econômicas para pias, registros para chuveiros e válvulas para mictórios acionados manualmente e com ciclo de fechamento automático ou, ainda, acionados por sensor de proximidade, nos edifícios que estejam sob a responsabilidade de órgãos públicos federais. A ideia é evitar o desperdício de água.

As torneiras instaladas deverão ter arejadores, para diminuir o fluxo, e ser de acionamento restrito para áreas externas e de serviços. Já as caixas d’água de vasos sanitários deverão ter volume máximo de fluxo de seis litros, com descarga dupla, a chamada “descarga ecológica”, por conter uma opção que derrama menos água.

Os prédios a ser construídos já deverão obedecer a esses padrões, com prazos para adaptar os projetos. Os já erguidos ou em processo de conclusão terão um ano, a partir da publicação da lei, para se ajustarem às novas regras.  Os dirigentes dos órgãos responsáveis por edifícios da administração federal que deixarem de tomar as providências para o cumprimento das novas regras poderão responder por crime contra administração ambiental (Lei 9.605/1998), cuja pena é de até três anos de detenção, além de multa.

O relator da proposta, senador Paulo Rocha (PT-PA), lembrou que a falta de água vem afetando importantes regiões metropolitanas brasileiras há alguns anos e ainda não se extinguiu. Portanto, em sua opinião, iniciativas para economizar água são bem vindas, e o exemplo partindo do próprio governo federal é ainda mais salutar.

“O que se intenta é sensibilizar as administrações municipais para a importância da otimização do uso da água, criando pelo exemplo, um efeito multiplicador a alcançar todo o território nacional”, defendeu.

Transparência

Outras propostas que aguardam votação na CMA também tratam do uso da água. O PLS 444/2015, do senador Jorge Viana (PT-AC), permite à população acesso a relatórios sobre o nível dos reservatórios de água para abastecimento público e outros dados relativos à segurança hídrica.

O senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO) é o relator da proposta, à qual é favorável. Para ele, a aprovação do texto pode garantir mais transparência e controle social à gestão dos reservatórios de água mantidos pelos prestadores de serviço de abastecimento à população. Isso permitirá que situações de escassez hídrica sejam detectadas com mais antecedência, permitindo providências em tempo hábil para as respectivas correções na gestão. A matéria é terminativa na comissão.

Remuneração

Também sob a relatoria do senador Ataídes Oliveira, o PLS 397/2014 estabelece que as empresas que investirem na melhoria da gestão dos recursos hídricos poderão pagar menos pelo uso da água superficial ou subterrânea.

Hoje, de acordo com a Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei 9.433/1997), existe a cobrança da “remuneração pelo uso de um bem público”, ou seja, a água dos rios e mananciais de onde se retira o insumo para abastecimento, irrigação ou diluição de resíduos de esgoto. O consumidor comum paga pelo serviço de distribuição da água, não por seu uso efetivo.

Segundo o que vem sendo praticado no Brasil, apenas os usuários sujeitos a outorga pagam pelo uso dos recursos hídricos, ou seja, indústrias, agricultores, concessionárias de água e energia, hotéis, entre outros empreendimentos. No caso das concessionárias de água, é facultada a escolha de repassar ou não os custos ao consumidor final. Geralmente os pequenos produtores rurais e pessoas de baixa renda ficam isentos do pagamento.

A taxa, que ainda não foi instituída em todo o Brasil, tem preço definido no âmbito dos comitês de bacia hidrográfica e os recursos arrecadados, geridos pela Agência Nacional de Águas (ANA), são necessariamente destinados à recuperação das próprias bacias em que são gerados e para o custeio dos órgãos integrantes do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos.

O projeto altera essa parte da lei para ampliar as possibilidades de destinação dos recursos arrecadados com a cobrança. Ele abre a possibilidade de que também o setor privado seja beneficiado com esse montante, com a possível de redução do valor da cobrança para as empresas que façam investimentos e ações de melhoria da qualidade e da quantidade de água e do regime fluvial. Inicialmente favorável à alteração, o senador decidiu reavaliar o texto. Quando reapresenta-lo e se os integrantes da CMA o aprovarem, a proposta segue para o Plenário.

Somente nas bacias com rios de competência da União onde a cobrança foi instituída — Paraíba do Sul; Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ); São Francisco e Rio Doce — a arrecadação com a taxa chegou a R$ 73,8 milhões em 2013.

 

Agência Senado

 

 

 

 

 

 

 

Notícias

Mais de 91 mil crianças foram registradas sem o nome do pai em 2024

LACUNA PATERNA Mais de 91 mil crianças foram registradas sem o nome do pai em 2024 22 de julho de 2024, 10h30 Para combater essa realidade, o Conselho Nacional das Defensoras e Defensores Públicos-Gerais (Condege) promove desde 2022 a campanha nacional “Meu Pai Tem Nome”, que tem como objetivo...

Contrato de namoro e o atual entendimento jurisprudencial

OPINIÃO Contrato de namoro e o atual entendimento jurisprudencial Daniel Araújo Freitas Oliveira Maria Gabriela Fernandes 18 de julho de 2024, 13h14 Apesar de um contrato atípico, ou seja, que não possui previsão expressa na legislação, verifica-se sua validade com o cumprimento dos requisitos...

Sem indução ao erro, não é possível anular registro de paternidade

segunda-feira, 15 de julho de 2024 Sem indução ao erro, não é possível anular registro de paternidade Para ser possível a anulação do registro de nascimento, um dos requisitos é a prova robusta de que o pai foi induzido a erro, ou ainda que tenha sido coagido a documentar como filho uma criança com...

Mudanças no Código Civil e criação do Direito Digital

Mudanças no Código Civil e criação do Direito Digital Izabela Rücker Curi Ao definir a licitude e a regularidade dos atos e das atividades no ambiente digital, o objetivo é fortalecer a autonomia privada, preservando a dignidade de pessoas e organizações. terça-feira, 16 de julho de 2024 Atualizado...

Pactos conjugais e convenciais e o anteprojeto de revisão do Código Civil

Pactos conjugais e convenciais e o anteprojeto de revisão do Código Civil Luciana Faisca Nahas segunda-feira, 15 de julho de 2024 Atualizado às 06:58 A ampliação da liberdade de pactuar nas relações familiares conjugais e convivenciais é uma demanda crescente no cenário jurídico e social, e é...