Venda casada: prática ilegal

Venda casada: prática ilegal que causa prejuízos morais ao vendedor que é obrigado a praticá-la

Conheça o caso de um vendedor de Manhuaçu, em Minas Gerais.

NOTÍCIAS HÁ 1 HORA
POR LUCIANA CACZAN

Embora ilegal, a venda casada é uma velha conhecida dos consumidores: a pessoa quer comprar apenas um fogão ou outro eletrodoméstico e, sem perceber a manobra do vendedor, acaba levando garantia estendida e, em alguns casos, até plano odontológico!

A venda casada é caracterizada quando a empresa condiciona a aquisição de um produto ou serviço a outro. Na maior parte das vezes, isso acontece de forma automática e em 100% dos casos o consumidor não tem necessidade do outro produto/serviço.

Proibida pelo Código de Defesa do Consumidor

Um verdadeiro desrespeito com a liberdade de escolha do consumidor, a prática é considerada abusiva e é proibida pelo artigo 39, inciso I da Lei 8.137 de 11 de setembro de 1990 do Código de Defesa do Consumidor.

A venda casada é considerada crime contra a ordem econômica e as relações de consumo e, sem comprovada, poderá ser punida com multa ou encarceramento de 2 a 5 anos.

Prática comum no Brasil

Infelizmente, a prática é comum no Brasil e praticada por empresas que atuam em todos os segmentos e por todo o país.

Enquanto algumas empresas cerceiam a liberdade de escolha do consumidor, outras, usando recursos e artifícios desonestos, incluem os serviços ou produtos na compra do consumidor sem que ele esteja ciente disso.

Nestes casos, o cliente pode – E DEVE – denunciar a prática ao PROCON, que é o órgão competente, pleiteando o ressarcimento dos valores pagos por algo que não solicitou e do qual não possui qualquer tipo de interesse.

Conduta profissional agredida

O que acontece, então, quando um vendedor se sente agredido em sua conduta profissional por ser obrigado, por seu empregador, a “empurrar” a venda casada ao consumidor?

Em Minas Gerais, a Justiça do Trabalho já está familiarizada com casos desta natureza, pois atende colaboradores que tiveram de praticar a venda casada a fim de manter seus empregos.

Em busca de danos morais, estes vendedores procuram a justiça por se sentirem ameaçados por não praticarem a venda casada. Conheça, abaixo, um desses casos:

O juiz Hitler Eustásio Machado Oliveira, titular da Vara do Trabalho da cidade de Manhuaçu (MG), recebeu um colaborador de uma rede de loja varejista bastante conhecida. Por ordem da empresa, suas vendas eram barradas quando chegavam ao caixa, caso não estivessem acompanhadas do “benefício” da garantia estendida e um seguro de vida.

De acordo com o depoimento do reclamante, ele era obrigado a oferecer tais produtos ao consumidor e, caso este se recusasse a adquiri-los, ele deveria dizer que o produto estava em falta no estoque, o que resultava na perda da venda e, consequentemente, de sua comissão.

Em outros casos, quando uma venda chegava ao caixa e não estava casada com os outros produtos e serviços, a venda era repassada a outro vendedor, cuja meta de vendas casadas determinada pela empresa já havia sido cumprida.

O juiz pode constatar, por meio de provas e testemunhas, que a empresa, além de realizar uma prática proibida, ainda estava impedindo que o reclamante recebesse pelo trabalho que ele estava realizando.

O juiz, então, reconheceu a causa do reclamante e condenou a empresa a pagar uma indenização de R$ 10 mil. A decisão foi baseada no artigo 921 do Código Civil que trata a responsabilidade civil.

Origem da Imagem/Fonte: Blog  do Exame da OAB

  

Notícias

O mercado ilegal de produtos

27/02/2011 - 10h00 ESPECIAL Decisões judiciais imprimem mais rigor contra a pirataria “Receita continua a fiscalizar comércio irregular em São Paulo.” “Polícia estoura estúdio de pirataria e apreende 40 mil CDs e DVDS.” “Quadrilha tenta pagar propina de R$ 30 mil e é desarticulada.” Todas essas...

A idade mínima para ser juiz

  Juízes, idade mínima e reflexos nas decisões Por Vladimir Passos de Freitas A idade mínima para ser juiz e os reflexos no comportamento e nas decisões é tema tratado sem maior profundidade. As Constituições de 1824 e de 1891 não fixaram idade mínima para ser juiz. Todavia, o Decreto 848,...

Quando o anticoncepcional falha

Quando o anticoncepcional falha (25.02.11) O TJ de Santa Catarina decidiu que uma indústria Germed Farmacêutica Ltda. deve continuar pagando pensão de um salário mínimo mensal - mesmo enquanto apelação não é julgada - a uma mulher da cidade de Navegantes que teria engravidado apesar de utilizar...

Credores não habilitados

Extraído de AnoregBR Concordatária tem direito ao levantamento de valores que estão depositados à disposição de credores não habilitados Sex, 25 de Fevereiro de 2011 13:53 A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que a empresa Ferragens Amadeo Scalabrin Ltda. tem direito ao...

Direito de Família

  Leis esparsas e jurisprudência geram novas tendências Por Caetano Lagrasta   O Direito de Família é atividade jurídica em constante evolução, ligada aos Costumes e que merece tratamento diferenciado por parte de seus lidadores. Baseado no Sentimento, no Afeto e no Amor, merece soluções...

É válida escuta autorizada para uma operação e utilizada também em outra

24/02/2011 - 10h16 DECISÃO É válida escuta autorizada para uma operação e utilizada também em outra Interceptações telefônicas autorizadas em diferentes operações da Polícia Federal não podem ser consideradas ilegais. Essa foi a decisão da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) ao...