Advogado nomeado deve ter mesmo prazo que Defensoria Pública para recorrer de sentença

Advogado nomeado deve ter mesmo prazo que Defensoria Pública para recorrer de sentença

28/04/2014 08h00

A 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO) decidiu, por unanimidade de votos, que o advogado nomeado pelo juízo deve ter direito ao mesmo prazo que a Defensoria Pública para apresentar recurso contra decisão. Os advogados do órgão tem prazo dobrado para recorrer em comparação aos particulares. O relator do processo foi o desembargador Luiz Cláudio Veiga Braga (foto).

O advogado Jair Antônio Lourenço foi nomeado para defender Wederson Rodrigues do Nascimento, condenado em primeira instância por roubar um celular mediante ameaça física, em um bar na cidade de Edeia. A defesa apresentou recurso, mas o Ministério Público havia alegado que o prazo já tinha expirado, pois já haviam passado cinco dias da publicação.

Contudo, o desembargador determinou que o para “advogado nomeado, pertencente à assistência judiciária, o lapso temporal deve ser computado em dobro”,  segundo artigo 798 do Código de Processo Penal e da Súmula 710 do Supremo Tribunal Federal.

A defesa de Wederson alegou que crime foi insignificante e, por isso, a pena deveria ser reduzida. No entanto, apesar de receber o recurso, o colegiado não o acatou e manteve a condenação em 1º grau. Para o desembargador, o princípio de insignificância penal não leva em consideração apenas o valor reduzido do objeto, “mas sim os fatores de menor ofensividade, ausência de periculosidade da ação e inexpressividade da lesão jurídica provocada – razão pela qual não tem aceitação no crime de roubo”.

A ementa recebeu a seguinte redação: Apelação Criminal. Crime de Roubo Circunstanciado. Sentença Condenatória. Tempestividade Recursal. Prazo em Dobro. Absolvição. Prova. Princípio Da Insignificância Penal. Desclassificação. Pena. Manutenção. I -A agilização do recurso apelatório, quando não superados 10 (dez) dias da última comunicação da resposta penal desfavorável, gozando o advogado do processado do prazo dobrado, porque nomeado para o encargo, ao amparo do art. 5º, § 5º, da Lei nº1.060/50, torna irrecusável o seu conhecimento, presente o pressuposto objetivo da tempestividade. II - É suficiente à responsabilidade pelo crime de roubo agravado pelo concurso de pessoas, art. 157, § 2ºinciso II, do Código Penal Brasileiro, a prova testemunhal revelando a prática delitiva em coautoria, agindo o processado em unidade de desígnios com um menor, juntos ameaçando a vítima, fingindo estar armado, reduzindo-lhe a capacidade de resistência, facilitando a subtração de telefone celular, sendo preso em flagrante e apreendido o “chip” do aparelho na casa do comparsa, não restando espaço ao desfecho absolutório da imputação ou de desclassificação para o crime de furto privilegiado. III - Para a incidência do princípio da insignificância penal não se leva em consideração, apenas, o reduzido valor do objeto ou a inexistência de vantagem econômica alcançada pelo delito, devendo ser observada a convergência dos vetores da menor ofensividade, ausência de periculosidade da ação, reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e inexpressividade da lesão jurídica provocada, razão pela qual não tem aceitação no crime de roubo, complexo, envolvendo dois bens juridicamente tutelados, patrimônio e integridade física. IV – Apenamento mantido. Apelo Desprovido. (Apelação Criminal nº 201290664943) (Texto: Lilian Cury – Centro de Comunicação Social do TJGO)

 

Tribuna de Justiça de Goiás
 

Notícias

STJ admite penhora de direito aquisitivo de imóvel do Minha Casa, Minha Vida

DEVE, TEM QUE PAGAR STJ admite penhora de direito aquisitivo de imóvel do Minha Casa, Minha Vida Tiago Angelo 12 de janeiro de 2025, 9h45 “Nesse contexto, como ainda não se adquiriu a propriedade plena do imóvel, eventual penhora não poderá recair sobre o direito de propriedade – que pertence ao...

Artigo 5º - Contratos de namoro: precaução ou burocracia?

Artigo 5º - Contratos de namoro: precaução ou burocracia? O Artigo 5º aborda o crescimento do uso dos contratos de namoro no Brasil, que registrou um aumento significativo em 2023. O programa traz a advogada Marcela Furst e a psicóloga Andrea Chaves para discutir os motivos que levam os casais a...

Imóvel como garantia: O que muda com a nova regulamentação do CMN?

Imóvel como garantia: O que muda com a nova regulamentação do CMN? Werner Damásio Agora é possível usar o mesmo imóvel como garantia em várias operações de crédito. A resolução CMN 5.197/24 amplia o acesso ao crédito imobiliário para pessoas físicas e jurídicas. domingo, 5 de janeiro de...

Câmara aprova marco legal das garantias de empréstimos

Projeto de lei Câmara aprova marco legal das garantias de empréstimos Projeto autoriza empresas a intermediar oferta de garantias entre cliente e instituições financeiras. Texto segue para o Senado. Da Redação quinta-feira, 2 de junho de 2022 Atualizado às 08:17 A Câmara dos Deputados aprovou nesta...

Defesa global do vulnerável: a dicotomia notarial entre civil law e common law

Opinião Defesa global do vulnerável: a dicotomia notarial entre civil law e common law Ubiratan Guimarães 26 de dezembro de 2024, 11h12 A atuação notarial é, então, fundamental para garantir o cumprimento desses princípios e a formalidade da escritura pública é crucial para assegurar que as partes...