Especialistas defendem mudanças na formação de professores para melhorar ensino
Especialistas defendem mudanças na formação de professores para melhorar ensino
Tema foi discutido em seminário internacional promovido pela Comissão de Educação e pela frente parlamentar ligada ao setor
Alternativas para melhorar a formação de professores e tornar a carreira mais atrativa foram discutidas em seminário internacional sobre o tema promovido, nesta terça-feira (6), na Câmara dos Deputados.
O presidente da Frente Parlamentar da Educação, deputado Alex Canziani (PTB-PR), lamentou os resultados deste ano do Brasil no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), que mostram uma queda de pontuação nas três áreas avaliadas: ciências, leitura e matemática. Conforme os dados divulgados hoje, o Brasil também caiu no ranking mundial e ficou na 63ª posição em ciências, na 59ª em leitura e na 66ª colocação em matemática. A prova é coordenada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e foi aplicada em 70 países.
Para Canziani, os resultados mostram a necessidade de mudanças, principalmente na formação dos professores. “Quando a gente pega o curso de pedagogia, que está entre os menos concorridos, sem dúvida alguma a falta de atratividade da carreira e o baixo salário têm um papel importante nisso”, afirmou. “Precisamos estar em alerta para o tipo de profissional que devemos ter para vencermos os desafios do século XXI."
Prática
Secretário de Educação Básica do Ministério da Educação, Rossieli Soares da Silva, informou que o MEC está atento às universidades particulares, responsáveis pela formação de mais de 80% dos professores do País.
"Há, muitas vezes, uma distância muito grande entre o que o professor aprende na faculdade e o que ele vai realmente poder usar na sala de aula. A gente precisa trazer a prática para a formação do docente, que isso seja um norte”, apontou.
Jovens
Presidente do Conselho Nacional de Educação, Eduardo Deschamps destacou a importância de atrair a atenção dos jovens para vida docente. “É necessário criar uma espécie de carreira inicial, fazer com que o estudante se sinta desde o ensino médio interessado em dar aula”, sugeriu.
Deschamps também citou a grande evasão nos cursos de licenciatura como entrave a ser vencido. “Não dá mais para imaginar que um simples concurso de ingresso na carreira ou no quadro docente das secretarias estaduais e municipais seja suficiente para a gente poder suprir o mercado. Teremos de criar mecanismos novos, de valorização desse profissional”, argumentou.
Didática
Presidente-executiva do Movimento "Todos pela Educação", Priscila Cruz propôs que a reforma do ensino médio inclua, entre as áreas temáticas que serão oferecidas aos alunos, a formação em educação como meio de incentivar o interesse dos jovens pelos cursos de licenciatura.
Ela ressaltou ainda que faltam especialistas em didática no Brasil e pediu mais incentivos a pesquisas, especialmente na área de alfabetização.
Edição – Marcelo Oliveira
Brasil precisa de escolas conectadas para melhorar qualidade da educação, dizem especialistas
Dados apresentados em audiência mostram que acesso é concentrado nas áreas urbanas do Sul e Sudeste
O Brasil precisa garantir o acesso das escolas à internet como forma de melhorar a educação e dar igualdade de oportunidades a todos os estudantes. A opinião foi unânime entre os participantes de audiência pública da Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara, nesta terça-feira (6).
A audiência foi solicitada pelo deputado JHC para debater projeto (PL 4851/16), que trata da avaliação e monitoramento das políticas públicas destinadas à ampliação do acesso à internet, entre elas o Plano Nacional de Banda Larga. O deputado é relator do projeto na comissão.
Américo Bernardes, do Departamento de Inclusão Digital da Secretaria de Telecomunicações do Ministério da Ciência e Tecnologia, afirmou que, apesar de haver muitas escolas conectadas, a velocidade é baixa.
A meta do governo é atingir os 30 milhões de alunos matriculados nas escolas públicas no ensino fundamental e médio até o ano de 2021, mas o País está longe dos números ideais.
Concentração
O representante do Comitê Gestor da Internet no Brasil, Fábio Senne, apresentou dados de pesquisa realizada em 2015 que apontou que apenas 51% dos domicílios possuem alguma forma de acesso à rede.
O problema é que o acesso está concentrado nas áreas urbanas do Sul e Sudeste. A situação é pior nas regiões Norte e Nordeste e em áreas mais pobres, como explicou Senne. O fato mais preocupante é que 3, 6 milhões de jovens jamais acessaram a internet.
"Na área rural, só temos 22% dos domicílios com alguma conexão, que pode ser, inclusive, um celular. Não estamos necessariamente falando de internet fixa aqui. Então, há um desafio de inclusão muito grande, especialmente nessa área. E se olharmos a diferença das classes D e E para a classe A, também temos uma diferença abissal”, informou.
Desigualdades
A diretora-presidente do Centro de Inovação para a Educação Brasileira (Cieb), Lúcia Dellagnelo, afirmou que não faz mais sentido pensar em uma política única sem levar em conta as diferenças em infraestrutura em estados e municípios.
Segundo ela, esse é o momento ideal para implementar uma política mais ampla do uso de tecnologia na educação. "Estados e municípios querem ter um papel proativo no desenho dessa nova política nacional”.
Para a diretora-executiva do Instituto Inspirare, Anna Penido, é fundamental garantir a qualidade do ensino, a contemporaneidade e a equidade, ou seja, garantir a igualdade de oportunidades para todos os estudantes.
O diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio, Ronaldo Lemos, disse que a falta de acesso a tecnologias se reflete em casos como o péssimo resultado do Brasil na prova Pisa, que avalia os conhecimentos de alunos de vários países em matemática, leitura e ciências.
Política de Estado
O deputado Vitor Lippi (PSDB-SP) também concordou que o acesso à internet nas escolas tem que ser feito por meio de uma política de Estado, articulada com estados e municípios.
“Quando não conseguimos levar essa tecnologia para as escolas, e a escola também, infelizmente, não tem conseguido dar a qualidade no ensino que nós esperamos, acho que nosso futuro está complicado".
Lippi cobrou ainda a capacitação de professores dentro de um método de ensino ligado à tecnologia e que seja capaz de motivar os alunos.