Deputados querem melhorar projeto sobre adoção de crianças vítimas de agressões

Alex Ferreira / Câmara dos Deputados
20/02/2017 - 16h14

Deputados querem melhorar projeto sobre adoção de crianças vítimas de agressões

Embora o Plenário tenha aprovado a urgência para o projeto (PL 5850/16) que facilita a retirada de crianças e adolescentes de famílias onde estejam sofrendo agressões, o texto ainda deverá ser negociado entre os deputados para ser votado.

 
Alex Ferreira / Câmara dos Deputados
Ordem do dia para análise, discussão e votação de diversos projetos. Líder do PSOL, dep. Glauber Braga (RJ)
Glauber Braga: projeto prioriza crianças de até cinco anos; criança com sete anos tem ainda mais dificuldade de passar por um processo de adoção

É que o projeto original afirma que o processo poderia ser acelerado para crianças em que haja a "suspeita" de que estariam sendo agredidas ou de que não estariam recebendo os cuidados necessários quanto ao sustento, guarda ou educação.

A ideia do autor do projeto que altera o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), deputado Augusto Coutinho (SD-PE), é evitar que as crianças passem por abusos durante muito tempo e acabem sendo encaminhadas para a adoção em uma idade mais avançada, sendo que os interessados em adotar geralmente preferem crianças mais novas.

Prioridade
Mas alguns deputados como o deputado Glauber Braga (Psol-RJ) querem negociar o texto. Além da questão da "suspeita" de maus tratos, Glauber cita a prioridade que é dada para crianças de até cinco anos
.

 
Antonio Augusto / Câmara dos Deputados
Reunião Ordinária. Dep. Augusto Coutinho (SD-PE)
Augusto Coutinho, autor do projeto, disse que vai negociar as mudanças no texto

"É que ela prioriza para a adoção crianças de até cinco anos de idade. Então a criança que tem sete anos e que tem mais dificuldade ainda de passar por um processo de adoção teria uma dificuldade ainda maior”, observa o parlamentar.

“E a segunda questão é que é criado, para a diminuição do tempo de avaliação do Ministério Público, uma regra que nos parece perigosa, que diz: a suposição ou a suspeita de que tenha acontecido um caso deste ou daquele molde pode acarretar a diminuição dos prazos", acrescenta Glauber Braga.

Poder familiar
Pelo texto, o Ministério Público teria dez dias para pedir ao juiz a destituição do poder familiar nos casos de maus tratos e de crianças pequenas. Hoje a lei fala em 30 dias. Nesta hipótese, não seriam necessários estudos complementares.

A partir daí, a Justiça tentaria fazer contato com a família por três vezes para iniciar o processo. Caso o contato não aconteça e a criança tiver menos de cinco anos, a citação poderia ser feita por edital.

O deputado Augusto Coutinho disse que vai negociar as mudanças: "Pode dar margem, como tem no texto original, a que possa se cometer um excesso, uma injustiça. Essa "suspeita", a gente vai tirar e ficar com a efetivação desta agressão física ou moral da criança".

Facilitar adoção
Clarice de Oliveira, do Ministério da Justiça, disse que o governo deve encaminhar para o Congresso um projeto que também altera o ECA para facilitar a adoção. Segundo ela, existem 38 mil interessados em adotar e apenas 7 mil crianças. Mas 60% delas têm mais de 12 anos e acabam não sendo escolhidas.

"A nossa proposta é de que este prazo do estágio de convivência seja de três a seis meses e depois desse período se decide se vai concluir o processo de adoção ou não. E, para a conclusão do processo de adoção, se propõe um prazo de quatro a oito meses. Hoje não existe e, por isso, temos ações que se prolongam por quatro anos, sete anos."

Se as famílias brasileiras não se habilitarem, a ideia é facilitar a adoção internacional, já que os estrangeiros, segundo Clarice, preferem crianças mais velhas. O projeto também vai detalhar melhor a entrega voluntária para a adoção, estabelecendo pontos como atendimento psicológico e confirmação judicial.

Dia da adoção
O deputado Augusto Coutinho quer que a proposta com novas regras para adoção seja aprovada até o mês de maio, quando é comemorado o Dia Nacional da Adoção, no dia 25.

Reportagem – Sílvia Mugnatto
Edição – Newton Araújo
Agência Câmara Notícias
 
 

 

Notícias

Quase 11 mil brasileiros mudaram nome em cartório após permissão

Quase 11 mil brasileiros mudaram nome em cartório após permissão História por BRUNO LUCCA • 15h São Paulo é o estado recordista em retificações desde implementação da norma, 2.639 manifestações. Aparecem na sequência Minas Gerais (1.230), Paraná (957), Bahia (851) e Ceará (338). Agosto de 2022 foi...

Pai deverá indenizar filha por abandono afetivo

Pai deverá indenizar filha por abandono afetivo Justiça reconheceu que jovem foi privada de convívio e atenção 08/08/2023 12h33 - Atualizado em 08/08/2023 12h41 Uma jovem deverá ser indenizada em R$ 30 mil pelo pai em decorrência do abandono afetivo ao longo da vida. A decisão, de 4/8, é do juiz...

Mero envio da notificação basta para constituir devedor em mora, fixa STJ

REQUISITO FÁCIL Mero envio da notificação basta para constituir devedor em mora, fixa STJ 10 de agosto de 2023, 8h47 Por Danilo Vital Essa foi a tese fixada por maioria de votos pela 2ª Seção do Superior Tribunal de Justiça, que nesta quarta-feira (9/8) julgou o tema em recursos...

Justiça garante registro de dupla maternidade antes do nascimento da criança

Justiça garante registro de dupla maternidade antes do nascimento da criança 06/07/2023 Fonte: Assessoria de Comunicação do IBDFAM Duas mulheres que realizaram uma inseminação caseira, que resultou em gravidez, obtiveram na Justiça o direito de registrar a dupla maternidade tão logo a criança...